Ainda em comemoração ao Dia Internacional da Mulher foi apresentado no Teatro Castro Alves, quinta e sexta feira o espetáculo Elas por Elas, com lotação esgotada. Aliás, enquanto fazia parte de uma espera inutil para compra de ingressos, conversei com uma jovem que também fazia papel de otária, na fila, como os ingressos do Teatro Castro Alves se esgotam com impressionante rapidez, seja para qualquer evento. Eles, os ingressos, só não se esgotam nas mãos dos cambistas que acintosamente lhe abordam, ao deixar a bilheteria com as mãos abanando, sem qualquer desfaçatez.
Como aconteceu ontem, pois tinha muito interesse em assistir o show que reuniu a nova e a já estabelecida geração da música baiana e brasileira como Juliana Ribeiro, Márica Castro, Rebeca da Matta, Jussara Silveira e Rosa Passos. Independente de ser uma artista internacional, se apresentando mais fora do país que por aqui mesmo, Rosa Passos mais uma vez mostrou porque é chamada de "João Gilberto de saia", em que pese ser uma bobagem, já que ela é mais que isso. Ela nos presenteou e deu uma aula, sem qualquer pedantismo ou afetação, de interpretação para os jovens interpretes, com total controle, domínio da música sobre o seu violão contido, mas eficiente. Adiantar ou retardar a frase melódica, sem comprometimento do balanço, do ritmo é tarefa para bambas, assim como foi ou é para João, Elis, Leny Andrade, Emílio Santiago, por aí.
Já está, ou passou, a hora do Brasil conhecer Rebeca da Matta, principalmente os mais jovens e prestar mais atenção a estes talentos que não conseguem romper a ditadura do axé, sem deixar a cidade, migrando para centros que lhes dê a visibilidade merecida. Ontem Rebeca pegou uma música de Suely Costa, sucesso de Fafá de Belém, a bonita e poética Dentro de mim mora um anjo e ornou a canção com guitarras e ruídos eletrônicos num resultado estranho, moderno e admirável. Parabéns, sempre, às mulheres, por todos os dias, por todos, os sons, por todas as músicas.
Foto: Rebeca da Matta
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