O brasileiro não lê poesias, aliás, pensando
bem não lê nada. Se antes da chegada da internet era esparso o número daqueles
que se dedicavam a literatuta, depois da rede é que coisa foi de vez pro brejo,
como a própria rede é espelho da indigência cultural e gramatical dos que armam
suas tendas por lá. Em que pese crítico em se tratando de poesia, também sou
reu confesso quanto à baixa frequência com que lido e leio os versos.
Execetuando
os poetas tradicionais de nossa literatura, até mesmo com o meu poeta
preferido, o Mário Quintana, que
visito em condições não rotineiras, não me aventuro à leitura de novos poetas,
salvo aqueles que chegam ao meu conhecimento por alguma premiação conquistada
ou fruto de entrevistas e indicação quanto ao talento de tal e qual poeta.
Assim aconteceu ao assistir o Estúdio Móvel, esta
semana, apresentado pela jovem e simpática Liliane
Reis, entrevistando a também jovem Bruna
Beber, poeta carioca com cinco livros já lançados e, premiada em vários concursos
literários, com participação na FLIP do ano passado. Chama atenção em Bruna a
sua jovialidade e a espontaneidade, a sem cerimônia, para dizer versos
aparentemente banais, fruto de suas observações do cotidiano e de sua vivência
familiar, cheios de simplicidade, como nem sempre a poesia costuma se apresentar.
A poesia de Bruna existe com a força
de não querer ser poesia; mas, é.
Súbtito barra óbito
Bruna Beber
meu amor perdeu
os dentes da frente
não pode mais
assobiar
seu próprio uivo
meu amor perdeu
todos os dentes
não pode mastigar
os cacos
de vidro da dor.
Foto: Bruna Beber
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