sexta-feira, 21 de março de 2014

Versos em busca do leitor.

O brasileiro não lê poesias, aliás, pensando bem não lê nada. Se antes da chegada da internet era esparso o número daqueles que se dedicavam a literatuta, depois da rede é que coisa foi de vez pro brejo, como a própria rede é espelho da indigência cultural e gramatical dos que armam suas tendas por lá. Em que pese crítico em se tratando de poesia, também sou reu confesso quanto à baixa frequência com que lido e leio os versos. 

Execetuando os poetas tradicionais de nossa literatura, até mesmo com o meu poeta preferido, o Mário Quintana, que visito em condições não rotineiras, não me aventuro à leitura de novos poetas, salvo aqueles que chegam ao meu conhecimento por alguma premiação conquistada ou fruto de entrevistas e indicação quanto ao talento de tal e qual poeta.

Assim aconteceu ao assistir o Estúdio Móvel, esta semana, apresentado pela jovem e simpática Liliane Reis, entrevistando a também jovem Bruna Beber, poeta carioca com cinco livros já lançados e, premiada em vários concursos literários, com participação na FLIP do ano passado. Chama atenção em Bruna a sua jovialidade e a espontaneidade, a sem cerimônia, para dizer versos aparentemente banais, fruto de suas observações do cotidiano e de sua vivência familiar, cheios de simplicidade, como nem sempre a poesia costuma se apresentar. A poesia de Bruna existe com a força de não querer ser poesia; mas, é.

Súbtito barra óbito
                                                                  Bruna Beber

meu amor perdeu
os dentes da frente
não pode mais assobiar
seu próprio uivo

meu amor perdeu
todos os dentes
não pode mastigar os cacos
de vidro da dor.


Foto: Bruna Beber

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