Após terem feito a m(*) que fizeram ao país, os militares entregaram o poder aos civis através de uma eleição indireta em um colégio eleitoral formado em grande parte por antas que sobreviveram e ainda hoje nos envergonham com seus mandatos imerecidos. Paralela a esta bondade fardada extraída a fórceps por muitos brasileiros democratas, tramitava no Congresso um projeto do deputado Dante de Oliveira, do Mato Grosso, que estabelecia já para aquele ano as eleições diretas para presidente, governador, prefeito etc, enfim eleições livres e diretas.
O projeto se tornou no movimento pelas “Diretas
Já” que incendiou o país numa demonstração cívica inesquecível, com concentrações
monumentais nas maiores cidades do país, como as ocorridas na Praça da Sé em São Paulo, Candelária no Rio
e na Praça Castro Alves aqui em Salvador, onde estive emocionado e
crédulo ante oradores e nacionalistas magistrais como Waldir
Pires, Ulisses Guimarães, Lula, Leonel Brizola entre outros. Um indicativo
deste fervor cívico era expresso pelo uso de camisas amarelas como quem veste a
camisa da seleção brasileira.
Ontem, ao chegar em Salvador peguei um ônibus para casa, no Politeama, e tive a sensação de estar em uma excursão para Fortaleza, mais precisamente para o Castelão, onde como torcedor da seleção
vibraria como mais uma vitória brasileira. Creio que entre todos os passageiros
daquele ônibus deveria ser o único, ou um dos únicos, que não trajava uma blusa
amarela, pelo contrário, ostentava um blusão preto feito um “black bloc” ancião
que perdeu o bonde da história ou sem alvo preciso em que vidraça mirar. Deslocado,
mas amarelo também.
Lembrei do samba de Chico,
a amarela Pelas tabelas que fazia
referência ao movimento das “diretas já” e dizia “quando vi todo mundo na rua de blusa amarela, eu jurei que era ela que
vinha chegando” .
Foto: Torcida brasileira
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