sexta-feira, 25 de julho de 2014

Escatológico

Vez por outra aparece um cientista aloprado cujo invento, descoberta, sucumbe ante o espalhafato da noticia, do espanto com que é recebido pela sociedade que ele pensa, ingenuamente, contribuir para o seu crescimento, sua preservação. Assim, entre o riso e a surpresa recebi a informação de que as flatulências humanas podem servir na prevenção do câncer, na quebra da cadeia de sua propagação, quem sabe até hereditária como muitos supõem ser o aparecimento da doença. 

O cara pode ter lá suas razões cientificas para a divulgação dos estudos, mas é muito cedo, prematuro mesmo, sair por aí, incendiando elevadores, repartições, filas de bancos, espera de atendimento no INSS em nome da ciência, da boa causa que é contenção da doença. Se as flatulências, os peidos são prenúncios do que o organismo tem a expelir, fico a imaginar a exposição na própria m(*), como os pardais que saem à cata dos cavalos para se aquecerem nos seus estrumes, ou como a nossa vizinha, na Praça Getúlio Vargas, a mãe da Professora Olga Lapa que ficou literalmente atolada na m(*) e que poderia ter adquirido a longevidade, por este desconforto, este sacrifício.

O primitivismo do sanitário até metade do século passado era representado por um fosso nos fundos dos quintais, coberto com madeira em uma construção rude em que as pessoas satisfaziam suas necessidades fisiológicas, distante daquilo que era a própria casa, a residência familiar, mas popularmente conhecida como latrina ou sentina

As tábuas da latrina da casa da Professora Olga Lapa não suportaram os mais de 120 quilos de sua mãe e romperam, deixando a velha apenas com os ombros à mostra, ladeada por um imenso mar de excrementos humanos. Os manos que ajudaram na remoção de velha, através de grossas cordas presas em seus braços, falavam não da obviedade do odor fétido que se espalhou por todo o quintal, mas no banho a que ela foi submetida em que várias barras de sabão massa e litros de creolina foram consumidos no asseio e desinfecção da área. A expressão de que algo ou alguém está na m(*) não se aproxima nem de leve do fato em sua literalidade. A água lava tudo... 

Foto: Latrina

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