Foi lançado um disco póstumo de Clara Nunes, em que vários artistas
fazem duetos com ela, intitulado Clara
com vida. Póstumo sim, mas não como tem sido praxe nas gravadoras que com o
desaparecimento de determinado artista, pega sobra de gravações em estúdio que
não fizeram parte do disco oficial de carreira e, lança como novidade mercadológica.
No caso de Clara o processo foi
inverso. Pegou-se gravações de sucesso realizadas por ela durante sua carreira
em vida e, claro, parte de sua discografia, em que o artista convidado põe a
sua voz em uma faixa já gravada por ela, mantendo- se a integridade da faixa,
arranjos etc, estabelecendo um dueto que não existiu em termos físico. O
resultado é excelente para quem conhece, ou não, a trajetória de Clara na música brasileira, seus discos ficará, por certo, impressionado com a perfeição conseguida
nestes duetos em algumas faixas.
Conhecia a gravação de Clara e Ângela Maria para
a composição À Flor da Pele e a dramaticidade
dos versos de Paulo César Pinheiro como
“ando já com meus nervos a flor da pele já morfina/tenho olheiras fundas e
pavor de álcool e nicotina/minhas noites durmo com pavor/a base de aspirina”,
num resultado bonito. Agora com disco por inteiro, conseguido no mercado
informal, posso apreciar o que pode fazer a tecnologia de estúdio de gravação,
reunindo vozes que não foram possíveis em vida, com resultado comoventes, como
são Clara e Chico em Morena de Angola,
Clara e Gil, em Ijexá e Coração Leviano com Paulinho da Viola. Um disco que faz jus
a grande artista que foi e continua sendo Clara Nunes.
Foto: Clara Nunes
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