quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Atrás do cheirinho da loló

Naqueles anos 70 não havia como “fazer a cabeça”, parado em algum lugar da avenida ou em um quarto de seus inúmeros pensionatos, sobe pena de correr o risco de perder a passagem de seu bloco e dos trios que circulavam do Campo Grande à Praça da Sé, seguindo a trilha do Carnaval

Tudo tinha que ser rápido como se foge e, o barato tinha que vir do sol do verão, da cerveja quente ou do “cheirinho da loló”, já que o “baseado” em plena luz do meio dia, por mais libertários que fossem aqueles dias, apesar dos “omi”, era uma exposição em demasia.

O “cheirinho da loló” era uma mistura de éter, clorofórmio, acetona ou sabe-se lá o quê, uma espécie de lança perfume de quintal, com que se encharcava um lenço colocado sob a “mortalha”, na manga ou no peitoral da própria e sair fungando do jeito que desse, sem perder o passo do frevo ou da companheira. Frevo que, aliás, Moraes Moreira, já em carreira solo, eternizou em Pessoal do aló em que sentenciava “chilique do cacique/no ponto chique/atrás do cheirinho da loló”.

Pois é, a crise trouxe de volta a loló, de acordo com informação na coluna de Anselmo Gois, que em virtude da falta de dinheiro na praça, e os preços do “crack”, cocaína entre drogas, fizeram com que esta mistura de éter com qualquer coisa entrasse de novo em cena, é verdade que sem o glamour e a inocência (?) daqueles loucos anos 70. São outros tempos, "tempos de silêncio e solidão".

Foto: Pessoal

Nenhum comentário:

Postar um comentário