Naqueles anos 70 não havia como “fazer a cabeça”, parado em algum lugar da
avenida ou em um quarto de seus inúmeros pensionatos, sobe pena de correr o risco
de perder a passagem de seu bloco e dos trios que circulavam do Campo Grande à Praça da Sé, seguindo a trilha do Carnaval.
Tudo tinha que ser rápido como se foge e, o barato tinha
que vir do sol do verão, da cerveja quente ou do “cheirinho da loló”, já que o “baseado”
em plena luz do meio dia, por mais libertários que fossem aqueles dias, apesar
dos “omi”, era uma exposição em demasia.
O “cheirinho da loló” era uma mistura de éter, clorofórmio, acetona ou sabe-se lá o quê, uma espécie de lança perfume de quintal, com que
se encharcava um lenço colocado sob a “mortalha”, na manga ou no peitoral da própria
e sair fungando do jeito que desse, sem perder o passo do frevo ou da
companheira. Frevo que, aliás, Moraes Moreira,
já em carreira solo, eternizou em Pessoal
do aló em que sentenciava “chilique do cacique/no ponto chique/atrás do
cheirinho da loló”.
Pois é, a crise trouxe de volta a loló, de acordo com informação na coluna
de Anselmo Gois, que em virtude da
falta de dinheiro na praça, e os preços do “crack”, cocaína entre drogas,
fizeram com que esta mistura de éter com qualquer coisa entrasse de novo em cena,
é verdade que sem o glamour e a inocência (?) daqueles loucos anos 70. São
outros tempos, "tempos de silêncio e solidão".
Foto: Pessoal
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