Surpresa
com os maus modos e o destempero do sambista Roque Ferreira, a cantora
Zélia Duncan divulgou o texto abaixo onde coloca o sambista baiano em
seu lugar e, esclarece a sua posição diante do samba que ele se imagina guardião e dono do
ritmo:
"Tenho muita admiração por Roque, nesse
aspecto sempre fui Roqueira. Fui num show seu há anos, falei com ele ao final,
emocionada. Levei pro meu trabalho com Simone um de seus sambas, que gravamos
sem sua oposição. Depois ele me enviou um cassete pra virarmos parceiros,
talvez ele não lembre, nos falamos ao telefone com carinho recíproco.
Quando
estreei como roteirista do Prêmio, o texto que fiz sobre ele era muito
reverente. Me entristece o que está havendo, pois rótulo é coisa de gente que
pensa pequeno, é fundamentalismo musical. Me chamar de roqueira me orgulha, mas
não me traduz.
Conheço bem o trabalho de Roque, mas ele não me conhece. Sou
filha de baiano, sempre amei o samba. Já cantei com Martinho, Beth, Fundo de
Quintal, Ana Costa, Arlindo Cruz, Paulinho da Viola… sou parceira de vários
deles. Sou uma intérprete e canto o que eu quiser, liberdade conquistada com
muito suor.
Me chamar de "oportunista" mostra um ressentimento que
não condiz com a poesia de sua obra. Uma decepção imensa. E o mais irônico de
tudo, é que não me chamo Roque, me chamo Zélia!"
Foto: Zélia Duncan
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