Conta um amigo nosso que prestou
serviço no Museu da Cidade, no Largo do Pelourinho que, certa vez, um Preto Véio que ficava em um canto da
sala no segundo andar, apareceu no outro dia, misteriosamente, no andar de
baixo, sem que houvesse qualquer mudança na disposição dos objetos, promovida
pela direção da casa. Ele num gesto invulgar, para a sua capacidade de
enfrentar perigo ou fugir deles, se atracou ao Preto Véio para fazê-lo retornar ao seu lugar de origem. Qual o
quê!
As reproduções dos orixás e entidades eram leves estruturas de compensado e
papel, cujo peso se existisse vinham dos adereços e roupas, porém nada que não
pudessem ser facilmente removidos de um lado para o outro. O Preto Véio, no entanto, se transfigurou
numa força medonha e um peso descomunal que nada de puxão, solavancos,
empurrões abalavam sua firme convicção de que seu lugar era alí.
E assim foi
feito e nosso amigo resolveu não se indispor com o Preto Véio, mesmo que a direção do Museu viesse estranhar esta nova paginação da sala onde se
encontrava a entidade, e assim fosse repreendido.
Pelo sim, pelo não, nunca mais entrei
no Museu da Cidade, prefiro admirar
a sua construção e imaginar as relíquias culturais ali guardadas, do que me
arriscar a tomar um tombo de uma pomba gira desgovernada. “No creo en brujas,
pero que las hay, las hay”.
Foto: Preto Véio
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