O cortejo do 2 de julho sempre serviu de palanque para políticos em ano eleitoral,
ou não, testar a sua popularidade. Alguns são aplaudidos, outros vaiados e
outros temendo a ausência de apupos ou aplausos contratam sua própria claque
pra zoar cornetas e bater o bumbo antes e durante a sua passagem.
É certo que não foi ACM, o “velhote inimigo que morreu ontem” que institucionalizou a
prática, mas deu a ela uma conotação de espetáculo dentro do espetáculo que é o
próprio desfile cívico-popular, que virou palanque pra qualquer Isidório da vida política, aferir o seu
nome como candidato a qualquer coisa. E com eles vierem os protestos, até
porque como irmãos siameses esperam respostas de promessas jamais cumpridas.
Ontem por exemplo, se protestou contra tudo e
todos. Protestaram médicos motoristas e cobradores de ônibus, mulheres violentadas,
moto-taxistas, funcionários do SUS e
Fora Temer! Professores da UFBA e Universidades estaduais, gays,
lésbicas e simpatizantes, concursados esperando chamado e Fora temer! Aposentados, pacientes do INSS, funcionários dos Correios,
da Cesta do Povo, moradores do IAPI, Mata Escura e Pero Vaz e Fora Temer!
E com os protestos vierem os cartazes e bordões,
entre os quais um deles me chamou atenção: “se
cuida imperialista/A América Latina vai
ser toda comunista”, de um grupo que pregava a rebelião popular, com o
povo no poder, essas utopias. O espanto meu, veio da dúvida, quase certeza, que
entre aqueles protestantes a maioria deles era incapaz de explicitar o que
fosse imperialismo, muito menos comunismo. Mas também havia muito bom humor, como
um cartaz com a frase que dá titulo ao post: “Que salário é esse, papai?
Foto: Cortejo do 2 de Julho
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