quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Samba lamê


O cantor e compositor Benito de Paula, quando surgiu nos anos 80 trazia a tiracolo o seu piano de cauda, ao invés de violão, reco-reco, cuíca e pandeiro para quem se apresentava como sambista. Mas a estranheza não ficava por ai. Como se não bastasse o piano no samba, o cantor chamava atenção pelos seus ternos de cores berrantes e justos, brincos, cabelos longos como se tivesse incorporando Liberace, um alegórico pianista americano, tão espalhafatoso quanto sua música.

A crítica logo tratou de classificar a sua música de “sambão jóia”, caldeirão que também viria abrigar Agepê, Luis Américo, as duplas baianas, Antonio Carlos e Jocafi, Tom e Dito e mais. Tudo muito chato e previsível.

Mas a revitalização do samba viria através das apresentações de jovens cantores e compositores nos bares da Lapa, no Rio, com a revelação de grupos como o Casuarina, Grupo Semente, Teresa Cristina, Pedro Miranda, trazendo o prazer renovado de voltar a ouvir samba de qualidade e bela sonoridade. 

A isso se deve também a aproximação de Marisa Monte com a velha Guarda da Portela, pelas mãos de Paulinho da Viola, que despertou o interesse pelo samba em jovens cantoras, que não são propriamente sambistas, como Roberta Sá, Mariana Aydar, Fabiana Cozza, Céu e outras mais. Era o samba pedindo passagem.

Foto: Benito de Paula

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