O cantor e compositor Benito de Paula,
quando surgiu nos anos 80 trazia a
tiracolo o seu piano de cauda, ao invés de violão, reco-reco, cuíca e pandeiro
para quem se apresentava como sambista. Mas a estranheza não ficava por ai.
Como se não bastasse o piano no samba, o cantor chamava atenção pelos seus
ternos de cores berrantes e justos, brincos, cabelos longos como se tivesse
incorporando Liberace,
um alegórico pianista americano, tão espalhafatoso quanto sua música.
A crítica logo tratou de classificar a sua
música de “sambão
jóia”, caldeirão que também viria abrigar Agepê, Luis Américo,
as duplas baianas, Antonio
Carlos e Jocafi, Tom e Dito e mais. Tudo muito chato e previsível.
Mas a revitalização do samba viria através das
apresentações de jovens cantores e compositores nos bares da Lapa, no Rio, com a
revelação de grupos como o Casuarina, Grupo
Semente, Teresa Cristina, Pedro Miranda, trazendo o prazer renovado de
voltar a ouvir samba de qualidade e bela sonoridade.
A isso se deve também a aproximação de Marisa Monte com
a velha Guarda da
Portela, pelas mãos de Paulinho da Viola,
que despertou o interesse pelo samba em jovens cantoras, que não são
propriamente sambistas, como Roberta Sá, Mariana
Aydar, Fabiana Cozza, Céu e outras mais. Era o samba pedindo passagem.
Foto: Benito de Paula
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