segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Façam a festa por mim!

Politicamente, prá mim, o grande feito do ano foi a vitória do “40”, Ivan e Dr. Jorge, na “cidade alegre”. Que mensalão que nada! Ali, foi a curtição otária de um país melhor, contrariando a nossa esculhambação geral, que prevaleceu e reinará. Não será o PT que pagará a conta, até porque foi e é único partido político que poderia e poderá honrar este nome mesmo com alguns vacilos na trajetória. Não será o senador Álvaro Dias que fará “caras e bocas” sobre o nosso caixão. Se houver caixão.

Recebi a vitória de Ivan, na fila da Escola de Teatro, enquanto aguardava acesso as suas dependências parta assistir a peça de um grupo paulista, em passagem pela cidade. Alegria, alegria.

A posse e seu “piseiro” estavam em meus planos, só que a família tinha outros planos e prevaleceu. Estou na cidade para, em frente ao mar, visualizar a queima de fogos e nos abraçarmos, familiarmente, entre amigos, brindando a chegada de 2013.

Foto: Pousada Capim Guiné.

Ano Novo, Prefeito Novo, Cidade Nova(?)

A julgar pelo Correio e pelos noticiários da TV Bahia veículos de comunicação da família do notório Antonio Carlos Magalhães, da qual o novo prefeito é Neto, Salvador a partir de amanhã deixará o inferno para ascender ao nirvana.

Nunca mais lixo, engarrafamentos, transporte coletivo aos pedaços, calçadas esburacadas, camelôs por toda parte, praças e jardins abandonados, mendigos pelas calçadas, pedintes tomando banho em fontes luminosas, o caos. Tudo isto será empurrado para debaixo do tapete, ou de várias lonas de circo, ou creditado a incrível e desmedida irresponsabilidade do atual prefeito.

A isenção nunca foi o ponto de apoio daqueles veículos midiáticos, que na campanha para prefeito usou e abusou de imagens vergonhosas para qualquer administrador público e que poderiam ser utilizadas por qualquer candidato, justiça se lhe faça. O objetivo era desqualificar a atual administração e, qualquer nome seria possível para restabelecer a ordem e linha perdidas, em especial o candidato e sócio do Correio e da TV Bahia, que terminou se elegendo.

Vida de Artista - Setembro 2001 - II


Recuperei a foto utilizada na propaganda que fiz para o Jardim da Saudade e a peça propriamente dita que foi veiculada em diversas mídias, não incluída na postagem feita este mês, Vida de Artista – Setembro 2001.

A jovem paulista Márcia que protagonizou comigo a cena da peça era à época proprietária de uma academia de ginástica na Pituba, de quem nunca mais soube noticias.

Fotos: Pessoais

domingo, 30 de dezembro de 2012

Quem vai ficar no gol?

Talvez pelas inaugurações do Castelão e Mineirão, rever a Arena Fonte Nova mais de um mês depois ficou a sensação de estar diante do nosso baianíssimo caranguejo, andou prá trás. Os dados oficiais que indicam 85% da obra concluída não parecem reais, a não ser que o acabamento interno, sanitários, vestiários, lanchonetes, restaurantes, camarotes, administração a parte não visível da Arena esteja de fato quase pronta. O exterior tem muito a ser feito, sem falar nas obras do entorno do estádio, mais precisamente estacionamentos e acesso, um dos pontos de estrangulamento desde a antiga Fonte Nova.

A partir dos estádios já inaugurados, mas ainda sem condições de uso, observa-se a qualidade das instalações e cuja manutenção irá implicar em custos bastante altos, que fatalmente refletirá no preço dos ingressos. O Barcelona de Itinga, como de hábito, até por não possuir um estádio, um campo de futebol, já se apropriou de mais uma obra pública através de um contrato para fazer da Arena Fonte Nova, o seu mando de campo nas partidas locais, regionais e nacionais.

Temo pela conservação das dependências do novo estádio sujeito ao vandalismo de maloqueiros de torcidas organizadas, tipo a Bamor, mais um caso de policia que propriamente de aficionados pelo futebol.

Foto: Castelão - Fortaleza-CE

sábado, 29 de dezembro de 2012

Istmos, penínsulas, foz..

Não tenho saudades de mim, ou daquilo que fui e que posso lembrar com os olhos de agora e que me faz meio patético, meio palhaço, buscar o equilíbrio entre o ridículo e o ancião de agora. Tudo isto para entender o que as nossas mestras, queridas professoras, que jamais entenderiam ou que sequer viriam a conhecer o mar, nos fazer decorar o que é “istmo”, o que é “península”.

Sertanejos como nós, estes acidentes geográficos pouco ou nada nos dizem. Sabemos de açudes, aguadas, trincheiras, pontes, tanques. Na altura de nossa ignorância marítima, que talvez tenha nos deixado de fora da universidade por não sabermos de istmos e penínsulas, mas aqui prá nós, tá certo mesmo, desconhecer um istmo, como é que pode.

Hoje, pela manhã, do mirante do Elevador Lacerda, graças a exuberante luminosidade sobre a Baia de Todos os Santos, pude enfim saber o que é uma península. Com toda a nitidez de uma manhã de muito sol, vi que era uma faixa de terra que se aventurava ao mar sem se desligar do continente. Simples assim. Aos meus olhos era a Ribeira, bela Ribeira, mas aos olhos de nossas mestras lá pelos idos dos anos 60, nada mais que uma miragem geográfica a nos fazer entender o que elas, coitadas, nunca sacaram qual e

Os Imorais


Artistas, compositores e intérpretes como Ângela Rô Rô, Renato Russo, Cássia Eller, Ana Carolina, Cazuza, Zélia Duncan entre outros nunca esconderam suas ousadias temáticas e preferências sexuais, sem qualquer temor de expô-las em suas composições publicamente.

É impossível não creditar esta explosão de liberdade em amar e ousar em dizer seu nome, a revolução sexual e de costumes dos anos 70 a partir de movimentos como Flower Power, Women's Liberation, a tomada de consciência ecológica enfim, aos limites sem fronteiras da liberdade e do prazer.

A composição de Christian Oyens e Zélia Duncan, “Os imorais” é um exemplo desta liberdade poética e de desejos confessados sem qualquer pudor. Os imorais/Falam de nós/Do nosso gosto/Nosso encontro/Da nossa voz./Os imorais/se chocam por nós/Por nosso brilho/Nosso estilo/Nossos lençóis.
Vídeo: Youtube

Sem lenço, sem documento

A Assembleia Legislativa do Estado da Bahia em um dos seus últimos atos antes do recesso legislativo negou a concessão do título de cidadão baiano ao Ministro Joaquim Barbosa. Casou surpresa a negação da honraria a uma personalidade negra em uma cidade, e estado, predominantemente negra ou fortemente miscigenada. Se fosse apenas esse o viés da recusa dos parlamentares quanto ao “oba oba”, tudo bem, mas o que motivou na verdade esta descortesia com o “pop star” foi um componente político sempre aceso toda vez que esta figura é lembrada, despertando as mais apaixonadas e estridentes discussões. E a coisa descamba para o partidarismo, para o jogo político que foi combustível de toda aquela encenação solene mas, solerte em suas intenções de grande farsa midiática.

O “não” teve também o caráter de recado a uma personalidade que jamais será unanimidade nacional como a sua vaidade, sua excentricidade, seu desmedido personalismo tanto buscou, independente de suas possíveis qualidade jurídicas. A sua passagem pelo Supremo Tribunal Federal, também será lembrada pela grosseria, pela falta de educação, pelos ataques de estrelismo em relação aos seus pares, em bate-bocas só compatíveis com o bar da equina que propriamente com o plenário do órgão máximo do Judiciário brasileiro.

Aliás, com relação a esta instituição nunca é demais lembrar, ou nunca esquecer, que foi o STF que sucumbiu aos caprichos do ditador do Estado Novo, Getulio Vargas e entregou às autoridades nazistas a militante comunista Olga Benário, alemã de origem judia, companheira do líder Luis Carlos Prestes, grávida, onde morreu nos campos de concentração de Hitler. A filha de Olga, Ana Leocádia, sobreviveu e depois de algum tempo ela foi expatriada para o Brasil, onde ainda vive entre nós

"55" mas podia ser "171"

Até porque a diferença de 116 pode ser transformada em pragas, em um rosário de penas sobre o aleijão político que a “cidade alegre” em um dos seus muitos desvarios elegeu seu mandatário municipal. E que poderia se repetir, continuar, se o script traçado conforme seu criador se consumasse, ao contrário do ditado pela mídia golpista para os acusados da farsa do mensalão. Aqui as aves gorjearam diferentemente das de lá, da “cidade alegre”.

Lixo acumulado pelas ruas, água racionada, escuridão natalina, arquivos deletados, computadores públicos se tornando privados, demissões em massa daqueles que como manada faminta incharam o feudo eleitoral com olho no padre e outro na missa. Querendo entregar e permanecer virgem ao mesmo tempo. O caos!

A missa era o “piseiro” que a cada manifestação sinalizava que o caminho era aquele, apesar da gritaria histérica de que o vice “caiu”, enquanto ele, o vice, seguia inabalável em sua empatia sem controle, sem temor. “40 mostra a tua cara”

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

É verão, bom sinal, já é tempo!


Existem dias de sol e dias quentes, tórridos, desérticos como estes do sertão, assolados por uma seca que se prenuncia de uma penúria franciscana, sem tempo para acabar. Como se não bastasse o sol abrasador, o pior são as suas consequências e o rol de destruição que se arrasta como o manto de uma bruxa má, entregando a falta d’água, o desabastecimento, a morte de rebanho, a desolação.

Do outro lado quente do sol, se apresenta a costa brasileira, em especial a nordestina e sua luminosidade intensa, uma movimentação frenética de turistas, festas, shows, bares da moda ou fora num contraste daquilo que o sol é capaz de trazer; a festa, a farra ao invés da fome e da sede. “Oh mundo tão desigual/ tudo é tão desigual./de um lado este carnaval/de outro a fome total”.      

Um novo par na noite celestial.


Charge: Chico Caruso



O fato não é ser estrela, é brilhar


A Comebol, Confederação Sul Americana de Futebol, divulgou segunda feira, dia 24, o novo ranking dos clubes filados do continente. Nesta nova classificação o nosso rubronegro baiano, o Vitória, aparece em 88º lugar, enquanto o nosso coirmão, lá deles, o Barcelona de Itinga, amarga o 113º. Não é nada, não é nada; é tudo!
 
A posição no ranking depende da colocação conquistada nos campeonatos, copas e torneiros reconhecidos pela entidade. Um pouco ou muito diferente da apropriação indébita de marqueteiros, sem noção, que  levaram a CBF, também pressionada por clubes paulistas e cariocas, a considerar como título nacional um mero amistoso entre um campeão do Nordeste contra o campeão do extinto torneiro Rio – São Paulo. Uma estrela tão fajuta como os títulos regionais ostentados e que se tornaram frutos de bordoadas e cusparadas desferidas pelo notório e de triste memória Osório Vilas Boas a juízes e bandeirinhas, obrigando-os a conduzir seu time à vitória e ao título. Tudo tão limpo quanto a suja estrela.
Não deixa de ser curioso que a malta do “tricolor de alço” se preocupe com conquista da equipe do Vitória na da Copa do Brasil sub 20, se vai render uma estrela sobre o manto rubronegro, como sendo a primeira de sua trajetória. Ainda não se sabe se a equipe de juniores do Vitória fará brilhar no peito a sua merecida estrela. O fato é que ela terá brilho, ao contrário de certas aparições estelares que mais parecem objetos não identificados, opaco, sem brilho, sem credibilidade e merecimento.

40 de paletó e gravata.


Convite: Posse da Nação 40 - 01-01-13

sábado, 22 de dezembro de 2012

Aqui é o fim do mundo!


A transmissão direta e ao vivo do Fim do Mundo, pela TV Record foi um monumental fracasso de audiência, a exemplo dos Jogos Olímpicos de Londres, quando os telespectadores procuraram abrigo nos canais fechados. Os jornais da pretensa e falida grande imprensa e seus colunistas de aluguel não deram ao evento sequer metade das manchetes dispensadas e histericamente gritadas sobre o fim do mundo “mensalão”. 

O mundo que eles queriam acabar movido por um ódio, um preconceito, um ressentimento inigualáveis enfim se consumou conforme o script que eles mesmos montaram. Elegeram o pop star do verão, Sua Majestade, o Rei Nagô da Constituição Nacional que junto aos seus pares, julgaram, condenaram, decretaram prisão, ficando prá depois a execução pública que não tardará, visto a sede de sangue latente, para coroar a mentira e a farsa montada, tão a gosto dos tribunais de exceção, como foi a morte de Herzog, a bomba do Riocentro, que o tempo tratou de desmontar.

“Aqui é o fim do mundo, aqui é o fim do mundo/eu brasileiro confesso/minha culpa, meu pecado/meu sonho desesperado/meu bem guardado segredo/minha aflição” (Marginália II – Gil e Torquato Neto)

Vida de artista - Setembro de 2001


No final do mês de julho de 2001 foi realizado em Salvador, um torneio internacional de vôlei feminino com equipes do Brasil, Argentina, Itália e Japão. Compareci na abertura dos jogos, sendo recepcionado na chegada do Balbininho, por um grupo de jovens que oferecia uma camisa para uso dentro do ginásio, como membro da torcida organizada pelo patrocinador do evento. Ali mesmo retirei a camisa que estava usando e coloquei a que me foi oferecida. Entre os jovens da recepção no ginásio notei que um deles me olhava com certa insistência como se fosse alguém que me conhecesse ou estivesse espantado com a minha presença em meio a uma platéia, predominantemente, jovem. Fui ao bar tomar uma cerveja e já no balcão, para minha surpresa, fui acompanhado e abordado pelo tal jovem. Dizendo-se trabalhar para uma agência de publicidade, pediu desculpas pela maneira pouco convencional com que me olhava na entrada do ginásio e foi direto ao assunto. Ele estava procurando uma pessoa exatamente com o meu perfil para uma campanha publicitária: um senhor de bigode, alto, magro, de cabelos grisalhos e boa aparência. Este último item deve ser creditado ao seu olho clínico como profissional do meio ou na crença depositada nos milagres que os artifícios das fotografias são capazes de realizar. Segundo ele era algo simples, rápido e queira saber se eu topava.

Fiquei de fazer uma consulta em casa, sabendo de antemão que Camila vibraria com a idéia e, que eu entraria em contato com ele ou então que me procurasse através dos telefones que disponibilizei. Em resumo; terça feira já estava sendo clicado pelo fotógrafo da agência, para uma amostra preliminar ao cliente, cuja aprovação ou não daria prosseguimento às etapas subseqüentes da criação da peça. Fui aprovado sem qualquer restrição pelo rigoroso cliente, segundo me informaram, com a exigência de que fosse fotografado com a mesma camisa utilizada naquela foto de apresentação.

Quarta feira já estava no estúdio com uma jovem de uns 20 anos que representaria minha filha, abraçados por quase duas horas, para se chegar ao nível de envolvimento afetivo exigido pelo diretor de criação e demais membros da equipe da agência de publicidade presentes ao estúdio. Só então vim saber que o meu ingresso no mundo publicitário se daria através do Cemitério Jardim da Saudade, algo como, fui começar pelo fim. Bati na madeira três vezes e entreguei o corpo e a alma ao Senhor, aos orixás, ao velho rezador do Sodré. A peça publicitária seria veiculada em jornais locais, encartes e em “bus-door” (traseira de ônibus), com a utilização dessa foto que tiramos.

Paguei este mico na traseira dos ônibus de Massaranduba, Itapuã, Cabula, Barra Avenida ou Sussuarana etc, tonto de tanto rodar pelas ruas esburacadas desta cidade. Mas, que seja pela arte. Após a assinatura do contrato que fizemos com o cliente, a nossa imagem através desta peça, poderá ser utilizada publicamente em vários tipos de mídias, como jornais, “out door”, painéis fixos ou móveis, entre outras. A grana que rolou desta parada, foi pouca, muito pouca, mas o suficiente para instaurar uma disputa doméstica em torno do meu cachê. Todo mundo queira uma ponta de meu trabalho artístico, numa demonstração inequívoca da indigência que é fazer arte neste país de amadores.

Este trabalho deu inicio a uma sucessão (não de sucesso, mas foi como se fosse) de trabalhos, agora com imagens em movimentos como o que fiz para a Globo FM e para a ADEMI, cujas cópias consegui, muito tempo depois, através de alguma amizade com o pessoal das agencias de publicidade, bem como a campanha do Shopping Barra para o Dia dos namorados de 2006., em breve na tela.

Foto: Ilustrativa, enquanto aguardo cópia original "scaneada".     


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A felicidade é MEL!



Melissa (Mel) a bonequinha filha de Lucas e Cris. Felicidade sempre prá todos vocês. Bjs

Foto: Mel

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

E o tal do mundo não se acabou


A gravação em estúdio do samba de Assis Valente por Paula Toller é mais brejeira e mais sacana que a gravação ao vivo, mas mesmo assim é muito legal que uma intérprete de outra vertente musical, como ela do Kid Abelha, se aventure por um repertório de todo modo estranho ao seu meio, ao seu habitat musical. Por sinal, este disco, sem os companheiros do Kid Abelha, tem um pé no samba e na MPB, onde Paulinha também recria 1800 colinas de Garcia do Salgueiro, grande sucesso de Beth Carvalho. Solta os bichos, Paulinha!

Vídeo: Youtube

O cheiro de Cristo.

O mundo não deverá acabar amanhã, é certo, já que ele acaba lenta e progressivamente a cada dia e, do qual o massacre das crianças americanas é apenas um entre dezenas e milhares de exemplos deste fim, em que a degradação experimentada pela raça humana parece nos fazer crer que o homem foi um erro divino, se é que há erro dos deuses.

O mundo acaba quando evangélicos que se apresentam como o sal da terra, ainda que acompanhado de mochilas de dólares como a Bispa Sônia da Igreja Renascer flagrada ao entrar nos Estados Unidos, usam e abusam do seu santo em nome em vão na desfaçatez não encoberta de ganhar mesmo mais algumas moedas. Trai Cristo e todo o cristianismo, que é a perda de toque de seus milagres otários e de suas salvações mal ajambradas, quando lança uma linha de cosméticos, perfumes, cremes hidratantes, sabonetes que de modo mercantil revelam o cheio de Cristo, para uma clientela, seus seguidores, tentar encobrir ou disfarçar a sujeira e a hipocrisia com que se vestem.

Quanto ao fim do mundo mesmo, por via das dúvidas, é melhor se acautelar e, não fazer como aquele samba genial de Assis Valente que o cara saiu dando bandeira por aí, beijando a boca de quem não devia, pegando a mão (Paula Toller canta, pegando em outra coisa) de quem não conhecia, dançando pelado na televisão, e o tal de mundo não se acabou. Este mundo já acabou tantas vezes, que até o Corinthians foi campeão do mundo e ele resistiu. Portanto, um pé atrás nunca é demais.  

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Prá quando Júlia chegar.


Foram alguns dias, meses com a expectativa de quem viria. Se Júlia ou Gabriel? Agora não há mais especulação, pois Júlia já se mostrou perante o aparelho de ultra-sonografia que Gabriel terá que esperar por uma nova gestação, já que esta é a sua vez. Não há problema, todos saberemos aguardar, pais, tios, primos e o avô “abestado” que a sua primeira neta é Júlia e que juntos poderemos festejar a chegada de Gabriel num outro momento de felicidade.

Já ouvi dizer que a emoção de ser avô ou avó é maior que ser pai e mãe. Vou viver este estágio de emoção que já nos deixa sublimado e depois eu conto, mas dá prá sentir que é por aí; seja bem-vinda, pequena Júlia.

Foto: Um berço pra Júlia

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

No bloco do eu sozinho.


Há certos exames de laboratórios que nos causam embaraços, quase constrangimentos a depender do grau de timidez e da pouca esportividade que o paciente possa ter para enfrentar estes percalços em busca da correção de possíveis desvios da fisiologia humana. Um desses exames é o espermograma que faz o mais sisudo dos mortais se transformar no mais relé galhofeiro conforme a frequência com que tenha de se submeter à prática do eu sozinho. Já passei por isso, e sei.

A fixação em ser pai, logo após o casamento, levou o ginecologista de minha esposa a sentenciar: “a senhora está apta para a procriação, problemas se há é com seu esposo, peça que ele procure um urologista”. Curto é grosso sem nenhuma sutileza foi o veredicto do doutor. Também não titubiei e parti para o sacrifício. Com as recomendações de praxe o exame foi marcado para a semana seguinte. No dia e horário fixado me dirigi ao laboratório, imaginando o que poderia me esperar na sala onde ficaria para coletar o material necessário para realização deste exame. Sonhei com uma auxiliar estimulante, um filme pornô, revistas de sacanagem ou nada disso e que me virasse de acordo a minha capacidade criativa. Foi esta a opção, não bem uma opção, mas o que era possível, o que havia de disponível, que me virasse de acordo com a minha imaginação. Nada de dengo, nem gracinhas, simplesmente, se vire.

Por incorreção na realização destes exames ou por os mesmos não terem alcançado nem revelado o resultado pretendido, eles forem se sucedendo com uma frequência que a atendente já me recebia com um riso de canto de boca entre o cinismo e a gozação. Certa feita perguntei se não poderia trazer o material de casa e apenas entregá-lo na recepção do laboratório. Concordaram que sim, mas foi pior. Saí de nosso apartamento na Vila Laura em direção ao Canela, de taxi, levando no vaso coletor o material obtido na tranquilidade de casa. O sacolejo provocado pelas avenidas esburacadas da cidade e a urgência pedida ao taxista até o laboratório, de que fosse o mais rápido possível fez com que o material saltasse do coletor invadisse a caixa e derramasse sobre a minha camisa. Um desastre. Sem jeito voltei ao laboratório.

Felizmente, já estava tão desavergonhado que era chegando, coletando, entregando e saindo e voltando para pegar o resultado. E ele, o resultado, levou o urologista a confirmação de que tinha varicocele e que teria de me submeter a uma cirurgia. Tranquilo, perguntei se ele faria este procedimento e com a sua concordância, no dia e horário marcado dava entrada no Santa Isabel. Final de abril principio de maio daquele ano tive alta, para em setembro, em Fortaleza, em uma viagem pelo Nordeste receber a noticia de Moema. de que seria pai. Tratamos de arrumar as malas e voltar prá casa, nada de sacolejos, nem movimentos que pudessem comprometer a integridade da cria. Ufa!  
 
Charge: Zoado       

domingo, 16 de dezembro de 2012

Vitória - Campeão da Copa do Brasil sub-20


Foto: Jogadores do Vitória

A bunda da tia.


 

O departamento de Toxicologia da Policia Técnica de São Paulo em estudo recente constatou a concentração tóxica poderosa da maconha em circulação no estado e seu efeito avassalador entre os consumidores de uma droga até então de leve letalidade ao organismo humano. Bem distante, pois, daqueles inocentes baseados que rolavam de mão em mão, nos anos 70, em sessões musicais em apartamentos de amigos, nos DA’s da UFBA, na Praia dos Artistas e Ponta de Humaitá, como companhia aos livros de Hermann Hesse, show dos Novos Baianos, Diana Pequeno, nos papos cabeças nos jardins do ICBA enfim, bem antes de descobrirem que o “barato” podia ser uma alta fonte de renda. E foi o que se viu, lamentavelmente.

Também um pouco distante do verão de 87/88, conhecido como o verão Da lata, graças a um navio panamenho com destino a Miami, que se viu acossado nas costas brasileiras pela nossa policia marítima e para fugir do flagrante jogou ao mar o carregamento de maconha enlatada. “A novidade veio dar na praia” em mais de 3.000 quilômetros do litoral brasileiro do Rio Grande do Sul até Vitória, com maior concentração em São Paulo e Rio. Quem viveu o momento conta que à noite as praias de Praia Grande, em Ubatuba, Arpoador e Leme no Rio eram tomadas por procissões de zumbis em busca “da lata”, cuja qualidade do produto era confirmada por consumidores de apurado gosto “fumacê” cujos nomes não convêm revelar.

Todo este introito em torno da “cannabis sativa” vem a propósito de alguns comportamentos assumidos, ultimamente, pela nossa rainha do rock, a tia Rita Lee. O último ou aquele que talvez pudesse sê-lo foi o quiproquó em Aracaju com discurso considerado ofensivo aos policiais que resultou em seu encaminhamento à Delegacia de Policia, abertura de inquérito e pagamento de multa. Ali, Rita dizia ter sido o último show de sua carreira, que não mais subiria em palco, mas que não se afastaria da música, o que se cofirmou com o lançamento de seu último e bom disco Reza. Mas, a tia não cumpriu a palavra e voltou aos palcos em Brasília, onde em determinado momento do show arriou as calças e mostrou a bunda para a plateia. Espantada e constrangida com aquela parte de sua anatomia, a plateia reconhecia que um traseiro como aquele jamais deveria ser mostrado, mas amarrado ou esquecido em casa antes de vir a público. Parece que a tia tá consumindo uns baseados com aquele material analisado pela Policia Técnica de São Paulo, o efeito é de fato avassalador ainda mais para quem tem uma cabeça rodada por tantas outras viagens. Se segura tia!.
 
Foto: Marcelo Ferreira - A.Press 

Doces Bárbaros - Atiraste uma pedra.


Atiraste uma pedra, de Herivelto Martins e David Nasser foi uma entre as muitas canções que serviu de munição para o bate-boca musical travado entre o compositor Herivelto Martins e a sua ex-esposa Dalva de Oliveira que também gravou o samba-canção e foi um dos seus grandes sucessos. Foi um disse-disse musical, uma lavação de roupa suja que fez a pauta jornalística de muitas revistas de fofocas que qual uma praga à época também existia.

Maria Betânia, Nelson Gonçalves foram alguns dos interpretes que gravaram a canção e que foi um dos pontos altos do espetáculo Doces Bárbaros que Caetano, Gil, Gal e Betânia rodaram o país, ou parte dele, nos anos 70, comemorando os seus 10 nos de carreira. Como toda gravação ao vivo esta padece dos problemas já conhecidos, principalmente se está em jogo a ainda indomável voz de Betânia, os agudos nem sempre bem colocados de Gal, o microfone de Gil sem o volume ideal para a emissão de sua voz, enfim estes detalhes que em nada comprometem o momento histórico- musical protagonizado pelos baianos.

Esta gravação acontece após a prisão de Gil em Florianópolis, em um episódio bizarro que nem o mais atroz conservador poderia assimilar, já que por armação ou uso mesmo foi encontrado na mochila de Gil um ou dois baseados, que resultou em sua prisão. Esta apresentação decorreu de um efeito suspensivo a sua prisão, que permitia o cumprimento da agenda de shows, mas tendo que retornar ao distrito de onde saiu, tão logo findasse o espetáculo. Os dias eram assim!.

A canção foi divida em quatro partes, cabendo a cada um deles a sua interpretação A Gil coube os versos “Mas acima de tudo/Atiraste uma pedra/Turvando esta água/Esta água que um dia/Por estranha ironia/Tua sede matou” que era uma espécie de recado aos seus algozes, jovens como eles, mas agora representantes da força policial, que em alguns momentos de suas vidas foram saciados com a música nova que se fazia no país da qual Gil era um dos condutores e criadores. A reação da plateia quando Gil entoa os versos sinalizava que o recado tinha sido dado. Música brasileira como nunca.
 
Video: Youtube

sábado, 15 de dezembro de 2012

Qual fogueira de São João.


Estamos a uma semana do inicio do verão, mas há muito ele já nos faz companhia. Dias quentes e insuportavelmente ensolarados promovem noites de igual intensidade  e o incômodo de quem serve de alimento para muriçocas, dia após dia, noites sem fim. O dial da rádio transita entre a Rádio Globo-RJ e a Rádio Itatiaia-MG que já conhece no escuro do quarto onde os meus dedos querem lhe levar de acordo com programação que já memorizei. Tanto faz se uma, três e meia, duas horas da manhã, mesmo que noite, O Globo no ar, Beto Brito, Renato Gonçalves tudo passa por ali, por noites intermináveis que acabam a caminho da pista do aeroporto onde realizo as minhas caminhadas matinais, quase noturnas.  

Hoje, meio dia, a caminho de casa, observava um céu de um azul plácido, sem qualquer sinal de nuvem e que era cenário para que o astro rei testasse as suas mais inquietantes temperaturas, para cabeças com pouca telha como a minha, fazendo mais efeito que o conhaque com limão do bar de Beto, como suposta panaceia para uma gripe renitente. Há muito abdiquei destes destilados, em troca dos fermentados, mas nada como um pé na cozinha e na crença popular de que o conhaque com limão e mel podem fazer milagres. “Yo no creo en brujas, pero que lós hay, lós hay”.

Todo este abrasamento poderia ser sinal de chuva, poderia, mas ela, a chuva, se vem, passa ao largo, em direção ao Porto Feliz, e do próprio Largo, aqui não, é como se em cada esquina houvesse um burro morto e enterrado, na 27, Tamarineiro, Senadinho, Bar de Zequinha, o terreiro de Zé Bode, o Curral do Conselho, fazendo nos purgar de pecados que não cometemos, ou não.  

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Os tigres amestrados do Leão.


Longe de qualquer surpresa os acontecimentos da final da Copa Sul Americana entre São Paulo e Tigre da Argentina, quarta feira passada no Morumbi, em São Paulo. Surpresa haveria se eles estivessem, desportivamente, reconhecido a superioridade técnica do time paulista e os grandes canastrões que eles são ao representar cenas próprias de atores mambembes e medíocres como as que costumam protagonizar em campos da aqui abaixo da linha do Equador. Por que lá pelos campos da Europa e Ásia eles tentam passar a imagem de civilizados e não dos bárbaros que conhecemos daqui. Cotoveladas, cusparadas, pisadas em jogadores caídos, pontapés acima da clavícula fazem parte do receituário de todos eles, alguns mais que outro, mas iguais na indisciplina e na falta de “fair-play”.

As alegações de que foram agredidos pelos seguranças do São Paulo é apenas uma parte da verdade encoberta, já que a outra é revelada por Rogério Ceni, de que alguns dos “milongueiros” partiram em direção ao vestiário do time paulista, armados de pedaços de pau, para agredir o jogador Lucas. Claro que a empreitada não sairia barato e em se tratando de argentino é que não sairia mesmo, como talvez não tenha saído.

Bem diferente da partida que o Vitória e Atlético-MG fizeram terça feira no Barradão e que deixa o nosso rubronegro a um passo de uma conquista inédita de campeão brasileiro da sub-20. Bons jogadores, algumas promessas de craques, apoio da torcida e da diretoria que transformam a divisão de base do Vitória numa das mais bem sucedida do país. Um exemplo deste reconhecimento é a convocação de 04 jogadores rubronegros para a seleção brasileira sub-20, na disputa do próximo campeonato sul-americano de seleções, feito que nenhuma outra equipe apresentou.

Foto: Jogadores sub-20 do Vitória. 

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Natal sem luz.

“As ruas e a praça principal da cidade, a Getulio Vargas, receberam uma bonita e funcional iluminação decorativa com temas natalinos. A inauguração foi sábado com show de artistas locais e a presença inusitada de um trio elétrico, perfeitamente dispensável ... Mas, importa mesmo as luzes que a cidade ganhou, instaurando de vez o espírito natalino nos corações e mentes da população que reconhecida agradece e elogia”.

O texto acima foi escrito a pretexto da decoração natalina que a cidade ganhou no final de 2011. Um ano depois, quanta diferença! Derrotado em uma eleição que não imaginava perder, o ainda atual prefeito e o seu criador vão tendo e oferecendo um final melancólico às suas administrações. A cidade às escuras quanto às luzes de Natal; reprovação pelo Tribunal de Contas dos Municípios de suas contas no exercício de 2011, “em razão da reincidência na superação do limite para despesas total com pessoal”; Secretarias arrombadas com pastas e computadores saqueados segundo queixas à Delegacia de Policia etc.

Caso tivesse sido reeleito, a cidade e sua população teriam sido contempladas com a mesma ou mais bonita iluminação natalina, a demonstrar a falta de compromisso com os seus munícipes a reboque de seus interesses mais imediatos e pessoais. A festa e farsa acabaram, as luzes se apagaram, mas o povo não sumiu como no poema de Drummond, pois voltará à Praça em 1º de janeiro para o primeiro “piseiro” de 2013. Som na caixa!

O show do ano - 12.12.12


Terá inicio hoje às 19:30 hs, no Madison Square Garden, em Nova York um dos maiores shows possíveis no mundo do show business, embora beneficente e em favor das vítimas do Furacão Sandy. Reunir estrelas do rock e pop americano e inglês em um só espetáculo significaria algo inatingível para qualquer empresário do meio musical e inacessível em termos de ingressos se de fato espelhasse o cachê que cada um cobraria para esta apresentação. Como não houve cachê, já que um show em beneficio de pessoas desabrigadas e desamparadas, os ingressos esgotados em menos de 03 horas com preços elevados, mas suportável para o consumidor médio de música popular inexplicavelmente, como em qualquer parte do mundo, foram parar nas mãos dos cambistas.

Eles, os cambistas, estas pragas que tais como as baratas resistem a qualquer desastre natural ou atômico aparecem onde menos se espera e deixam seu rastro de destruição e ganância desmedidas. Tudo bem que o show contará com os Stones, Eric Clapton, The Who, Bruce Springesteen, Roger Waters, Paul McCartney, Alicia Keys alem de outros que se farão presentes, mas que aparecerão próximo do começo do super show, mas lá como cá deveria existir alguma fora repressora a esta laia inqualificável de baratas do show business.

O show será retransmitido por várias redes de televisão, inclusive pela internet e aqui no Brasil o canal Multishow transmitirá a partir de 22:30 hs, mas é certo também que originará um DVD e esperar prá ver.  

Caricatura: Rolling Stones (Verger)

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Ah, a solidão vai acabar comigo!


Para alguém que escrevesse este verso, como o da canção Solidão, poderia muito bem ser visto como um ser triste, amargo, feio, depressivo, traído e na mesma linha de outros encontrados em músicas como Fim de caso, Ternura Antiga ou Castigo, já que seguem a mesma pegada nostálgica e solitária. Nada mais errado. A autoria dos versos e das canções é de Dolores Duran, morta aos 29 anos vítima de infarto, tendo como legado de sua breve existência menos de 40 músicas, embora a maioria ou a sua totalidade ocupe o imaginário popular, às vezes sem saber quem é a sua autora.

O livro e trabalho de pesquisa e garimpagem do jornalista Rodrigo Faour, Dolores Duran – A noite e as canções de uma mulher fascinante, desmonta este mito de tristeza, apresentando Dolores como alguém que tomou todas, namorou todos, disse todos os palavrões, era risonha, vaidosa, poliglota, culta e politizada. Mesma sabendo da sua condição de cardíaca, Dolores nunca deixou a noite, os amigos, as farras nem a capacidade de criar belas canções como A noite de meu bem, Ideias erradas, Olha o tempo passando, Pela rua, Não me culpes entre outras.

Com Tom Jobim, com quem compôs algumas poucas canções a música de Dolores Duran conheceu o sol, a luminosidade, a proximidade com a sua maneira de ser, como em Estrada do sol (é de manhã, vejo os pingos da chuva que ontem caiu/ainda estão a brilhar) embora mantivesse a essência do samba canção que era mesmo este aparente baixo astral, este ar “deprê” como em Por causa de você, Se é por falta de adeus, em que as melodias do futuro bossanovista casam com perfeição aos versos de Dolores, que nos deixou tão prematuramente.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Pela limpeza pública!


Charge: Bessinha

A bossa nova é f(*).


Não é um disco prá tocar no rádio, até porque o rádio tem suas obrigações culturais com Luan Santana, Gilberto Lima, Claudia Leite e toda esta traquitana baiana via Psirico, Silvano Sales, Parangolé entre outras excrescências. Não é também um disco para “entendido” como foi o Araçá Azul, pois a palavra ganhou um outro significado que não ajuda a compreensão do trabalho. Abraçaço, o novo disco de Caetano é para aficionados, quem acompanha a carreira como profissional, como cidadão e a sua figura controvertida e polêmica, mas não menos criativa e eternamente jovem e inquieta. Um exemplo é a canção que abre o disco, A bossa nova é foda e nos põe em contato com um caleidoscópio de imagens, enigmas, charadas, citações e naturalmente algumas maluquices.

A bossa nova é vista por Caetano não como algo doce, terno, traduzida por amor, flor, barquinho, mar azul, sol e luz, mas como um cruzado na música que se fazia no país, envelhecida e abolerada. Frases como “quando chegares aqui/que é um dom que muito homem não tem/que é influencia do jazz” são colagens que remetem a Carlos Lyra, assim como o “tom de tudo/comanda as ondas/cruel destruidor de brilho intenso/deu ao poeta/velho profeta” são referências a Tom Jobim, Vinícius e Newton Mendonça.

E esta violência estética da bossa nova é vista contraposta do ponto de vista histórico com outra invenção brasileira que é o MMA onde as citações a estes desbravadores do novo esporte, pelo qual não tenho nenhuma simpatia, são enumeradas através de versos como “O velho transformou o mito das raças tristes/Em Minotauros, Junior Cigano/em José Aldo, Lyoto Machida/Vitor Belfort, Anderson Silva/ E a coisa toda/a bossa nova foda”.

É o Caetano de sempre, surpreendente e genial como foi no disco novo de Gal, Recanto e em algumas canções deste Abraçaço, lembrando que “a nossa vida nunca mais será igual/Samba de roda, neo-carnaval/Rio São Francisco, Rio de Janeiro, canavial".

Protejam-se! Lá veem os corintianos.


O jogador Léo, do Santos, afirmou, ante os atos da vandalismo da torcedores corintianos no Aeroporto de Cumbica quando da despedida do time para o Japão, “que quem está acostumado com rodoviária não pode ir a aeroporto”. O jogador quis fazer piada, mas destilou preconceito alem de provavelmente cuspir no prato que comeu, a julgar pela origem da maioria dos jogadores de futebol. Nenhum apreço ao Corinthians, muito menos a seus torcedores que são casos frequentes de policia que propriamente manifestações calorosas de quem ama o esporte.

Por outro lado, eu que sempre fui da terra e, devo continuar nesta altura do jogo, nunca me arrisquei a andar pelos ares, a não ser metaforicamente, o jogador engraçado conhece pouco o ambiente de rodoviária como contraponto pobre aos aeroportos. As promoções e facilidades que as companhias aéreas colocam para os passageiros em geral, em uma disputa fratricida por fatias cada vez maiores do mercado tem transformados os aeroportos, pelo que leio e assisto, em verdadeiros albergues, casas de recolhimento, enfim em acomodações inapropriadas a qualquer passageiro em trânsito ou não. Pessoas aos gritos, reclamando de atrasos, cancelamento de voos, desencontro de horários com as passagens marcadas, uma histeria coletiva que não se vê em rodoviárias, nem em momentos de pico como Semana Santa, São João, Carnaval e finais de semana prolongados por generosos feriados.

A propósito, passageiro e quase sócio da Águia Branca parabenizo Dalmo e Petrônio por ter sido a agência da empresa na “cidade alegre” escolhida como exemplo em todo interior do estado, em recente encontro de funcionários da Águia Branca em Cariacica – ES, com direito a troféu que eles orgulhosamente exibem no guichê. Parabéns! E aí Águia Branca qualquer coisa minha conta bancária é Ag: 0000-0 C/Corrente: 000.000-0.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Bahia, Ceará, Tocantins, uni-vos!


Em evento familiar neste final de semana último, a nossa câmara digital entregue às mãos zelosas de filhas e sobrinhos tomou o rumo do nunca mais, sumiu, escafedeu-se, ninguém sabe, ninguém viu. Por aqui, de volta à cidade alegre, procurei remediar o prejuízo com outro, efetuando a compra de novo equipamento fotográfico.

Em busca no site do EXTRA, identifiquei uma câmara que substituiria àquela a um preço suportável com a cortesia de frete grátis para todo o Brasil. Digitando as exigências para a compra do objeto, encontrei a opção de identificar o CEP para o cálculo do frete, que imaginei desnecessário, em face da gratuidade do mesmo para todo país, conforme informado. Ledo engano! Ao informar o 44830-000 do CEP exigido, fui surpreendido com a cobrança de R$44,78, para a entrega a domicilio. Imaginei que a “cidade alegre” tinha deixado de ser Brasil, quem sabe fora anexada a uma das Guinas ou entregue ao povo palestino para a edificação de seu estado. Brasil é que não era. Mas era!

Curioso, eu entrei em contato com o departamento de vendas do site e fui informado que o frete era de fato grátis, para todo país, exceto para a Bahia, Ceará e Tocantins. Tentei manter a sobriedade, argumentando que a discriminação era incompreensível e que carecia de uma explicação. E ela, a explicação, veio; capenga como era de se esperar. A culpa do mal estar recaia sobre a logística este biombo onde se esconde a incapacidade operacional de quem se apresenta como nacional, mas tão somente um nacional esfarrapado, pela metade. Ameacei recorrer às redes sociais convocando baianos, cearenses e tocantinenses a boicotar o site EXTRA, mas não tenho disponibilidade, nem força para estes arroubos juvenis de cidadania. Nada além que lamentar e achar que a logística tem lá sua lógica; a lógica de não fazer qualquer sentido.

Oscar Niemayer para baianos!

Hoje pela manhã, ao ouvir o Ricardo Boechat na Band News FM, como faço com certa frequência, ele bradava indignado contra um colunista da VEJA que ele se recusava a citar o nome e, responsável por uma matéria em seu blog intitulada “Morre Niemayer - 50% gênio e 50% idiota”. Se ainda fizesse parte daquela cloaca imunda e fétida, o pândego Diogo Mainardi, ficaria em dúvida qual deles teria sido o autor da baboseira, se este ou aquele a quem o Boechat se recusava a citar o nome. Como o amargo e ressentido Mainardi não faz mais parte daquele lodaçal jornalístico, a autoria da infâmia só poderia mesmo ser atribuída à “louca” que recusamos citar o nome. Não deu outra! Estava lá na rede o arrazoado ultra-direita do “blogueiro” mal resolvido política, e ao que parece, sexualmente para quem o fato do Niemayer ser comunista e ativista humanitário deporia contra a genialidade de seu traço, sua obra. O ódio raivoso e doentio a quem não pensa igual a nós, impele figuras moribundas como essa a confundir o profissional, o artista genial, com o cidadão e a sua liberdade de professar seu credo, democraticamente.

Como sempre tive interesse pelas linhas retas e curvas e que me levaram à reprovação em dois vestibulares para Engenharia Civil, na UFBA, conheço críticas a obra do grande arquiteto, motivadas pela perda de funcionalidade e ocupação plena dos espaços criados em favor da estética e da plasticidade da obra. Fico com a beleza, a monumentalidade de obras traduzidas em catedrais, igrejas, palácios, prédios, museus, esculturas, pista de samba tudo aquilo que seu olhar de criador interferiu no espaço, na paisagem espalhando beleza.

Salvador não teve o privilégio de receber o traço público de Niemayer, através de obras que se tornassem marca e referência na cidade. Mas, segundo o jornal A Tarde não ficamos órfãos do traço do arquiteto. No Cemitério de Quinta dos Lázaros, por exemplo, compõe a sepultura de Carlos Marighela, uma escultura em tamanho natural do líder guerrilheiro, do mesmo modo que orna a Praça de Oxum no Terreiro da Casa Branca, um prosaico barquinho branco que de acordo com o povo de santo levaria oferendas para a rainha das águas. A política e as manifestações populares sempre nortearam a vida deste grande brasileiro.

Foto: Sepultura de Marighela (Salvador-Bahia)