A turma de concluintes do segundo semestre de
2012 de Escola de Teatro da UFBA,
está apresentando nas dependências da própria escola a peça de Nelson Rodrigues, Bonitinha, mas ordinária,
que já motivou a sua adaptação para o cinema em mais de uma oportunidade. O
trabalho é de encerramento do curso e dirigido por um de seus professores, o
premiado e um dos mais talentosos diretores de teatro do estado, Luiz Marfuz, assim como são seus
colegas diretores Fernando Guerreiro e Márcio Meireles.
Assisti à peça, quinta feira passada, na
escola. Se a história do empresário que tem a filha estuprada por cinco negros
e oferece vantagem a um de seus empregados para que se case com a moça é
conhecida, o que varia é o enfoque que se dá a mais esta barra pesada com que o
autor sempre tratou as mazelas da classe média e suburbana. Não tem
contemplação e bota prá lá na exposição desta salvação das aparências, de puxar
para debaixo do tapete as vergonhas familiares, da depravação contida por doses
de uma religiosidade de ocasião. Nelson
Rodrigues era o terror das famílias tradicionais.
O grupo grande de jovens atores dá conta do
recado e já se apresenta com caras que ainda vão brilhar na cena teatral da
cidade ou fora daqui. Muita entrega e verdade para narrar a hesitação de quem
vende seu corpo traindo seus sentimentos, aceitando a certeza da frase de Otto Lara Resende de que “o mineiro só
é solidário no câncer” repetida à exaustão durante todo o espetáculo.
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