sábado, 15 de dezembro de 2012

Qual fogueira de São João.


Estamos a uma semana do inicio do verão, mas há muito ele já nos faz companhia. Dias quentes e insuportavelmente ensolarados promovem noites de igual intensidade  e o incômodo de quem serve de alimento para muriçocas, dia após dia, noites sem fim. O dial da rádio transita entre a Rádio Globo-RJ e a Rádio Itatiaia-MG que já conhece no escuro do quarto onde os meus dedos querem lhe levar de acordo com programação que já memorizei. Tanto faz se uma, três e meia, duas horas da manhã, mesmo que noite, O Globo no ar, Beto Brito, Renato Gonçalves tudo passa por ali, por noites intermináveis que acabam a caminho da pista do aeroporto onde realizo as minhas caminhadas matinais, quase noturnas.  

Hoje, meio dia, a caminho de casa, observava um céu de um azul plácido, sem qualquer sinal de nuvem e que era cenário para que o astro rei testasse as suas mais inquietantes temperaturas, para cabeças com pouca telha como a minha, fazendo mais efeito que o conhaque com limão do bar de Beto, como suposta panaceia para uma gripe renitente. Há muito abdiquei destes destilados, em troca dos fermentados, mas nada como um pé na cozinha e na crença popular de que o conhaque com limão e mel podem fazer milagres. “Yo no creo en brujas, pero que lós hay, lós hay”.

Todo este abrasamento poderia ser sinal de chuva, poderia, mas ela, a chuva, se vem, passa ao largo, em direção ao Porto Feliz, e do próprio Largo, aqui não, é como se em cada esquina houvesse um burro morto e enterrado, na 27, Tamarineiro, Senadinho, Bar de Zequinha, o terreiro de Zé Bode, o Curral do Conselho, fazendo nos purgar de pecados que não cometemos, ou não.  

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