Há certos exames de laboratórios que nos causam
embaraços, quase constrangimentos a depender do grau de timidez e da pouca
esportividade que o paciente possa ter para enfrentar estes percalços em busca
da correção de possíveis desvios da fisiologia humana. Um desses exames é o
espermograma que faz o mais sisudo dos mortais se transformar no mais relé
galhofeiro conforme a frequência com que tenha de se submeter à prática do eu
sozinho. Já passei por isso, e sei.
A fixação em ser pai, logo após o casamento,
levou o ginecologista de minha esposa a sentenciar: “a senhora está apta para a
procriação, problemas se há é com seu esposo, peça que ele procure um
urologista”. Curto é grosso sem nenhuma sutileza foi o veredicto do doutor. Também
não titubiei e parti para o sacrifício. Com as recomendações de praxe o exame foi
marcado para a semana seguinte. No dia e horário fixado me dirigi ao
laboratório, imaginando o que poderia me esperar na sala onde ficaria para
coletar o material necessário para realização deste exame. Sonhei com uma
auxiliar estimulante, um filme pornô, revistas de sacanagem ou nada disso e que
me virasse de acordo a minha capacidade criativa. Foi esta a opção, não bem uma
opção, mas o que era possível, o que havia de disponível, que me virasse de
acordo com a minha imaginação. Nada de dengo, nem gracinhas, simplesmente, se
vire.
Por incorreção na realização destes exames ou por
os mesmos não terem alcançado nem revelado o resultado pretendido, eles forem se
sucedendo com uma frequência que a atendente já me recebia com um riso de canto
de boca entre o cinismo e a gozação. Certa feita perguntei se não poderia
trazer o material de casa e apenas entregá-lo na recepção do laboratório.
Concordaram que sim, mas foi pior. Saí de nosso apartamento na Vila Laura em direção ao Canela, de taxi, levando no vaso
coletor o material obtido na tranquilidade de casa. O sacolejo provocado pelas
avenidas esburacadas da cidade e a urgência pedida ao taxista até o laboratório, de que fosse o mais rápido possível fez com que o material saltasse do
coletor invadisse a caixa e derramasse sobre a minha camisa. Um desastre. Sem
jeito voltei ao laboratório.
Felizmente, já estava tão desavergonhado que
era chegando, coletando, entregando e saindo e voltando para pegar o resultado.
E ele, o resultado, levou o urologista a confirmação de que tinha varicocele e
que teria de me submeter a uma cirurgia. Tranquilo, perguntei se ele faria este
procedimento e com a sua concordância, no dia e horário marcado dava entrada no
Santa Isabel. Final de abril
principio de maio daquele ano tive alta, para em setembro, em Fortaleza, em uma viagem pelo Nordeste receber a noticia de Moema. de que seria pai. Tratamos de
arrumar as malas e voltar prá casa, nada de sacolejos, nem movimentos que pudessem comprometer
a integridade da cria. Ufa!
Charge: Zoado
Charge: Zoado
QUE HISTÓRIA BOA DA PORRA. FINAL FELIZ.
ResponderExcluirPois é, caro amigo, a vida dura. Uma recente crônica do Antonio Prata me trouxe lembranças da busca pela paternidade.
ResponderExcluirAbraços