Procurando uma foto da Escola Almirante Barroso para ilustrar um texto neste blog encontrei em outro blog uma foto da mana Ivone Borges com o garoto Robério Andrade, Roberinho de Marilene e Arnold. Já morando em Salvador pude testemunhar nos períodos de férias na cidade a sua dedicação quase obsessiva ao magistério. Para a preparação da aula do dia seguinte ela varava noites em busca da ilustração perfeita, da gravura definidora do tema a ser abordado em sala de aula, o equilíbrio perfeito na correção precisa das provas mensais, o rigor pela disciplina e retorno gratificante do aprendizado pela turma. Ivone Borges tinha e tem uma noção exata de organização, do detalhe, da arrumação das suas tranqueiras e quinquilharias, dos seus custos e ganhos mensais em planilhas pessoais que nunca ficam no vermelho, tal a precisão do que fazer, quando fazer sem sacrifício para si ou para incômodo a terceiros. Ivone Borges jamais será nome de rua, praça, prédio público ou mesmo um beco sem saída, uma viela, honraria pública que em geral carece de sinceridade ou de merecimento, lhe basta o reconhecimento e a gratidão dos que passaram por suas salas de aula, como Roberinho de quem tomo emprestado esta fotografia.
O rigor de Ivone Borges para consigo e o seu senso de individualizar ao extremo a sua vida e o seu domínio sobre ela, dentro de um espaço próprio em que o outro, familiar ou não, seja ocupado, permite a ela extravagâncias que raiam a morbidez. Assustado soube que ela já tem reservado e pago, jazigos, funeral, funerária e todo este ritual de partida, menos as carpideiras, mesmo porque elas não mais existem, e se existissem Ivone dispensaria, em vida ou fora dela, pois se satisfaz com o choro alegre ou triste que a própria vida lhe legou.
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