Neste sábado intensamente ensolarado, enquanto subia o Sobradinho em direção ao restaurante de Beto Cowboy, um dos poucos talvez o único lugar agradável da cidade para uma cerveja, percebi o portão da escola Almirante Barroso aberto e, entrei. Aquele espaço escolar que aos meus olhos de criança era um mundo, imenso, incontornável, inacessível, agora ficou com a minha adulta e antiga presença um brinquedo pequeno que se quebrou. A construção de pequenos módulos nas laterais da cobertura da área do recreio, alem de outra pequena edificação, que imagino abrigo do zelador ou porteiro, deve ter dado a sensação de que a Escola minguou. Mas não, a escola que era o último prédio da rua foi lentamente sendo tragada pelo crescimento da cidade, ocupando espaços que a visão do Almirante Barroso proporcionava de amplidão, de um mundo somente habitado por nós, seus alunos e professores. A vizinhança de novas casas, ruas, bairros aprisionou da tal modo aquela unidade escolar, assim como já havia acontecido com o cemitério, que aos poucos foi sendo absorvida e apequenada pela cidade em crescimento. O “Almirante” agora cabia em minhas mãos, logo ele que foi régua, compasso e rumo para o meu caminhar.
Mas, as salas por onde andei, as carteiras que sentei, os locais onde brinquei estavam lá. A sala onde cursei o 3° ano primário com a mestra Carmen Navarro, onde fui colega de Rui Araujo, Luiza, Célia Lima, Hildemar e tantos outros, parece ter sido transformada, talvez em caráter temporário, em depósito de livros didáticos distribuídos pelo governo do estado. As salas onde fiz a 4ª e 5ª serie primária estavam sendo pintadas e motivo de reparos e retoques em suas paredes. Sendo que uma delas foi transformada em laboratório de informática o que jamais imaginaríamos naqueles anos pós- Getulio Vargas, nem a professora Zuleide, tampouco os colegas Zé Canhão, Dilma, Darinho de João Melquíades, Iradi Santana, Noquinha, Arlita, Hildécio e tantos mais. Foi bom rever a antiga Escola, em visita deste antigo aluno. Por um momento me vi perfilado na área coberta do recreio, entoando um hino patriótico antes das atividades escolares de cada manhã. Era a vida passando em flashback.
Foto: Maquete do Almirante Barroso
Foto: Maquete do Almirante Barroso
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