sábado, 19 de maio de 2012

Cancion por la unidad de Latino América.



O segundo disco do Clube da Esquina, lançado em 1978, traz uma música do compositor cubano Pablo Milanês, com parte de seus versos traduzidos por Chico, enquanto outros são mantidos em espanhol e interpretada por ele e por Milton, que é a “Cancion por la unidad de latino-américa”. A canção sonha com a união dos países da América Latina transformados em repúblicas populares, de matiz socialista, mas que com o que o passar dos anos só fez realçar as suas diferenças ao invés da união sonhada. Ainda assim no século 20, o Chile conseguiu eleger o seu primeiro presidente marxista, Salvador Allende, que a direita raivosa, aliada ao imperialismo americano, assassinou em um golpe de estado cruel, sangrento e torturador. Estava dada a senha que o continente continuaria sendo área de interesse das grandes potências imperialistas e imune a querelas ideológicas. Quanto ao nosso país, estas diferenças são nitidamente acentuadas pela língua, pela colonização de origem espanhola ao contrário da nossa portuguesa e, a formação antropológica dos países com origens étnicas tão díspares. A recente criação do Mercosul é um exemplo de que a unidade pretendida é muito  difícil tanto política como economicamente. Mas há saídas, sim!

Musicalmente, nos anos 70, artistas como Elis, Fagner, Chico, Milton, Belchior, Diana Pequeno (onde andará Diana Pequeno?) entre outros tentaram esta aproximação com cantores e compositores de origem espanhola, revelando a beleza poética e sonora de Mercedes Sosa, Violeta Parra, Pablo Milanês, Fito Paez, mas o intercâmbio que poderia render mais frutos, não prosperou. Em Cancion por la unidad de latino-américa, os versos finais falam de uma estrela que surge nos céus do Brasil, que é uma celebração ao PT que acabava de nascer, para a esperança de tantos e a decepção de outros tantos como os anos, lamentavelmente, foram confirmando. Mas, mesmo assim, é o único partido brasileiro com uma proposição política originalmente bem clara e longe, bem longe dos arranjos oligárquicos que tem no seu umbigo o centro do mundo. “Já foi lançada uma estrela/prá quem souber enxergar/prá quem quiser alcançar/e andar abraçado nela”.

Foto: Mercedes Sosa

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