terça-feira, 29 de maio de 2012

Roze - A volta da Asa Branca


Conheci Roze no pensionato onde moramos nos Barris, Rua Professor França, 89-A, hoje entrada e saída para a Estação da Lapa. Roze havia passado no vestibular para Arquitetura da UFBA, assim como o amigo Brando nossa colega de pensionato, também aprovado, e bom aluno como sempre foi, recebia a visita de Roze para estudo de prova e elaboração de trabalhos. A Arquitetura não afastou Roze da música, que paralelamente ao curso continuou fiel a sua origem sertaneja exibindo seus dotes artísticos em feiras musicais promovidas pelos diretórios acadêmicos de várias faculdades. Roze era, à época, uma jovem alta, morena, cabelos pretos escorrendo pelas costas e um despojamento no jeito de vestir, misto de reminiscências do movimento hippie e de mulher sertaneja.


Nas várias vezes que fomos a Juazeiro- Bahia, desfrutando da hospitalidade do casal de amigos familiares Dário e Uiara que muito tempo morou por lá, assistimos um show de Roze em uma casa noturna que apresentava aos sábados música ao vivo. O repertório seguia a linha do que ouvíamos nas feiras musicais dos diretórios da UFBA, em que a terra, a saga nordestina passava por sua voz agreste e cortante como uma verdade doída. Pelo que se depreende de seu jeito de cantar e do que cantava Roze nunca pretendeu o estrelato, a glória, a fama, assim como Elba Ramalho de quem trazia um pouco de semelhança na voz e no repertório, mas seduzida pelo esquemão do mercado Elba virou uma Madona do agreste, esticada e modernosa. Isto porem pouco ou nada interessa.  


No inicio deste mês, como uma das muitas homenagens ao centenário de grande Luiz Gonzaga, vários músicos de raízes e origens nordestinas se reuniram no show Baião de Nóis em que reverenciavam o mestre Lua. Passaram pelo palco do TCA os artistas Elomar, Xangai, Gereba Targino Gondim, o Coral do Mosteiro de São Bento, Cicinho do Acordeon e Roze. Não assisti ao espetáculo em 05 de maio, já que cheguei a Salvador, dia 09.05.12, para o show de Chico, no dia 10.05.12, mas vi alguns momentos do show na TVE Bahia e alguns áudios no site do IRDEB. Em uma destas imagens Roze canta Boiadeiro de Luiz Gonzaga, acompanhada pelo violão de Elomar, que não é de tocar prá ninguém, além dele próprio. A voz de Roze continua a mesma, a imagem também, ainda que marcada pela força dos anos que não diminuiu a força de seu canto bruto e seco como o sertão.  A sua presença depois de tanto tempo me levou a buscar o download de uma das faixas dos discos que gravou e consegui, A volta da Asa Branca em um arranjo bonito à base de violões.

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