quinta-feira, 3 de maio de 2012

Segunda Pele - Roberta Sá


Após um disco premiado e fartamente elogiado pela crítica, como Todo canto é reza, não deve ter sido fácil para Roberta Sá, uma das mais bonitas vozes da nova safra de cantoras de MPB, o lançamento do próximo disco. Deve ter persistido a dúvida se seguiria a linha de um disco dedicado a um único compositor, como o anterior, em que o repertório do excelente compositor baiano Roque Ferreira foi o escolhido, tendo a companhia luxuosa do Trio Madeira Brasil, violões e percussão, ou se partiria para algo novo, diferentemente daquele. E como era de se esperar de uma jovem e talentosa artista, Roberta Sá preferiu o salto no escuro, na crença de que uma carreira de artista não pode se prender a fórmula, a esquemas que deram certo e apostou no novo, ainda que cause estranhamento em quem ficou fissurado por Todo canto é reza e na capacidade musical e poética de Roque Ferreira. Melhor assim!    

Roberta se cercou de músicos jovens como ela e se não tão jovens pelo menos experimentais em busca do novo como Moreno Veloso, Dudu Falcão, Rubinho Jacobina, Domenico Lancellotti, Lula Queiroga, João Cavalcanti (Casuarina), do grupo Pedro Luis e a Parede, além do uruguaio Pedro Drexler que traz na bagagem uma premiação no Oscar. O resultado é agradável depois da primeira ou terceira audição, já que músicas como a Lua, Altos e baixos, Segunda Pele, O nego e eu, Pavilhão de espelhos, Arrebol passam a soar íntimas e a quase um passo do nosso MP4. Intimidade que se instaura com a regravação de Deixa sangrar, frevo de Caetano, gravado por Gal no disco LeGal de 1971 e, que Roberta mantém a pegada carnavalesca embora sem as guitarras distorcidas do tropicalismo.  

Foto: Roberta Sá

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