segunda-feira, 29 de julho de 2013

Com a língua solta!



Não resisti. Caí nas mãos sujas do cambista para assisti ontem o show de Nana Caymmi no Teatro Castro Alves. A meia entrada disponível e em poder da velhacaria na porta do teatro, durante toda a tarde, que na bilheteria sairia por R$40,00 foi adquirida por R$60,00. Pegamos a fila Z11, a última da imensa casa de espetáculo, poltronas 10 e 11. Alimentava a esperança que apesar do horizonte distante em que ficamos poderia ser revertido com algumas poltronas vagas, que sempre ocorre, após o apagar das luzes da plateia, quando ninguém mais teria acesso ao teatro e que ocuparíamos de forma solerte as tais cadeiras vagas. Qual o quê! Totalmente lotado de cima a baixo, ninguém mais entrava e dificilmente sairia.

Tinha a impressão que um assunto que toquei em um post anterior, quanto a sua má vontade com a Bahia, difundida por parte da impressa pudesse vir à tona em algum momento do espetáculo. Após uma lista preciosa com canções de Caymmi e embalada por doses frequentes de uísque, estrategicamente posicionado em um pequena mesma a seu lado, Nana soltou os bichos. Acusou a imprensa de fomentar um menosprezo pela Bahia que ela disse nunca ter sentido, ao contrário, pois Salvador é a terra de seu pai, onde ela também nasceu, embora tenha saído muito cedo para o Rio e reconhecendo não ter de fato uma formação nordestina. Todo este pequeno discurso foi entremeado por um rol de palavrões de variados graus de indignação. Um jeito Nana de ser.

Quanto ao que interessa ela continua soberana, intensa como Elis, Betânia em que a emoção está sempre presente em seu canto, sua voz, à flor da pele. O repertório do show é basicamente construído com as canções de Caymmi, mas que cede lugar a uma homenagem tocante a Dominguinhos e ao seu amigo Emilio Santiago, quando anunciou que cantaria mais duas músicas e que o povo fosse prá casa dormir, descansar, que ela iria fazer o mesmo. E finalizou sem bis, sem retorno ao palco, com a canção de ninar Acalanto de Dorival. Era mesmo hora de dormir, tendo a voz de Nana como companhia.

Foto: Teatro Castro Alves

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