Este jogo não pode ser um a um.

                                                                            Luís Fernando Veríssimo

- Sabe como é que eu quero ganhar? De um a zero.

- Gol com a mão...

- Em impedimento.

- Aos cinqüenta do segundo tempo.

- Com alguém sentado no goleiro

- Isso. Alguém sentado na cabeça do goleiro e outros dois segurando as pernas.

- O time deles com oito e nós com treze.

- Treze?

- Os dois bandeirinhas cansaram de torcer e entraram no nosso lado.

- O time deles ficou com oito porque o juiz expulsou o centroavante.

- Porque estava com a camiseta para fora do calção

- O capitão deles veio reclamar e também foi expulso.

- Por má dicção.

- Mas mesmo assim não saia o nosso gol.

- Nosso time em cima, martelando...

- Só mandando balas na área deles.

- E martelos também. Pedra, melancia...

- Dez pênaltis a nosso favor.

- O juiz não marcou mais prá não dar na vista.

- E finalmente, quando eles já estão comemorando o empate...

- O nosso gol.

- Com a mão.

- Em impedimento.

- Que maravilha!

Tudo pela flauta.

PS: "Flauta" em gauchês, corresponde a nossa "gozação"!

Foto: Vitória