Visto a partir do mercantilismo que se espalhou entres as manifestações populares, do qual o carnaval é o exemplo mais bem (ou mal) acabado do comércio predador da alegria, o Forrogoró é tão somente mais um exemplo da inocência perdida. Experiência que tambem vivi de perto, com o Camaleão, em Salvador, como um dos seus integrantes de primeira hora, ao som da banda Acordes Verdes e Luis Caldas, onde bloco era uma especie de confraria entre amigos prá brincar o Carnaval. Longe, distante, desta coisa monstruosa e comercialmente depravada em que se transformou a agremiação, reduto exclusivo de paulistas e adjacências “parmalat”, pregadores da bolsa de valores e jovens executivos da Avenida Paulista. A alegria jamais será a prova dos nove.
O Forrogoró tambem foi uma reunião de amigos, um bloco puxado por um sanfoneiro em cima de uma carroça abastecida de licor e cerveja em lata, tendo a companhia de um prosaico jegue carregando dois caçuás com amondoins cozidos. Descendo as ruas da cidade para espanto e a alegria de quem nos via passar, além do nosso próprio prazer em estar de fato participando e fazendo o São João da cidade.
Fomos talvez um tubo de ensaio daquilo que um dia ele viria se transformar, um produto comercial, vendável e rentável, como tantos pelo estado, pelo país. Mas, foi bom, a nossa alegria não foi em vão. Nunca é.
Foto: Forrogoró - Ano 2000
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