Há alguém que diz “se não for virtuoso, não me
acompanha” pode parecer presunçoso, excesso de imodéstia, mas apenas revelador
do profissionalismo de quem busca a essência da música e o entorno luxuoso para
seu principal é único instrumento de trabalho, que é a sua voz. Rosa Passos não cultiva a modéstia,
naquilo que ela tem de piegas, de jogar para a plateia, quer o melhor para si e
para os que a acompanha, infelizmente, em nosso país em quantidade inversamente
proporcional ao seu talento, bem melhor e mais bem avaliado nos Estados Unidos, Europa e Japão.
Em seu novo trabalho, Rosa se debruça sobre a obra de Djavan, naquilo que ela tem talvez de mais óbvia, de previsível em
alguns momentos, chegando mesmo a ser uma espécie de lado B de suas canções, com regravações que outra artista jamais se
arriscaria a interpretar, como Samurai,
Pétala, Fato Consumado, Faltando um pedaço, Linha do Equador que parecem
exauridas por execuções maciças na voz do próprio autor e de outros
interpretes. Porem, por outro lado, aquelas canções caem como uma luva para o
balanço que a voz de Rosa imprime e
que a música de Djavan se presta com
perfeição, pois dotada de um suingue, de um molejo nacional, para as divisões
surpreendentes da grande intérprete. Tudo parece resolvido se atentarmos que o
grande mercado e público de Rosa Passos
está longe daqui, fazendo todo sentido o repertório escolhido, mais uma vez,
previsível, sem deixar de ser uma novidade para o seu alvo.
Sem dúvida estará em meu MP4 as canções Pára-raio, Lei (linda!) além de Doce
menestrel de autoria de Rosa e
de seu companheiro Fernando de Oliveira,
uma declaração de amor, uma homenagem singela e bem acabada ao autor das
músicas que compõe Samba Dobrado, o
super balanço desta baiana que o mundo lá fora adotou.
Quanto ao confesso
virtuosismo dos músicos que formam a sua banda, nunca foi tão apropriada a
declaração do inicio do texto, já que não outra para definir o talento de Lula Galvão, violão; Jorge Helder, baixo acústico; Fábio Torres e Hélio Alves, piano; Marcus Teixeira,
violão e guitarra entre outros, numa unidade em que a voz de Rosa é tão somente mais um instrumento
a cobrir e colorir as canções de Djavan.
PS: Mirinha, foi assim que senti o novo disco de Rosa, cuja cópia consegui esta semana.
Foto: Rosa Passos
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