quarta-feira, 24 de julho de 2013

Quem falou não está mais aqui...


Vou lembrar sempre de você cada vez que ouvir o seu solo de acordeom na gravação de Desafinado que Gal fez para Índia, seu disco de 73, quando parecia que o manifesto bossa-novista já tinha sido imortalizado com o registro de João. Nunca vou esquecer Lamento Sertanejo, uma parceria com Gil, tanto na voz de Gil como de Elba, esta com sua participação, pois também “Eu quase não durmo, quase não tenho amigo/quase que não consigo/ficar na cidade, sem viver contrariado”.

As suas parcerias com Chico foram além de “Isso aqui tá bom demais” um forró retado que embalou não apenas personagens da novela Roque Santeiro, nos anos 80, mas fez o país cantar e dançar como só o clima de anistia política podia trazer tanta alegria. Mas foi em Tantas palavras que a parceria com o grande artista iria produzir uma jóia musical e poética rara, onde frases de filmes são coladas como palavras ocas “que não tinham tradução/mas combinavam bem”, mas que formou uma canção admirável.
 
Esta pareceria ainda ia dar frutos como Xote da Navegação que Chico incluiu em seu disco As cidades e tem a companhia indispensável de seu acordeom para realçar versos como “Com o nome Paciência/vai a minha embarcação/Pendulando como o tempo/e tendo igual destinação/Prá quem anda na barcaça/tudo, tudo passa/Só o tempo não”. Um grande artista não morre, vira estrela.
 
Foto: Dominguinhos

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