Vou lembrar sempre de você cada vez que ouvir o
seu solo de acordeom na gravação de Desafinado
que Gal fez para Índia, seu disco de 73, quando parecia que o manifesto bossa-novista
já tinha sido imortalizado com o registro de João. Nunca vou esquecer Lamento
Sertanejo, uma parceria com Gil, tanto na voz de Gil como
de Elba, esta com sua participação,
pois também “Eu quase não durmo, quase não tenho amigo/quase que não consigo/ficar
na cidade, sem viver contrariado”.
As suas parcerias com Chico foram além de “Isso aqui tá bom demais” um forró retado
que embalou não apenas personagens da novela Roque Santeiro, nos anos 80, mas fez o país cantar e dançar como só
o clima de anistia política podia trazer tanta alegria. Mas foi em Tantas palavras que a parceria com o
grande artista iria produzir uma jóia musical e poética rara, onde frases de filmes
são coladas como palavras ocas “que não tinham tradução/mas combinavam bem”, mas
que formou uma canção admirável.
Esta pareceria ainda ia dar frutos como Xote da Navegação que Chico incluiu em seu disco As cidades e tem a companhia
indispensável de seu acordeom para realçar versos como “Com o nome
Paciência/vai a minha embarcação/Pendulando como o tempo/e tendo igual
destinação/Prá quem anda na barcaça/tudo, tudo passa/Só o tempo não”. Um grande
artista não morre, vira estrela.
Foto: Dominguinhos
Nenhum comentário:
Postar um comentário