... Em 20 ou 30 anos, quando o contexto político for outro; a composição do STF for outra e, quem sabe, a temperatura for mais baixa nas áreas da banca em que ficam empilhadas as revistas semanais, as pessoas quem sabe se darão conta de que o acórdão, a sentença final do mensalão, é um documento sem pé nem cabeça, sem sustentação alguma, sem lógica interna, e que não foi a “impunidade” a naufragar, mas sua falta de coerência. Quem sabe.
... Desde o 1º dia que venho martelando que a
peça é capenga. Não, não entendo “xongas” de direito. Mas muito especialista
que examinou a papelada reconhece que ali existe mais populismo jurídico do que
competência do fato – foram 37 réus julgados de uma vez só por crimes diversos,
onde já se viu uma coisa dessas?
... Em sua sentença, um juiz precisa deixar
claro para a sociedade os motivos que o levaram a chegar as suas conclusões. No
processo do mensalão, Joaquim Barbosa
fabricou um teatrinho que criou na sociedade brasileira uma série de falsas
expectativas. Havia o papel do bandido, do mocinho, tinha pecha de “maior
julgamento da história” e havia até a certeza indiscutível que viríamos um
final feliz.
Agora, quem criou todas essas esperanças, quem
usou o fígado em vez da ciência, quem deu um chute no traseiro da oportunidade
histórica e se rá o responsável pela frustração de um país inteiro, além de
reforçar uma perigosa polarização entre correntes da esquerda e da direita, é o
mesmo homem capaz de se dizer tão desencantado com o sistema a ponto de
abandonar a toga e se candidatar a presidente. Duvida? Bem, depois não diga que
não foi avisado.
Foto Ministro Joaquim Barbosa
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