Na carona

Charge: Simanca

Não foi tempo perdido...

Imagino o quanto seja desagradável à memoria daqueles que partem e deixa um legado para os seus herdeiros, que se reveste em uma disputa deste espólio que nem sempre é amistosamente bem administrado ou dividido por eles. Com os artistas então o fato extrapola os limites do equilíbrio e da sensatez, chegando a alguns casos arranhar a própria imagem daqueles que nos deixaram, alem de seu trabalho e a nossa dmiração. 

Recentemente os filhos do eterno Dominguinhos se engalfinharam antes do corpo do pai ser dado como inerte, após constatação médica de morte cerebral, ser velado e sepultado, na tentativa de se estabelecer quem tem direito a quê.. Muito triste para o grande sanfoneiro, em qualquer esfera que ele se encontre.

Agora são os componentes do Legião Urbana que se insurgem contra o único filho de Renato Russo, o herdeiro e dono da obra de seu pai, Giuliano Manfredini. A sua relação com os dois componentes da banda Legião Urbana, os músicos Marcelo Bonfá e Dado Villa Lobos, viveu um momento inicial de calmaria para enfim desaguar em turbulência, dado o modo autoritário como vem sendo administrado, por seu filho, tudo que se refere a Renato Russo, sem qualquer conhecimento ou participação de seus antigos companheiros de banda. 

“Rei morto, rei posto”, embora a figura e a marca da maior banda do rock brasileiro continue intacta no consciente de sua imensa legião de admiradores.

Foto: Renato Russo

Chame o ladrão, chame o ladrão...

Estive na agencia do Banco do Brasil em Mundo Novo, três dias antes de sua explosão por uma quadrilha de bandidos, que há muito inferniza a população do interior do estado. O método é sempre o mesmo, bem como a brutalidade da ação, deixando perplexos todos aqueles que conheceram as dependências destes estabelecimentos antes e depois do ocorrido, não importa o município.

Li este semana o comentário de uma jovem mundonovense entristecida com o fato e com a perda para a sua cidade daquela instituição bancária, que era referência não apenas comercial, mas também pública de um patrimônio da cidade e de todos os seus visitantes. Diferentemente de certos elementos pertencentes a corporação responsável pela segurança do estado, que se postam regozijando e tecendo loas a este e outros atentados que em sua visão obtusa cabe apenas as reivindicações de classe não atendidas por autoridades governamentais. É uma espécie de “black bloc” ao avesso, atirando pedras quando devia reprimi-las.

Aliás, à população atônita nada mais resta que não confabular com seus botões, como estes bandidos de alta periculosidade atravessam o estado em todos as suas direções, cruzando estradas, postos policiais, blitz, pedágios, engarrafamentos, carregando munição pesada e provavelmente grande número de marginais, quase um comboio e nada os detém, ninguém os identifica, nenhuma prisão é efetuada, pistas não são conseguidas... por que será?

Foto: Banco do Brasil em Mundo Novo

Dia da Criação (porque hoje é sábado)

Vinicius de Moraes

“...Tudo isto porque o Senhor cismou em não descansar no sexto dia e sim no sétimo.

E para não ficar com as vastas mãos abanando
Resolveu fazer o homem a sua imagem e semelhança
Possivelmente, isto é, muito provavelmente
Porque era sábado.”

Youtube: Trecho do show no Canecão

Era só o que faltava... não falta mais.

Que a mídia corporativa está contra Dilma não é nenhuma novidade. Que estão apelando para tudo o tempo inteiro em jornal, revista, emissora de rádio e televisão, tambem não. 

Como em 2010, quando tudo valia para fazer crescer a candidatura de Serra a Presidência da República, até um astrologo, o Queiroga, foram procurar para se certificaram que os astros conspiravam a favor de Serra. O resultado é conhecido.

Agora é uma astróloga, a Bárbara Abramo, que do breu das tocas surge para turbinar o ânimo dos adversários de Dilma, afirmando “que a Lua Nova em Gêmeos sinaliza o fortalecimento das oposições ao governo, nos próximos dias”. Aecinho e Dudu não tiram os olhos do céu, estão mesmo no mundo da lua

Fonte: Conceição Lemes

Foto: Ilustrativa

Mostra tua força Brasil!

Bacana o jingle do Banco Itau para a Copa do Mundo 2014. A força de sua melodia e de sua letra vai transformar a música no verdadeiro hino do Mundial, tal a forte massificação na grande mídia televisiva, independente de existir um hino oficial da Copa, da qual a Claudia Leite participa com outros artistas internacionais.

Bem sacada a composição de Jair Oliveira, o filho de Jair Rodrigues, e a participação da fofa Fernanda Takai e do titã Paulo Miklos, nos vocais, além do filme como produção comercial que impulsiona a torcida brasileira num congraçamento que é pura emoção mesmo.

...

Mostra tua força Brasil
E amarra o amor na chuteira
Que a garra da torcida inteira
Vai junto com você Brasil

Mostra tua força Brasil

E faz da nação sua bandeira
Que a paixão da massa inteira
Vai junto com você Brasil.

Foto: Fernanda Takai e Paulo Miklos

Globo Esporte Clube Bahia

Pode parecer implicância, má vontade, mas considero mera constatação, o desolamento que observo nas expressões de profunda tristeza que a dupla de apresentadores do Globo Esporte Clube Bahia impoem a suas máscaras em cada derrota do Barcelona de Itinga, como ontem. 

Como não assisto este festival diário de mau profissionalismo e parcialidade, apresentado pelo gordo e a magra, integrantes da Bamor e nas horas vagas, que são todas, apresentadores de programa de televisão, hoje assisti.  Como um sádico, que não sou, mas para exercitar meu espírito de porco, que também não tenho, com a derrota do time para o qual torcem e tambem pelo fato do Vitória não ter perdido nesta mesma rodada, o que contrabalancaria a sua dor., na derrota para o Santos. Oh! 

Mas, acabei vendo o que não queria, como crianças expostas a uma superlotação do estádio Joia da Princesa, comprimidas sobre o alambrado, para desespero delas, dos seus pais e acompanhantes, bem como de todos que presenciaram aquele espetáculo de desorganização e falta de segurança

Como sempre quero acompanhar o desempenho do meu time e dos demais no Campeonato Brasileiro 2014 busco as alternativas disponíveis em programas de esporte do sul, para não ter o desprazer de ver o cinismo e o riso dissimulado de canto de boca destes falsos apresentadores, a cada vitória do Barcelona de Itinga e de possiveis tropeços do Vitória. Espero o dia em que os demais rubronegros se afastem também desta dupla maligna do esporte baiano.

Foto: Globo Esporte - Bahia

Que é que é isso companheiros!

Charge: Angeli

Tá explicado.

Em sua coluna no Globo de hoje, Anselmo Gois informa que "No site do Supremo, o ministro com maior currículo publicado é o do futuro presidente da Corte, Ricardo Lewandowski  com 121 páginas. Em segundo lugar Luiz Fux com 118.
Já o mais reduzido, com apenas uma página, é justamente o do atual presidente Joaquim Barbosa."

Fonte: Anselmo Gois 
Foto: Ricardo Lewandowski

Já vai tarde!

Desperto de sonho que acalentou de ser o candidato da direita nas eleições presidências de 2014, o “bam-bam-bam” das lides jurídicas tupiniquim jogou a toalha e vai vestir seu pijama de aposentado a partir do final de junho deste ano. Os jornalões e conglomerados da grande imprensa que colocaram seus holofotes, suas câmeras fotográficas, seus noticiários, suas manchetes, seus intermináveis minutos de televisão para incensar a sua figura vaidosa e truculenta, recolheu a sua parafernália eletrônica tão logo findou o destilar de seu ódio e sua vingança sobre os culpados de um difuso mensalão.

A justiça e a democracia brasileira só têm a soltar rojões pela saída de cena de quem será lembrado em sua breve passagem pelo STF, por ter comungado princípios que não são inerentes ao saber jurídico, tais como o direito de defesa e a condenação sem provas, pilares que foram negados aos réus do mensalão tal como a grande imprensa sentenciou desde o principio deste escabroso julgamento de exceção.

Foram aulas transmitidas ao vivo pelas grandes redes, de um comportamento que primava pela falta de educação doméstica, destempero verbal, imposição de suas vontades pessoais sobre seus pares, irritação a cada contrariedade aos seus pré-julgamentos, tons agressivos de pretensa intimidação, foram assim seus dias no STF. Enfim, um mau exemplo para as gerações que se aventurarão ao posto supremo, mas que as entidades de classe com soberania e destemor se levantaram a em defesa do exercício da profissão, de modo corajoso e sábio. Já vai tarde! 

Fotomontagem: C/Joaquim Barbosa

A faxineira das canções

Em 1991 Elizeth Cardoso e o violonista Raphael Rabello gravaram juntos aquele que seria o último disco da Divina, o Todo sentimento, título de uma música de Cristovão Bastos e Chico Buarque, incluida no repertório. A voz de Elizeth continua perfeita e o violão de Raphael, também em um dos seus últimos trabalhos, se revela o virtuose conhecido, como em Todos os Tons disco em que ele gravou composições de Tom Jobim.

Dois grandes artistas que a nossa música perdeu, talvez muito bruscamente, como no caso do Raphael Rabello, mas ainda com muito talento e beleza para espalhar pela canção brasileira da qual a gravação de Modinha (Tom e Vinicius) é um exemplo primoroso.

Vídeo: Youtube  

Copa - Operação de Guerra

Os militares responsáveis pelo patrulhamento e segurança das ruas de Salvador no período da Copa, começaram a chegar e a eles se juntarão o efetivo local da policia militar e civil, além do contigente das forças armadas aqui sediado.

Ontem na Base Áerea de Salvador foram apresentados 1.500 homens do Exército e 1.500 viaturas que darão a tranquilidade que se espera na cidade e esperam os nossos visitantes que assistirão aos jogos na Arena Fonte Nova.

Foto: A Tarde

O boneco de Messi

Ficou pronto o virtual Messi que vai ser uma das estrelas do programa Central da Copa, da TV Globo, que será apresentado por Alex Escobar e Thiago Leifert, durante o Mundial.

O boneco do craque argentino ganhou uma especie de máscara eletrônica criada pelo cartunista e escultor Ique. Ele levou meses para acertar cada detalhe da expressão do jogador. Quem viu diz que tá idêntico. Dá até nervoso!

Fonte: Coluna Gente - O Globo

Parando a cidade.

A greve dos rodoviários em Salvador que tanto sacrifício trouxe à população menos favorecida da cidade, cuja percepção é clara para àqueles grevistas, já que em sua maioria é oriunda destas mesmas tais classes desfavorecidas, assim como o movimento de paralisação dos policiais, cuja liderança, muito justamente, mofa em algum presídio brasiliense, chegam ao fim com o recolhimento dos cacos dos estragos que causaram.

Comerciantes e comerciários, estudantes, trabalhadores em geral e a população como um todo se veem privados de exercerem suas atividades pela truculência reivindicatória de meia dúzia de três ou quatro que buscam satisfazer suas ambições políticas pessoais em detrimento de toda uma cidade.

Terça feira em busca de um Tabelionato de Notas para o reconhecimento de firma de um documento, verifiquei que a sala de espera do cartório tinha o número de sempre de despachantes e interessados na espera de atendimento, enquanto apenas um funcionário atendia aquela multidão em busca de um carimbo, um selo, uma assinatura, um penduricalho burocrático. 

Fica-se a imaginar como aquela quantidade de pessoas conseguiu chegar ao cartório e os funcionários que ocupam os mais de 06 guichês do Tabelionato, não. Qual o privilégio de locomoção que aqueles que lotavam a sala de espera tiveram, e que não foi acessível aos funcionários deste mesmo cartório que provavelmente erraram o caminho e foram bater em alguma praia, algum churrasco, com certeza pagode, outro batuque em solidariedade aos rodoviários que por certo estavam fazendo o mesmo, na mesma praia ou em outra distante da cidade. E a culpa é da Copa.

Foto: Estação da Lapa

Maio, já está no final...

“Maio, já está no final/o que somos nós afinal/se já não nos vemos mais/estamos longe demais/longe demais”, assim como os versos iniciais de uma canção do Kid Abelha, na voz de Paula Toller, estamos longe demais, mas nada que nos afaste tanto que não possamos comemorar todos os aniversários que maio nos traz. São amigos, afilhados, comadres, cunhados, sogra, irmãs, sobrinhos, a querida filha Camila e o locutor que vos fala reunidos em alguma esfera astral escolheram maio para entrar no cenário terrestre e brilhar em variados tons de luminosidade.

Alguns momentos foram celebrados, outros lembrados, jamais esquecidos nesta conjunção de amigos que o mês de Maria, de tantas lembranças em minha infância na “cidade alegre”, agrega e eterniza a cada ano, espalhando alegria, saúde e paz a todos que nasceram sob as graças de Touro ou Gêmeos.

Foto: Camila (1994)

O relógio da Copa 2014

Ao chegar a Salvador, sábado, passando pelo Dique notei que o relógio digital em frente à Arena Fonte Nova que marca a quantidade de dias que faltam para o início da Copa do Mundo -2014, mostrava que estávamos a apenas 19 dias do grande evento. Caminhando todas as manhãs em volta do Dique vi quando foi instalado o relógio e os mais de 1.200 dias que sinalizavam o começo da Copa no Brasil, o que me despertava certa inquietação, pois era tempo demais para a espera.

Mas, o tempo passou rápido como só o tempo costuma pasar e, só estamos agora a quinze dias de Brasil x Croácia no Itaquerão, em São Paulo, finalizando ou superdimensionado o sucesso ou fracasso de nossa seleção. Bem como, sepultando este papo otário de nossas prioridades, como saúde e educação, numa mistura de alhos com bugalhos, pretensamente politizado por um ufanismo oportunista, solto em qualquer bar da cidade. 

O custo com a Copa é 10% de nossos investimentos seja em educação ou saúde, mostrando que nossa carência nestas áreas é muito mais uma questão de gerenciamento, da corrupção crônica do país que propriamente de falta de recursos.

Foto: Dique do Tororó

Inverno - E que tudo mais vá pro inferno

Bom acordar com o barulho da chuva sobre o telhado. Foi assim que a cidade alegre despertou prá mais um dia de trabalho ou maresia, a depender de seu posto de observação, lavada de água da chuva que vinha se insinuando, mas nada mostrava além de pingos esparsos. Pois chegou, de mansinho sem a impetuosidade das chuvas do sul e sudeste do país, mas boa para o feijão de corda, o andu, a mandioca, os frutos da terra.

Neste outono que por aqui não existe, onde tudo é sol, trovoada e frio de junho, a chuva chega e se instaura em todo país e aqui só respinga, mas este inicio de manhã enfim, ela chegou. Que tenhamos um bom dia, ainda que frio, mas nada que um agasalho, uma taça de vinho ou conhaque, raiva do nosso time de coração, o calor da pessoa amada, não aqueça neste inverno, e que tudo mais vá pro inferno!

Foto: Ilustrativa

O Plano Inclinado Gonçalves

As viagens que tenho feito a Salvador, de volta prá casa, são sempre muito rápidas e os lugares que ando pela exiguidade do tempo são sempre os mesmos, não chego a constatar mudanças que acontecem na cidade e passam por mim despercebidas. Um exemplo é o Plano Inclinado Gonçalves parado e um dos muitos legados malditos deixado pelo impronunciável ex-prefeito de salvador em dois desastrados mandatos.

Recentemente na cidade, fazendo compra no Comércio, cidade baixa, onde sempre vou em busca do que preciso adquirir, notei que o Plano subia e descia como há muito, tempo de esquecer a sua existência tal a incompetência do desprezível ex-prefeito. Cheguei até um dos ascensoristas e perguntei quando tinha sido a reabertura do Plano Inclinado ao que fui informado que desde antes do Carnaval as duas cabines já faziam a ligação da cidade alta e baixa, para a alegria dos comerciantes da área que mais sentiram a sua paralisação. 

São ícones da cidade cuja manutenção e funcionamento são indispensáveis, além de estarem incorporados ao nosso dia a dia, além de serem cartões postais da querida cidade. 

Foto: Plano Inclinado Gonçalves

Nossos ídolos já não são os mesmos.

O roqueiro Lobão nunca foi propriamente um ídolo, se muito uma figura folclórica do rock Brasil-80, dentro daquela explosão de boas bandas que predominaram e fizeram carreira no cenário musical da década. Ele se notabilizou mesmo pelos maus tratos aos colegas, pelo uso de drogas, que resultou em algumas prisões e, a criação de poucas melodias audíveis das quais “Me chama” é o único exemplo. A decadência, a falta de espaço no show business nacional, o passar dos anos, o descontrole verbal, transformaram Lobão numa figura ressentida, agressiva, careta e extremamente reacionária, cujo fim não poderia ser outro que não as páginas enlameadas da “revista veja”, onde destila seu ódio e veneno de uma “vida bandida”. 

O vocalista Roger, da banda paulista Ultraje a rigor é outro que não suportou a aceleração do tempo, pois lhe faltava talento e força prá prosseguir e sucumbiu ao conservadorismo e ao seu único sucesso, Inútil, cujo refrão sintetiza a sua pobreza musical e gramatical com a constatação de “inútil, a gente somos inútil”. Hoje juntamente com Lobão representa a negação da rebeldia do rock que protagonizaram um dia e, resmungam amargurados a falta de reconhecimento e do pouco sucesso que tiveram em alguns momentos de suas vidas.

Os nossos ídolos mesmo, como Caetano, Chico, Gil, o Rei, Djavan entre outros, sob a chancela do instituto Procure saber, dirigido pela detestável Paula Lavigne, tiveram suas carreiras arranhadas com o episódio das biografias não autorizadas em que se posicionaram de forma a confrontar a liberdade da expressão, que eles foram exemplares em sua defesa em outro momento da nossa história. A polêmica que por muito tempo ocupou a mídia com ataque e defesa não foi uma iniciativa bem sucedida, e deixou a pecha de conservadores e elitistas em artistas que sempre professaram novas ideias e foram responsáveis pela modernização de nossa música pós-bossa-nova.

Parece que os anos não são boa companhia aos nossos artistas. O exemplo mais recente foi dado por Ney Matogrosso que longe do país verbalizou em uma rádio portuguesa, opiniões que ele nunca teve a coragem de expressar por aqui. Mostrou aos portugueses que seu conhecimento da nossa realidade não passa das manchetes dos nossos (lá deles) grandes jornais e seus colunistas, pois a sua covardia é a mesma da imprensa nativa, cujo pensamento ele reproduziu, como um papagaio. “Nossos ídolos ainda são os mesmos/e as aparência não enganam não”.

Foto: Ney Matogrosso

De quem será a Copa?

Charge: Angeli

Casco verde ou casco escuro?

Como garçom ou auxiliar de balcão no bar do mano, na Praça Getúlio Vargas, sempre perguntava ao cliente, quando ia atender ao pedido de uma cerveja:

- Casco verde ou casco escuro?

A preferência era sempre pelo casco escuro, mas a pergunta era pertinente para não causar uma recusa por parte do freguês. Nunca soube, muito bem, a razão da escolha, mas as cervejarias logo souberam, tanto que não demoraram a uniformizar o vasilhame das cervejas, para as tais garrafas escuras, quer dizer, marrom.

Os parcos conhecimentos de física e química que esquecei ou perdi, juntamente com os vestibulares para ciências exatas, nas salas da UFBA, serviram para alguma coisa. O casco verde, pela claridade do seu vidro, facilitava uma maior incidência dos raios solares, alterando a sua composição e, por conseguinte, o sabor da cerveja. Façamos de conta que sim. Não vou sair, por ai, trombando com a física, tampouco com a química, ou seus cientistas e adoradores.

Mas, prá mim era mais um chilique de biriteiro, cuja especialidade, ou falta de assunto, é reclamar de tudo – da mesa em falso, da calabresa crua, do mel de rapadura das caipirinhas e da descarga quebrada do banheiro.

Foto: Ilustrativa

Por dia nascer feliz

Na véspera da celebração de mais um ano de vida, nada como refletir sobre o tempo e sua passagem por nossa vida. Às vezes penso em sua aceleração na contagem dos anos que fui acumulando e, sempre me perguntando o que fiz, qual o legado que deixo, e o que ainda posso fazer. O saldo é bom, mesmo que a vida não seja um livro de contabilidade com ganhos e perdas, pois tudo se entrelaça e se justifica seja na alegria e na dor, pelo merecimento da graça de Deus.

Deixo que o tempo fale por mim em canções de artistas que admiro e fizeram a trilha sonora de todos estes anos, em variados momentos de nossa vida:

O tempo vai apagar – Luís Melodia

O tempo não pára – Cazuza

Quando eu me chamar saudade – Beth Carvalho

Tempo rei – Gilberto Gil

Todo o sentimento – Chico Buarque

Oração ao tempo – Caetano

O inverno do meu tempo – Cartola

Brincar de viver – Maria Betânia

Só nos resta viver – Ângela Rô Rô

Loucos de cara – Vitor Ramil.

Foto: Chico Buarque

Você abusou!

Desabafo de um torcedor contra as declarações discriminatórias e racistas do presidente do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, por ocasião da retirada do jogador Alan Kardec do Palmeiras:

Não vou me rebaixa a você, Aidar, porque amo árabes, como adoro negros e amarelos. Miscigenei com 15 etnias. Nessa vida, tenho filhos multicores. E você abusou. Insinuou que no São Paulo só jogam bem-nascidos, caucasianos como Kaká, que segundo você “tem todos os dentes”.

Pensa que eu não sei que você quis cutucar Corinthians, Flamengo e as massas descamisadas? E quantos craques tricolores não nascerem pobres, filhos de desdentados. Desinfete sua alma. Lave sua boca para falar do meu povo. Do contrário será tão relevante quanto um dente siso.

Fonte: Revista Placar
Foto: Carlos Miguel Aidar

O baiano é cordial

Assim como o “Gervásio do Simão”, o baiano é cordial e, este é o nosso trunfo hospitaleiro para recepcionarmos os visitantes que estarão por aqui, como demonstram as lotações de jogos como Espanha x Holanda ou Alemanha x Portugal, além de França x Suiça que ocorrerão por aqui pela Copa do Mundo 2014.

Vejo com candente espírito de sociabilidade urbana, o modo como motoristas, cobradores, ambulantes, baleiros, baianas de acarajé, sorveteiros, profissionais da área de serviços em geral, se tratam e se cumprimentam quando prestam seus serviços e vendem suas mercadorias aos seus clientes agradecidos: “De nada nêgo”, “oi nêgo”, “Deus te acompanhe nêgo”, “Jesus te abençoe nêgo”. E por ai vão as saudações entre membros desses extratos sociais que se igualam e se correspondem por uma convivência, ainda que seja na teoria, fraterna.

Talvez este derramamento de amabilidade desperte algum espanto aos nossos visistantes, mas eles logo compreenderão a saudação já que também serão assim tratados. O que merece mesmo certa atenção é com um certo linguajar típicamente baiano, ouvido em conversasões de membros de qualquer classe social, mas assimilável a qualquer brasileiro que venha assistir os jogos aqui na Arena Fonte Nova. 

Já com os possíveis alemães, holandeses, franceses, iranianos, suiços, espanhóis que por aqui aportarem na torcida das seleções de seus países, o buraco é mais embaixo. Explicar a um alienígena o que significa “a culhão”, “aluado”, “ópai-ó”, “mocofaia”, “gazo”, “fudistério”, “zuada”, “varapau”, “sacrista”, “pão donzelo”, “se assunte”, “pucumã”, “primo carnal de Buck Jones”, “inhaca” é tarefa para contorcionista ou então para o Dicionário de baianês, do Nivaldo Lariú, cujo exemplar deve andar na mochila de cada visitante, antes de fazer cara de paisagem.  

Foto: Grupo de turistas em Salvador

Águas em profusão

Informação do jornalista Ruy Castro, na Band News FM, onde ouvi, faz referência a uma pesquisa realizada por uma empresa de consultoria internacional, em que o brasileiro aparece como o povo do mundo que mais toma banho. Brasil! Brasil! Brasil! Com o percentual de 19,8 banhos por semana, lideramos o chuveiro mundial para desespero do Greenpeace e do Sistema de Abastecimento Cantareira da cidade de São Paulo.

A curiosidade maior vem do percentual fracionado para a quantidade de banhos semanais e não um banho interio. É possível que tenha sido computado o “banho de cuia”, que é um banho pela metade, um banho ao meio, um banho complementado por um desodorante da Avon e uma colônia forte do Boticário.

Pelo menos temos algo positivo a apresentar aos nossos visitantes na Copa do Mundo de 2014 e não apenas ônibus incediados, protestos, passeatas, greves, manifestações, o capeta chupando cana. Pode pintar tudo isso, mas praticado por um povo limpinho, perfumado e cheirando bem.

Foto: Ilustrativa 

Fantasmas do passado

Independente das discussões sobre as opções partidárias, candidatos, escândalos, mensalões, pode se questionar tudo, menos negar a qualidade do comercial do PT, levado ao ar esta semana e que tanto alvoroço causou nos grandes jornais e nas redes sociais. O pequeno filme “Fantasmas do passado” prende pelas imagens antes e depois das conquistas sociais do Partido dos Trabalhadores, quando comparado ao governo anterior, em 2002, e às propostas dos atuais postulantes ao cargo de Presidente. 

São imagens que contrastam a perplexidade dos personagens hoje, com o que eram no passado, com uma trilha sonora que ajuda a criar o clima de desesperança. Um passado fantasmagórico, com imagens cinematográficas, tão assustador quanto a aparição noturna de Regina Duarte, dizendo ter medo de Lula e da perda da estabilidade econômica do Plano Real costurada por seu partido ou por quem lhe pagou para encenar a peça.

Dudu e “aecinho” subiram nas tamancas, de onde, aliás, nunca desceram, acusando o filme e o seu conteúdo de “terrorismo”, com a mesma credibilidade dos percentuais que os dois apresentam nas pesquisas eleitorais conseguidos em Pernambuco e em Minas Gerais e superdimensionados pelos institutos amigos. Voltando ao filme, João Santana, o marqueteiro baiano, é o cara! 

Vídeo: Youtube

Ao vencedor, as batatas.

A forma covarde e desumana como Jaime de Almeida foi demitido do Flamengo; o procedimento semelhante tomado pelo Palmeiras com o seu treinador Gilson Kleina; o aliciamento da diretoria do São Paulo ao jogador Alan Kardec, tirando-o na calada da noite do Parque Antarctica são alguns exemplos de como se comportam as administrações dos clubes brasileiros, que reflete o baixo nível do futebol praticado por estes clubes e pelo futebol brasileiro como um todo.

Ontem o último clube brasileiro, o Cruzeiro, que restou dos oito que iniciaram a disputa pela Copa Libertadores, foi eliminado, em uma competição cujos participantes representam em termos de qualidade e expressão nacional, a segunda divisão de seus países. Nem disputando com times de segunda, os nossos representantes considerados de primeira, como o próprio Cruzeiro, o Campeão Brasileiro de 2013, consegue se classificar. 

A esperança de razoável presença na Copa do Mundo 2014 pode vir da Legião Estrangeira que nos representará, já que com esta turma daqui, nem nos classificaríamos para disputa, se ao país sede não coubesse a prerrogativa de estar isento desta busca pela classificação.

Charge: Bola nas costas

Chá de Panela

Hermeto Pascoal é um desses artistas brasileiros cuja grandeza musical transcende a sua criatividade para além dos instrumentos tradicionais como flauta, acordeom, piano e teclados que ocupa o seu espaço de grande músico. Hermeto vai adiante e busca sons nos utensílios domésticos como bacias, panelas, colher de pau, chaleiras, funil, latas e até caveira de burro, canela de boi tudo que emite som cabe na sua música.

Os compositores Guinga e Aldir Blanc resolveram lhe fazer uma homenagem em um baião cujo titulo é Chá de Panela, gravado por Leila Pinheiro em seu disco Catavento e Girassol, cujo repertório foi todo composto pela dupla Guinga e Aldir. A letra é um achado de boa poesia e humor, próprio da inventividade poética de Aldir, que passeia por este universo de Hermeto em que os mais estranhos objetos ao mundo da instrumentação musical são utilizados em sua música e são homenageados na letra. 

A primeira vez que ouvi a gravação da Leila ri muito, imaginando a cena descrita pelo Aldir Blanc em que aqueles estranhos instrumentos domésticos adquirem vida musical e saem se relacionando com fogões, geladeiras, liquidificadores, farinheira, saleiro, secador numa tremenda zona na hipotética cozinha musical do bruxo Hermeto. Vale a pena ouvir.

Vídeo: Youtube - Leila Pinheiro

CPIs eleitorais!

Charge: Simanca

Fogo no rabo!

Uma programação de festa de São João, cuja atração principal é o show de uma “coisa” chamada Pablo, representante-mor de uma aberração inominável que atende pela alcunha de “arrocha” – o velho bolero em rotação alterada – merece é desprezo. Já que essas autoridades municipais se sentem acuadas por seus próprios munícipes, aqueles mesmos que reclamam destas mesmas autoridades o atraso nos salários ou nas prestações de serviço, deveriam num gesto de grandeza e sensibilidade política reconhecer a incapacidade de seu municipio em promover tal evento, sob pena de comprometar ainda mais as combalidas finanças públicas. 

Essas autoridades talvez até tenham esta compreensão do problema, embora hesite em comunicar a decisão ao seu eleitorado, e ao dos outros, aquela massa eternamente ávida pelo circo, independente do pão. Os dividendos políticos pelo gesto são devastadores e, ninguém quer correr este risco de pagar a conta; esta, e outras.

Mas, deveriam deixar a tarefa para a iniciativa privada. Que empresários e bandas banquem a festa, cobrem ingressos, personalizem camisas, busquem patrocínio das cervejarias, contratem estrelas das paradas e das baladas, aluguem um pasto, armem o mafuá e assim se fará o São João com Pablo, Anitta, Latino, Psirico qualquer bagulho desses, do qual o negócio da música oferece às rumas. 

Foto: Ilustrativa

Inferno astral!

A revista alemã Der Spiegel desta segunda feira, 12.05.14, faz em reportagem de capa uma assustadora análise sobre os riscos de vir ao Brasil para assisitr a Copa do Mundo 2014. A própria capa já denuncia o que virá em suas páginas. A bola oficial da Copa, em chamas, paira sobre a Baía da Guanabara como resumo do inferno astral que viverá aquele que se aventurar a acompanhar os jogos nas cidades-sede, mais enfaticamente no Rio de Janeiro.

Incêndios de ônibus, paralizações, greves, protestos, manifestações, assaltos, tráfico e traficantes nada escapa ao quadro de terror traçado pela publicação alemã, que infelizmente não foge à realidade. Apenas amplia de modo sensacionalista perigos que são comuns às grandes cidades, ao tempo que faz coro com a mídia nativa que quer mesmo ver o circo pegar fogo, imaginando com isso catar uns votos para “aecinho”. Ninguem merece!

Foto: Revista Der Spiegel

Sobradinho.

Pirão de peixe com pimenta foi um dos primeiros discos da dupla Sá e Guarabira, após ser desfeito o trio Sá, Rodrix e Guarabira, quando Zé Rodrix resolveu partir em carreira solo, se transformando em um grande sucesso nacional, embora efêmero. Quanto a Sá Guarabira continuam vivos e desfrutando do mesmo prestígio de quando iniciaram a carreira em dupla, em que pese os novos tempos e novos e comerciais apelos sonoros.

Sobradinho abre aquele disco com uma crítica à criação da barragem que estanca o Rio, inundando cidades, destruindo a natureza, criando a ilusão de que o "sertão vai virar mar" na extensão do imenso lago formado pela represa da hidroelétrica. Também faz parte deste disco outro grande sucesso da dupla, Espanhola, que já recebeu dezenas de gravações pelos mais variados artistas.

Vídeo: Youtube

Vire carranca em defesa do Velho Chico!

O Rio São Francisco está em risco é preciso defendê-lo. Por isso o Comitê do Rio São Francisco lançou a campanha “Eu viro carranca para defender o Velho Chico” que busca conscientizar a população sobre a necessidade da preservação e revitalização do rio. Com uma extensão de 2.700 quilômetros, é o maior rio que nasce e deságua em nosso país.  

Mobilize-se! Participe! Vamos juntos eleger o dia 03 de junho como o Dia Nacional em Defesa do Rio São Francisco. O Chico é um velho guerreiro, rio do povo brasileiro! Quem maltrata o São Francisco, maltrata o Brasil inteiro!

Fonte: Comitê em defesa do Velho Chico

Nheengatu - O novo disco dos Titãs.

Acaba de ser lançado o novo disco dos Titãs, hoje transformado em quarteto, para quem já foi um octeto, Nheengatu, em que temas como pedofilia, pobreza, drogas, preconceito, racismo são expostos em letras pontuadas por guitarras estridentes e cruas que fazem lembrar os inesquecíveis Cabeça dinossauro e Jesus não tem dentes no país dos banguelas, conforme críticos que já tiveram acesso ao novo som. É de se ouvir!

Foto: Capa do novo disco dos Titãs