quinta-feira, 22 de maio de 2014

Nossos ídolos já não são os mesmos.

O roqueiro Lobão nunca foi propriamente um ídolo, se muito uma figura folclórica do rock Brasil-80, dentro daquela explosão de boas bandas que predominaram e fizeram carreira no cenário musical da década. Ele se notabilizou mesmo pelos maus tratos aos colegas, pelo uso de drogas, que resultou em algumas prisões e, a criação de poucas melodias audíveis das quais “Me chama” é o único exemplo. A decadência, a falta de espaço no show business nacional, o passar dos anos, o descontrole verbal, transformaram Lobão numa figura ressentida, agressiva, careta e extremamente reacionária, cujo fim não poderia ser outro que não as páginas enlameadas da “revista veja”, onde destila seu ódio e veneno de uma “vida bandida”. 

O vocalista Roger, da banda paulista Ultraje a rigor é outro que não suportou a aceleração do tempo, pois lhe faltava talento e força prá prosseguir e sucumbiu ao conservadorismo e ao seu único sucesso, Inútil, cujo refrão sintetiza a sua pobreza musical e gramatical com a constatação de “inútil, a gente somos inútil”. Hoje juntamente com Lobão representa a negação da rebeldia do rock que protagonizaram um dia e, resmungam amargurados a falta de reconhecimento e do pouco sucesso que tiveram em alguns momentos de suas vidas.

Os nossos ídolos mesmo, como Caetano, Chico, Gil, o Rei, Djavan entre outros, sob a chancela do instituto Procure saber, dirigido pela detestável Paula Lavigne, tiveram suas carreiras arranhadas com o episódio das biografias não autorizadas em que se posicionaram de forma a confrontar a liberdade da expressão, que eles foram exemplares em sua defesa em outro momento da nossa história. A polêmica que por muito tempo ocupou a mídia com ataque e defesa não foi uma iniciativa bem sucedida, e deixou a pecha de conservadores e elitistas em artistas que sempre professaram novas ideias e foram responsáveis pela modernização de nossa música pós-bossa-nova.

Parece que os anos não são boa companhia aos nossos artistas. O exemplo mais recente foi dado por Ney Matogrosso que longe do país verbalizou em uma rádio portuguesa, opiniões que ele nunca teve a coragem de expressar por aqui. Mostrou aos portugueses que seu conhecimento da nossa realidade não passa das manchetes dos nossos (lá deles) grandes jornais e seus colunistas, pois a sua covardia é a mesma da imprensa nativa, cujo pensamento ele reproduziu, como um papagaio. “Nossos ídolos ainda são os mesmos/e as aparência não enganam não”.

Foto: Ney Matogrosso

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