Certa feita em Morro do Chapéu, enquanto lia um jornal na companhia de uma Schin, no Bar de Nito, na Praça do Mercado,
um grupo, desses de pé de balcão, falava sobre as cidades da região, tecendo
elogios ou fazendo reparo quanto ao seu cotidiano e da impressão sobre seus moradores.
Quando chegou a vez de Piritiba
agucei os ouvidos pois, sabia que o que viria já conhecia de cor ou para
surpresa não, mas tudo se confirmou. Expressões como “povo metido a besta”, “mal-educado”,
“nariz empinado”, “onda de rico” entre outras de alto teor depreciativo que
silenciosamente concordava, e ria, já que era um testemunho diário dessas
grosserias próprias de gente que se deu bem na vida (como uns e outros neste
período eleitoral).
Nesta temporada na “cidade alegre” tinha como
endereço o centro do Ali Babá, o
núcleo que, com as exceções de praxe, se deu bem na vida, deixando de lado a
convivência harmoniosa que sempre caracteriza uma vizinhança, esteja onde
estivermos. Bom dia, um sorriso, um leve interesse sobre a sua vida, sua atividade
profissional, sem qualquer sinal de bisbilhotice, mas uma solidariedade que todos
nós, em graus diferentes de carência, sempre nos conforta, nos integra, mesmo
que jamais venhamos precisar de um copo d’água sequer. Qual o quê! Indiferença,
má vontade, olhar de superioridade, carranca de cão bravo, clausura além das
garagens e dos jardins, a solidão de seus carros financiados, um caminhão de
argumentos com que poderia me aproximar daquele grupo de pé de balcão, em Morro do Chapéu, mas não.
Enfim, longe do Ali Babá, mas seguindo a trilha, descendo a ladeira, hoje tenho
novo domicilio residencial, talvez uma espécie de Ali Blá Blá, pois em meio a pessoas loquazes, educadas, solidárias,
prestativas que não esqueceram a mais antiga manifestação do convívio social, o
cumprimento que nos humaniza, nos iguala: “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”.
Foto: A solidão do Trem da Leste
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