O Pasquim
que este ano completou 45 anos de seu primeiro exemplar foi e continuará sendo
um marco na imprensa brasileira, nunca mais se leu jornal com o advento daquele
semanário genial. Aquele ar sisudo, solene, de falsa importância que
caracterizava os grandes jornais foi trocado por uma linguagem coloquial, de
como quem fala ao pé do ouvido para contar uma novidade ou uma tremenda
sacanagem contra os poderosos de então.
A cada edição de O Pasquim, logo abaixo de seu nome e sua marca, havia uma frase editorial
que era uma espécie de senha, de porta de entrada para aquele mundo louco onde a
inteligência e a sagacidade escorriam aos borbotões, sem peias, solto na buraqueira,
mesmo que estes buracos tenham sido tentado, sempre tentado pela ditadura militar
de 64. O Pasquim escorregadio, dava
a volta por cima, mesmo com a prisão de toda turma, em 1971, o grande semanário
não se quedou, pois seus amigos e colaboradores seguraram a onda até o fim da
gripe que se abateu sobre a galera.
Abaixo algumas dessas frases editoriais que
escolhi enquanto, ontem à noite, relia
uma edição condensada de vários exemplares, coordenada pelos jornalistas e
fundadores d’ O Pasquim, como Jaguar e Sérgio Augusto:
Por uma gargalhada
maior numa dentadura cariada
Em cima do fato! Ou
embaixo, tanto faz.
Tesoura, sim! Alicate,
não!
A União faz a farsa.
O Pasquim: Porta-voz
dos surdos-mudos.
É relinchando que a
gente se entende.
Quem vota seus males
enxota!
Contra a prisão de
ventre e a favor da luta livre.
O importante não é
vencer. É sair vivo.
Ou vai ou racha. Nós
achamos que racha.
Um jornal que se vende,
mas nunca se deixa comprar.
Foto: Capa do Pasquim
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