quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Faz tanto tempo...

O Pasquim que este ano completou 45 anos de seu primeiro exemplar foi e continuará sendo um marco na imprensa brasileira, nunca mais se leu jornal com o advento daquele semanário genial. Aquele ar sisudo, solene, de falsa importância que caracterizava os grandes jornais foi trocado por uma linguagem coloquial, de como quem fala ao pé do ouvido para contar uma novidade ou uma tremenda sacanagem contra os poderosos de então.

A cada edição de O Pasquim, logo abaixo de seu nome e sua marca, havia uma frase editorial que era uma espécie de senha, de porta de entrada para aquele mundo louco onde a inteligência e a sagacidade escorriam aos borbotões, sem peias, solto na buraqueira, mesmo que estes buracos tenham sido tentado, sempre tentado pela ditadura militar de 64. O Pasquim escorregadio, dava a volta por cima, mesmo com a prisão de toda turma, em 1971, o grande semanário não se quedou, pois seus amigos e colaboradores seguraram a onda até o fim da gripe que se abateu sobre a galera. 

Abaixo algumas dessas frases editoriais que escolhi enquanto, ontem à  noite, relia uma edição condensada de vários exemplares, coordenada pelos jornalistas e fundadores d’ O Pasquim, como Jaguar e Sérgio Augusto:   
Por uma gargalhada maior numa dentadura cariada
Em cima do fato! Ou embaixo, tanto faz.
Tesoura, sim! Alicate, não!
A União faz a farsa.
O Pasquim: Porta-voz dos surdos-mudos.
É relinchando que a gente se entende.
Quem vota seus males enxota!
Contra a prisão de ventre e a favor da luta livre.
O importante não é vencer. É sair vivo.
Ou vai ou racha. Nós achamos que racha.
Um jornal que se vende, mas nunca se deixa comprar.

Foto: Capa do Pasquim

Nenhum comentário:

Postar um comentário