O documentário “Setenta” é mais uma incursão do
cinema sobre a ditadura militar, desta vez abordando o número de brasileiros
trocados pelo embaixador suíço, Giovani
Enrico Bucher, em mais um seqüestro de autoridades estrangeiras praticado
por grupo de esquerda que se opunha ao Golpe
Militar de 64.
Como sempre ocorria em ações assim, o
embaixador foi trocado pela libertação de 70 presos políticos que apodreciam
nos subterrâneos da ditadura e deportados para o Chile que vivia a efervescência de uma experiência socialista
chefiada pelo presidente Salvador
Allende. A curiosidade do documentário, baseado em entrevistas daqueles
jovens idealistas, em sua maioria universitários e operários sindicalistas,
liderados por Carlos Lamarca, é que
a tortura não é o centro da narrativa, comum em filmes do período. O enfoque
que atravessa todo filme é a festa com que os brasileiros foram saudados pelos
chilenos, desde o aeroporto até a sua convivência diária no exílio, registrada
em imagens preciosas daquela recepção, em janeiro de 1970.
Os brasileiros eram saudados como herois que
lutaram contra a ditadura assassina e recepcionados aonde chegassem com taças
de vinho entre outros mimos. O trágico da história é que aquela euforia
socialista estava a caminho do fim, decretada pela política americana de varrer
a experiência do governo popular de Salvador
Aleende, o que viria a se consumar em 1973, onde muitos daqueles chilenos em
festa foram trucidados pelas baionetas da covardia fascista. O resto é história.
Foto: Cartaz de Setenta
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