segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Setenta

O documentário “Setenta” é mais uma incursão do cinema sobre a ditadura militar, desta vez abordando o número de brasileiros trocados pelo embaixador suíço, Giovani Enrico Bucher, em mais um seqüestro de autoridades estrangeiras praticado por grupo de esquerda que se opunha ao Golpe Militar de 64.     

Como sempre ocorria em ações assim, o embaixador foi trocado pela libertação de 70 presos políticos que apodreciam nos subterrâneos da ditadura e deportados para o Chile que vivia a efervescência de uma experiência socialista chefiada pelo presidente Salvador Allende. A curiosidade do documentário, baseado em entrevistas daqueles jovens idealistas, em sua maioria universitários e operários sindicalistas, liderados por Carlos Lamarca, é que a tortura não é o centro da narrativa, comum em filmes do período. O enfoque que atravessa todo filme é a festa com que os brasileiros foram saudados pelos chilenos, desde o aeroporto até a sua convivência diária no exílio, registrada em imagens preciosas daquela recepção, em janeiro de 1970.

Os brasileiros eram saudados como herois que lutaram contra a ditadura assassina e recepcionados aonde chegassem com taças de vinho entre outros mimos. O trágico da história é que aquela euforia socialista estava a caminho do fim, decretada pela política americana de varrer a experiência do governo popular de Salvador Aleende, o que viria a se consumar em 1973, onde muitos daqueles chilenos em festa foram trucidados pelas baionetas da covardia fascista. O resto é história.

Foto: Cartaz de Setenta

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