A revolta médica tem como centro do protesto o
programa Mais Médicos que colocou a
serviço da população brasileira profissionais de saúde em locais que os nossos
médicos, grande parte formados em universidades estaduais ou federais, relutam
em trocar o litoral, o conforto das grandes cidades pelos grotões do nosso
país. Conheço depoimento de pessoas simples que foram atendidas pelos
“invasores” cubanos como nunca foram por médicos brasileiros, daqueles que não
se dispõem a deter por um instante sequer, o seu olhar sobre o corpo enfermo da
população carente das pequenas cidades do sertão brasileiro.
Sei como essa
gente se comporta em seus gabinetes refrigerados, nos grandes centros médicos
das cidades e, que só esboçam um mínimo de interesse sobre o paciente em sua
frente, se o atendimento for particular, aos convênios então, a indiferença de
praxe. Há exceções, sempre elas, mas que como sempre servem apenas prá
justificar um comportamento que é quase regra. Muito triste.
A xenofobia aos cubanos não é tão somente o
ódio pela ocupação de um espaço que, eles os médicos nativos, imaginam ser seu,
mas a demonstração da incivilidade, grosseria, da desumanidade que são características do candidato que apoiam, iguais entre os iguais. E pensar
que esta gente jurou sua fidelidade ao ideário de Hipócrates é bem mais que hipocrisia é a torpeza do baixo nível que
as nossas relações sociais chegaram.
Entristecido, vi participando da passeata dos
médicos, na Barra, domingo passado,
sobrinhos, amigos, quase filhos, todos eles profissionais exemplares,
carregando sua mensagem de apoio ao pretendido pela Associação Médica Brasileira, sua integração à campanha do
candidato Aécio Neves, o seu
comportamento xenófobo aos cubanos.
Foto: Ilustrativa
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