quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Asdrúbal trouxe o trombone

Estas lembranças do primeiro Rock in Rio, em 1985, e a apresentação e consolidação de jovens artistas naquilo que se chamou Rock BR, puxa como um fio de meada outro grupo de jovens na década de 70, agora no teatro, que marcou com sua rebeldia e inovação a cena teatral brasileira para sempre. 

O grupo de teatro carioca Asdrúbal trouxe o trombone, uma criação de Regina Casé e Hamilton Vaz Pereira, em 1974, foi o responsável pela revelação de atores e atrizes que ainda fazem parte do nosso universo cênico e televisivo como os talentosos Patrícia Travassos, Evandro Mesquita, Luis Fernando Guimarães, Fábio Junqueira, Perfeito Fortuna além da própria Regina Casé, hoje dedicada ao cinema e a televisão.

Conheci o Asdrúbal no final dos 70, em uma temporada do espetáculo Trata-me Leão, no Teatro Vila Velha, que foi nesta década um caldeirão em ebulição com uma programação moderna, política e acolhedora destas manifestações que transpiravam inquietude, enquanto o mundo repressivo explodia lá fora. 

O Trata-me Leão foi para o Asdrúbal e para a comédia brasileira um sopro renovador na técnica e no modo de representar, com improvisações e interações com o público transformando suas apresentações num verdadeiro “happening”, em que por determinados momentos palco e plateia se uniam em uma celebração. O “fumacê” era livre, aliás, quase livre. 

O espetáculo Trata-me Leão foi um texto fruto das experiências pessoais daquele grupo de jovens, longe das representações dos textos clássicos que eles levavam à cena, embora com a irreverência de sua leitura, de seu olhar, por isso mesmo a identificação com a plateia que se via ali também representada nos seus anseios, sonhos e frustrações. Não haverá outro grupo teatral como o Asdrúbal, talvez pelo pioneirismo, mas há sim, grupos de jovens criativos e talentosos em nossos velhos dias.

Foto: Trate-me Leão

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