Estas lembranças do primeiro Rock in Rio, em 1985, e a apresentação e consolidação de jovens artistas naquilo
que se chamou Rock BR, puxa como um
fio de meada outro grupo de jovens na década de 70, agora no teatro, que marcou com sua rebeldia e inovação a cena teatral
brasileira para sempre.
O grupo de teatro carioca Asdrúbal trouxe o trombone, uma criação de Regina Casé e Hamilton Vaz Pereira,
em 1974, foi o responsável pela revelação de atores e atrizes que ainda
fazem parte do nosso universo cênico e televisivo como os talentosos Patrícia Travassos, Evandro Mesquita, Luis Fernando
Guimarães, Fábio Junqueira, Perfeito
Fortuna além da própria Regina Casé,
hoje dedicada ao cinema e a televisão.
Conheci o Asdrúbal
no final dos 70, em uma temporada do
espetáculo Trata-me Leão, no Teatro Vila Velha, que foi nesta década
um caldeirão em ebulição com uma programação moderna, política e acolhedora
destas manifestações que transpiravam inquietude, enquanto o mundo repressivo
explodia lá fora.
O Trata-me Leão
foi para o Asdrúbal e para a comédia
brasileira um sopro renovador na técnica e no modo de representar, com
improvisações e interações com o público transformando suas apresentações num
verdadeiro “happening”, em que por determinados momentos palco e plateia se
uniam em uma celebração. O “fumacê”
era livre, aliás, quase livre.
O espetáculo Trata-me
Leão foi um texto fruto das experiências pessoais daquele grupo de jovens, longe
das representações dos textos clássicos que eles levavam à cena, embora com a irreverência
de sua leitura, de seu olhar, por isso mesmo a identificação com a plateia que
se via ali também representada nos seus anseios, sonhos e frustrações. Não
haverá outro grupo teatral como o Asdrúbal,
talvez pelo pioneirismo, mas há sim, grupos de jovens criativos e talentosos em
nossos velhos dias.
Foto: Trate-me Leão
Nenhum comentário:
Postar um comentário