sábado, 29 de agosto de 2015

Eu quero ir minha gente, eu não sou daqui

O livro Gilberto, bem perto de Gilberto Gil e da jornalista Regina Zappa, que estou lendo, mas freando as páginas ante o impulso de não parar, reavivo fatos que presenciei, mas que a memória esmaece com o passar dos anos. Um destes fatos narrados no livro com o auxilio do próprio Gil e de relatos de jornal da época como o saudoso Jornal da Bahia, é o show de despedida de Caetano e Gil para o exílio em Londres, em show no Teatro Castro Alves, numa manhã de domingo de junho, de 1969..

Estive na plateia deste show, tomada quase que exclusivamente por estudantes, já que houve vendas de meia-entrada para esta sessão ao contrário da sessão noturna conforme determinação do Coronel Luis Arthur comandante da 6ª Região Militar da Bahia onde eles estavam presos. Lembro a chegada ruidosa dos cabeludos que em breve formariam os Novos Baianos, Paulinho, Moraes, Galvão e de uma frequência igualmente descolada e informal em suas mochilas, calças surradas, chinelos de couro, cabelos longos, meios hippies, meio estudantes colegiais ou universitários.  

Do repertório lembrava as novas Irene e Aquele abraço, mas o livro de Gil e Regina foi me trazendo a performance de Caetano para Cinema Olympia, o Hino do Bahia e ai foram se seguindo canções tropicalistas e de conhecimento geral como Atrás do trio elétrico, Superbacana, Procissão, Marcianita, Domingo no Parque, Frevo rasgado, Tropicália, Madalena, nas roupas coloridas e nos colares de Caetano e na pureza branca do roupão de Gil. “Como é que a gente voa, quando começa a pensar”.

Foto: Caetano e Gil

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