O conceito e a implantação do instrumento
jurídico da ficha limpa ou não, foi um importante passo em defesa da moralidade
democrática em um país como o nosso em que as instituições públicas costumam
ser tratadas como mais um cômodo das residências de seus gestores. Mas como
qualquer conceito, a ficha limpa tem a sua amplitude, “na lata do poeta
tudo/nada pode caber”, tanto pode derivar de uma nota fiscal não apresentada em
uma prestação de contas, como por improbidade administrativa mesmo, a nossa velha
e conhecida roubalheira nacional. Ou até por recusa em analisar ou aprovar as
contas de gestor municipal cuja Câmara
de Vereadores lhe é hostil e notadamente incapaz de qualquer gesto
legislativo que não aquele de se atrelar à saia ou as botas do prefeito em
busca de um tanque de gasolina, o ressarcimento de uma prosaica compra de
remédio para seus familiares, de uma viagem um jatinho a serviço do executivo
ou pelo puro prazer de ser servil, puxa-saca, capacho.
A cidade alegre vive um momento de tensão em
sua campanha eleitoral para a prefeitura. Da acusação a um candidato de ser
ficha suja e ter se tentado junto aos tribunais o impedimento de sua
candidatura, descobriu-se em fatos recentes, em termos de divulgação, de vir a
tona, já que tão antigos como a mais antiga das profissões, que a ficha suja
mesmo estava e está do lado do acusador. Aquela coisa do telhado de vidro, do
rabo de palha etc e tal. A ser verdade o que se divulga e se propaga e, em caso
de acatamento das denúncias proferidas junto à esfera jurídica, não haverá
posse em caso de vitória o que pelo andar da carruagem é uma miragem, algo
distante e que não deverá ocorrer. “É a volta do cipó de aroeira no lombo de
quem mandou dar”.
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