As deserções de artistas, de vocalistas de uma banda, são sempre processos traumáticos, deixando marcas e seqüelas que o tempo não é capaz de curar. Foi assim com Rita Lee, dos Mutantes, após a separação de um casamento com Arnaldo Dias Baptista, o multinstrumentista e líder da inesquecível banda, significou também o seu rompimento com os antigos companheiros. O exemplo maior desta birra foi a recusa de Rita em participar do excelente documentário Lóki sobre a trajetória musical de Arnaldo, liberando, no entanto, as suas imagens, sem conceder qualquer entrevista para o filme como vários amigos e músicos que tocaram com a banda fizeram.
Também com Moraes em sua saída dos Novos Baianos, quando a banda ícone dos anos 70 já demonstrava sinais de cansaço criativo, o “novo baiano” queria continuar, mas em carreira solo, sinalizando que a sua tarefa no grupo tinha findado. Continuaram amigos a exceção de alguns ressentimentos, mas algum tempo depois voltaram a se reunir em projetos comemorativos ao grupo que balançou as estruturas da MPB, com a sua jovialidade criativa, irreverência e fumo, muito fumo, pois não se faz um disco como Acabou Chorare assim, com a cara e a caretice. Era pouco, era nada. Com Paul e John também rolou assim, continuaram grandes melodistas e letristas em suas carreiras e individualidades, enquanto George, Ringo e mesmo Paul nunca perdoaram aquela japonesa que mexeu com a cabeça de John, funcionando como uma eminência parda responsável pela dissolução do quarteto de Liverpool
Já no reino do axé, rola a bandalha, pois é um entra e saí típico de casa de Mãe Joana. Ivete deixou a banda Eva e ainda indicou o seu substituto, tal qual Claudia Leite com o Babado Novo. Porém, a saída às vezes é um tiro n’água. Os artistas deixam suas casas musicais, imaginando uma próspera carreira solo e não acontece absolutamente nada, como os exemplos de Carla Visi, Márcia Short, Netinho, Xexéu, Ninha e mais recentemente Tatau que está de volta ao Araketu.
Os exemplos são muitos aqui ou alhures, como o Toni Garrido que está de volta ao Cidade Negra após tentativa malsucedida de uma carreira longe dos velhos amigos. Atitude impensável para o Nasi que saiu do Ira, quebrando o pau com o seu empresário, que era seu irmão e, mesmo com o Edgard Scandurra o grande guitarrista da banda, cujas relações hoje são frias, distantes.
Foto: Os Mutantes (Arnaldo, Rita e Sérgio)
Foto: Os Mutantes (Arnaldo, Rita e Sérgio)
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