Fui domingo passado ao Parque da Cidade, esta grande faixa de área verde preservada numa
área supervalorizada do bairro da Pituba,
mais precisamente em Itaigara que
deve despertar delírios predadores aos olhos da especulação imobiliária, para
assistir mais um espetáculo na programação Música
no Parque, desta vez com a nova cantora baiana Marcela Bellas. Já tinha visto uma pequena participação da Marcela em um show no Largo Pedro Arcanjo, no Pelourinho. Mas, o que me despertou
mesmo na busca de conhecer o trabalho da cantora baiana, cujo primeiro disco
foi lançado um 2009 tem como título uma debochada e provocativa indagação: Será que Caetano vai gostar? Veio se
saber algum tempo depois que o setentão compositor e cantor baiano acompanhava
com um interesse elogioso o som de Marcela,
só que antes disso o público já tinha adotado Alto do Coqueirinho e Esse
samba como os seus primeiros hits, além de curiosidade sobre a sua
regravação para Bloco do Prazer de Moraes e Fausto Nilo. O aval de Caetano é sempre bom, mas “se não tem
tu, vai tu mesmo”, Marcela. E foi o
que ela fez, estabelecendo pontes com a nova música que se faz em São Paulo, pois ficando por aqui,
acabaria em cima de um trio elétrico ou fazendo “backing” prá Bel do Chiclete e porcarias do mesmo lixo.
O trabalho musical de Marcela tem esta mesma amplitude sonora e de ritmos que pontua a
música de uma entre dez novas cantoras da MPB,
tornado visível o flerte com o samba, rock e o pop, características da pegada
contemporânea que vem ser o viés desta nova sonoridade brasileira. Com um
púbico inicialmente pequeno, mas que foi crescendo, em que pese um dia
impressionante de sol de verão nesta cidade praieira, Marcela desfilou seu repertório autoral e de releituras interessantes
como Retrato para Iaiá dos Los Hermanos, a já citada Bloco do Prazer. É promissora a chagada
de Marcela no panorama da música
brasileira, cuja identidade musical ela por certo encontrará neste inicio de
caminhada. As companhias musicais são boas e, só fugir das amarras de polvo da “axé
music” já é motivo de comemorar nesta terra do pagode e do “sai do chão, saí do
chão”.
Minha presença no Parque motivou a busca da informação junto aos seus produtores
quanto as suas ligações familiares com a família Bellas aqui do distrito do Andaraí.
Fui gentilmente recebido por uma jovem da produção que me prometeu tão logo
findasse o show me colocar em contato com a Marcela para esclarecimento deste interesse levantado quanto àquele
possível laço afetivo. Não pude esperar, naquele dia havia visita me esperando
em casa, para o almoço domingueiro. Mas, a curiosidade continua.
Linda sempre...
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