quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Marcela Bellas - Uma nova voz baiana.


Fui domingo passado ao Parque da Cidade, esta grande faixa de área verde preservada numa área supervalorizada do bairro da Pituba, mais precisamente em Itaigara que deve despertar delírios predadores aos olhos da especulação imobiliária, para assistir mais um espetáculo na programação Música no Parque, desta vez com a nova cantora baiana Marcela Bellas. Já tinha visto uma pequena participação da Marcela em um show no Largo Pedro Arcanjo, no Pelourinho. Mas, o que me despertou mesmo na busca de conhecer o trabalho da cantora baiana, cujo primeiro disco foi lançado um 2009 tem como título uma debochada e provocativa indagação: Será que Caetano vai gostar? Veio se saber algum tempo depois que o setentão compositor e cantor baiano acompanhava com um interesse elogioso o som de Marcela, só que antes disso o público já tinha adotado Alto do Coqueirinho e Esse samba como os seus primeiros hits, além de curiosidade sobre a sua regravação para Bloco do Prazer de Moraes e Fausto Nilo. O aval de Caetano é sempre bom, mas “se não tem tu, vai tu mesmo”, Marcela. E foi o que ela fez, estabelecendo pontes com a nova música que se faz em São Paulo, pois ficando por aqui, acabaria em cima de um trio elétrico ou fazendo “backing” prá Bel do Chiclete e porcarias do mesmo lixo.

O trabalho musical de Marcela tem esta mesma amplitude sonora e de ritmos que pontua a música de uma entre dez novas cantoras da MPB, tornado visível o flerte com o samba, rock e o pop, características da pegada contemporânea que vem ser o viés desta nova sonoridade brasileira. Com um púbico inicialmente pequeno, mas que foi crescendo, em que pese um dia impressionante de sol de verão nesta cidade praieira, Marcela desfilou seu repertório autoral e de releituras interessantes como Retrato para Iaiá dos Los Hermanos, a já citada Bloco do Prazer. É promissora a chagada de Marcela no panorama da música brasileira, cuja identidade musical ela por certo encontrará neste inicio de caminhada. As companhias musicais são boas e, só fugir das amarras de polvo da “axé music” já é motivo de comemorar nesta terra do pagode e do “sai do chão, saí do chão”.  

Minha presença no Parque motivou a busca da informação junto aos seus produtores quanto as suas ligações familiares com a família Bellas aqui do distrito do Andaraí. Fui gentilmente recebido por uma jovem da produção que me prometeu tão logo findasse o show me colocar em contato com a Marcela para esclarecimento deste interesse levantado quanto àquele possível laço afetivo. Não pude esperar, naquele dia havia visita me esperando em casa, para o almoço domingueiro. Mas, a curiosidade continua.

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