quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Xingu


Desde o seu lançamento em abril deste ano, em Salvador, sabia que um dia assistiria Xingu, não só pela identificação com a causa indigenista, um pouco da história dos irmãos Villas Bôas e principalmente por ser Cao Hamburguer, seu diretor, também responsável por um dos mais bacanas filmes da recente safra nacional, “O ano em que meus pais saíram de férias”.

Xingu é uma epopéia que só o espírito aventureiro de três irmãos paulistas, Claudio, Orlando e Leonardo Villas Boas pode explicar ao deixarem o conforto de suas vidas urbanas para se alistarem em uma expedição oficial rumo ao desbravamento e conhecimento do centro oeste brasileiro, em uma expedição Roncador-Xingu. A idéia do Governo Vargas, em 1943, de tornar aquelas terras desconhecidas, mas férteis, em imensas áreas produtivas, como queriam políticos e fazendeiros, em parte não alcançou o objetivo esperado, tal a entrega dos Irmãos Villas Boas à missão, contrariando a idéia de que “terra desocupada, não tem dono”, já que para eles tinha sim: os índios.

Da frieza do primeiro contato com uma tribo indígena, aos poucos foi surgindo a confiança e se estabelecendo com eles uma relação de amizade e proteção que culminaria com a criação do Parque Nacional do Xingu, pelo presidente Jânio Quadros, em 1961. Até este momento, mesmo depois deste e ainda hoje os índios invadem os corredores das repartições oficiais em busca da defesa de seus territórios vez por outra sob a ameaça do homem branco. Os conflitos, hesitações, envolvimentos íntimos com as nativas, a busca do reconhecimento oficial à causa dos Irmãos Villas Boas decorrentes desta defesa é magistralmente representado pelos atores Felipe Camargo (Orlando), João Miguel (Claudio) e Caio Blat (Leonardo). O Claudio (João Miguel) dos irmãos é o mais introspectivo, o mais admirado e aceito pela comunidade indígena e responsável pelos momentos de tensão e recuperação de lapsos de dúvidas de seus irmãos na empreitada, como a de Leonardo.

Saber que os índios que aparecem nas cenas do filme são da própria tribo, representando seus antepassados chega a ser comovente, como também emociona a exuberância da vegetação e da música com elementos nativos. Xingu é um grande filme e provável representante brasileiro como melhor filme estrangeiro na premiação do Oscar de 2013.

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