O inicio da carreira de Chico Buarque coincidiu com o também começo do MPB4, estudantes como ele nos anos 60 e se tornaram companheiros em shows universitários organizados pela UNE, para dali fazerem incursões pelos festivais de músicas que já se espalhavam pelas emissoras de televisão. A timidez de Chico e a identificação com os vocais do quarteto funcionaram para Chico como uma espécie de muleta para as suas apresentações, cuja visibilidade e sucesso também serviram para dar ao MPB4 o justo reconhecimento público e a consolidação para uma carreira que o tempo mostraria vitoriosa. Em alguns momentos é às vezes é difícil dissociar a carreira de Chico do MPB4, tal a parceira musical que se estabeleceu em várias gravações e apresentações em discos, shows e nos inesquecíveis festivais.
Acompanho a carreira do MPB4 desde então, a partir dos LPs lançados pela gravadora Elenco onde em cada um deles havia duas ou três músicas de Chico e seu primeiro grande sucesso “Amigo é prá essas coisas” de Silvio Silva e Aldir Blanc. O primeiro disco do MPB4 que adquiri foi de “Palavra em Palavra” onde consta “Pois é prá quê” do Sidney Miller, que ainda hoje faz parte da trilha sonora do meu MP3. Daí por diante, já na gravadora Phillips, foi uma sucessão de grandes discos e uma carreira sempre ascendente através de LPs como Cicatrizes, Palhaços e Reis, Cantos dos Homens, Cobra de Vidro, Bons tempos hein?, Vira virou, todos com uma linha politicamente engajada e que foi tendo seu repertório moldado com os novos tempos de abertura e distensão política da ditadura. Estes discos assim como seus integrantes sempre foram bastante familiares a mim, tal a admiração musical e a qualidade de seu repertório. A saída de Ruy, o Ruy Farias, do quarteto em 2004 foi lamentada como o sentimento de quem perde um amigo, alguém conhecido, próximo a você.
Assisti pela última vez uma apresentação do MPB4, no TCA, em um show com o Toquinho graças a uma cortesia do grupo, quando conheci o substituto de Ruy, o Dalmo Castelo que manteve a sonoridade, o carisma e a simpatia do quarteto, mas era como se faltasse algo, que era a sombra de Ruy, rondando uma outra apresentação que vi nos anos 70, do grupo com o Quarteto em Cy, no espetáculo Cobra de Vidro. São memórias de um tempo único em nossa música, da qual o MPB4 foi parte importante como foi a sua presença no show de Caetano e Chico também no TCA e também nos anos 70.
A morte de Magro, hoje pela manhã, acontece no momento em que procuro por sites para comprar ou baixar o último disco do MPB4, Contigo aprendi, em que inesquecíveis boleros latinos como La Barca, El reloj, Sabra Dios, Quizas, quisas, quizas, Solamente una vez, Perfídia, Tu me acostumbraste, Sabor a mi recebe novas versões a cargo de letristas como Caetano Veloso, Abel Silva, Carlos Rennó, Fernando Brandt, Hermínio Bello de Carvalho, entre outros, alem da companhia luxuosa dos violões do Trio Madeira Brasil, Quarteto Maogani, Toninho Horta e Duofel. Ainda não consegui encontrar o disco, em que pese o que já li e o que já ouvi em rádios on-line, mas quem sabe não recebo de presente no Dia dos Pais, quando então palpitarei neste espaço, mais este biscoito fino do MPB4.
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