domingo, 5 de agosto de 2012

O Rei recusou o Cálice.


Um comentário recente que fiz em um “post” de uma história que conhecia sobre a recusa do Rei em gravar Se eu quiser falar com Deus, de Gil, pode ser ampliado com o conhecimento que tive após aquele texto, acerca de outra canção que o Rei também virou às costas, ou melhor, a voz. Em 1978, o Rei encontrou com o Chico Buarque e lhe pediu uma música inédita para gravar e Chico que havia concluído Cálice com Gil, mandou para o crivo do Rei aquela composição. Mas aí convenhamos, deve ter sido sacanagem, pois o Rei não colocaria sua pureza angelical, sua voz de veludo em versos barra pesada como “Talvez o mundo não seja pequeno (Cale-se!)/Nem seja a vida um fato consumado (Cale-se!)/Quero inventar o meu próprio pecado (Cale-se!)/Quero morrer do meu próprio veneno (Pai! Cale-se!)/Quero perder de vez tua cabeça! (Cale-se!)/Minha cabeça perder teu juízo. (Cale-se!)/Quero cheirar fumaça de óleo diesel (Cale-se!)/Me embriagar até que alguém me esqueça (Cale-se!)”.

O tempo passou sem que o Rei manifestasse qualquer intenção de gravar Cálice, o que fez o próprio Chico com a participação de Milton Nascimento em uma gravação primorosa. Para conter o mal estar real, Chico mandou, depois, uma composição sua com Dominguinhos, Tantas Palavras, mas o estrago já estava feito, o Rei retado, não gravou também. Bobagem, pois Tantas palavras é uma bela canção romântica, bem ao estilo do Rei, que fala de amor repetindo frases ouvidas no cinema com os filmes em cartaz. O rei por certo estava preocupado com as baleias ou na criação de versos pavorosos como “Amazônia/insônia do mundo”.

Fotomontagem - Blog Splish Splash

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