Um comentário recente que fiz em um “post” de
uma história que conhecia sobre a recusa do Rei em gravar Se eu quiser
falar com Deus, de Gil, pode ser
ampliado com o conhecimento que tive após aquele texto, acerca de outra canção que
o Rei também virou às costas, ou
melhor, a voz. Em 1978, o Rei
encontrou com o Chico Buarque e lhe
pediu uma música inédita para gravar e Chico
que havia concluído Cálice com Gil, mandou para o crivo do Rei aquela composição. Mas aí
convenhamos, deve ter sido sacanagem, pois o Rei não colocaria sua pureza
angelical, sua voz de veludo em versos barra pesada como “Talvez o mundo não
seja pequeno (Cale-se!)/Nem seja a vida um fato consumado (Cale-se!)/Quero
inventar o meu próprio pecado (Cale-se!)/Quero morrer do meu próprio veneno
(Pai! Cale-se!)/Quero perder de vez tua cabeça! (Cale-se!)/Minha cabeça perder
teu juízo. (Cale-se!)/Quero cheirar fumaça de óleo diesel (Cale-se!)/Me
embriagar até que alguém me esqueça (Cale-se!)”.
O tempo passou sem que o Rei manifestasse qualquer intenção de gravar Cálice, o que fez o próprio Chico
com a participação de Milton
Nascimento em uma gravação primorosa. Para conter o mal estar real, Chico mandou, depois, uma composição
sua com Dominguinhos, Tantas
Palavras, mas o estrago já estava feito, o Rei
retado, não gravou também. Bobagem, pois Tantas
palavras é uma bela canção romântica, bem ao estilo do Rei, que fala de amor repetindo frases ouvidas no cinema com os
filmes em cartaz. O rei por certo estava preocupado com as baleias ou na
criação de versos pavorosos como “Amazônia/insônia do mundo”.
Fotomontagem - Blog Splish Splash
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