Com certa frequência, sempre aos domingos, no Farol em frente ao Edifício Oceania, na Barra, um grupo de proteção aos animais promove uma feira de adoção de filhotes de cachorros. Todos com poucos dias de nascidos. Num cercado um grupo de 10 a 12 cachorrinhos dormiam uns sobre os outros em uma cena tocante e bonita de se ver. Em outro cercado filhotes bem mais novos, talvez com uma semana ou pouco mais de nascidos, mostravam-se mais espertos ainda que com dificuldade para se locomover em função da própria idade. Fiquei agachado em frente a este cercado e fui recepcionado por um filhote preto e trôpego a me estender a pata, depois as duas e por fim fuçando minha mão e lambendo meus dedos. Fui escolhido e conquistado pelo cachorrinho.
Desde que fui presenteado pela professora Eulina Macedo, no terceiro ano primário,
com um cachorrinho branco de nome Souvenir,
morto dentro de casa por envenenamento provocado por algum desafeto, visto que Souvenir era abusado e tirado a valente
em que pese seu diminuto tamanho, sempre quis preencher o vazio que ele causou
em todos nós. Nunca mais foi possível. Desde que sai da casa de meus pais, espaçosa
e com um quintal a perder de vista, passei a morar em quartos de pensão,
casarões sublocados, quitinetes e apartamentos onde a convivência com animais foi
se tornando cada dia mais difícil, impossível.
Quando moramos na Vila Laura, as meninas eram pequenas,
alguns moradores do prédio até que mantinham em seus apartamentos a companhia
de um cachorro, em geral pequenos, que fui tentado a reviver a experiência de
preencher a lacuna de Souvenir. Diante
da possibilidade de levar prá casa um cachorrinho, Moema sentenciou um argumento devastador que me fez recuar: “aqui
em casa ou você ou o cachorro, os dois não entram”.
Foto: Ilustrativa
É, grande Bazo, noto que temos muito em comum, e ter gosto similar ao seu, independentemente de quase nenhum convívio pessoal, me envaidece, te admiro de longe. Somos tabaréus retirantes, bancários do Baneb, gostamos de festas, cerveja, boa música, leitura, já demos nossos "tapas" (aliás, eu muitos, quase viro lutador de MMA), apreciamos o bom futebol, sertão, calor e frio, serra e mar... E agora cachorros!!! Também tive meu "souvenir", um perdigueiro preto que se chamava "bleque", nome inspirado na forma pura de menino piritibano querendo se referir a cor preta no idioma inglês, viveu pouco. Conservei o gosto pelos cães e a certeza que teria muitos, como moro em casa, cheguei a ter cinco. Tupã, Tieta e Capitu morreram, ficando Luma e Messi. Você foi feliz, Mó ainda te deu possibilidade de escolha, eu não teria coragem de deixar Alba decidir quem sairia de casa, eu os eles.
ResponderExcluirCaro amigo,
ResponderExcluirFico comovido com a identificação e, mais ainda com a sua receptividade a estes arremedos de opiniões. Coisas de nossa nordestinidade piritibana, restos de uma solidariedade e uma hospitalidade com que já fomos identificados, e parte de nossos conterrâneos não souberam ou não quiseram preservar.
Forte abraço e agradeço sempre a visita.