quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Como um acalanto

Programa musical como o exibido ontem pelo Canal Brasil não teria, jamais, espaço nos canais abertos e sua desmedida serie de bagulhos a serem vendidos em seus comerciais, onde entre rápidos intervalos se comprimem uma fauna variada que atende pelos nomes de Faustão, Eliana, Ratinho, Raul Gil, Gugu entre outros menos votados.

Que anunciante teria interesse em vender sua maionese, creme dental, seu sabonete, creme hidratante, frango ou carne em um programa que celebraria os 70 anos de Edu Lobo, por exemplo? Claro, que preciosidades assim teriam que se acautelar com a baixa audiência e visibilidade dos canais fechados, pois a malta estaria ligada nas vozes esganiçadas a que seus ouvidos foram acostumados e, as pérolas, lamentavelmente, continuariam sendo, para poucos.

Edu, como mestre de cerimônia em sua própria festa, receberia inicialmente, Betânia, que relembraria com ele um disco gravado em conjunto no inicio de suas carreiras, interpretando em dueto Cirandeiro. Com seu filho Bena Lobo, a vitoriosa do 3° Festival da Música Popular Brasileira, da TV Record, uma parceria com Capinam, em Ponteio. Daí em diante uma concentração no repertório composto com Chico Buarque e apresentado com a participação de Chico e da doce intérprete, a suavidade ímpar da voz de Mônica Salmaso em canções admiráveis como Beatriz, A história de Lily Braun, A mulher de cada porto, Bancarrota Blues, Choro bandido, Na carreira. A noite terminava ali como um acalanto, para o sono que se avizinhava. 

Foto: Edu e Betânia

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