sábado, 13 de setembro de 2014

Seda, linha, lã cetim

Do ousado disco de Gal, o eletrônico Recanto, apenas duas músicas não são inéditas, Mansidão e Madre Deus, embora todas compostas por Caetano e trazendo a sua experiência com a Banda Cê que deu o norte da sonoridade aos seus três últimos discos: guitarras, distorções e batidas eletrônicas. Em alguns momentos a voz de Gal aparece crua com arranjos minimalistas onde repousa nua desprovida de qualquer grandiloquência orquestral, privilegiando os versos, a poesia.

Já conhecia Mansidão em interpretação primorosa de Jane Duboc e que continua sendo a minha audição preferida, mesmo após a gravação de Gal, onde essa nudez dos arranjos em nada beneficia a sua emissão, ao contrário empobrece os versos que carece dessa leveza orquestral para embalá-los, “mansidão, luminosa paz/minha voz e aquela estrela/Vasto chão, sensação feliz/seda, linha, lã, cetim”. Caetano em momento de plenitude.

Foto: Jane Duboc 

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