sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Por debaixo dos panos

O grande jornalista Elio Gaspari (A ditadura envergonhada etc.) com artigos semanais no Globo e Estadão e reproduzido por jornais de todo o Brasil, acredito, trouxe como mote para uma de suas colunas o vestuário dos candidatos a presidência. A curiosidade foi percebida pela também jornalista Ana Claudia Guimarães quanto às marcas de sapatos, por exemplo, usada pelos três principais candidatos presidenciais em campanha. Enquanto a candidata a reeleição Dilma Rousseff calça Louis Vuitton, o tucano Aécio Neves, não fica atrás com a marca italiana Ferragamo com seus sapatos próximos a R$2.000,00 o par. 

A elegância é fundamental, talvez não essa elegância, mas aquela das palavras, dos gestos e tão escassos nesta disputa, onde os sapatos acabam sendo pisoteados e enlameados em ruas que eles mesmos, os políticos, não urbanizaram, não entenderam a demanda popular. Lembro do candidato Fernando Henrique Cardoso em campanha, também para a Presidência, com aquela boca de excessivo contorno labial, mas acostumada aos sabores da alta gastronomia paulista e do mundo, fazendo de conta que estava saboreando a “buchada de bode” que lhe serviram no Ceará. É tudo mentira, é tudo figura.

Mas voltando à coluna do Elio e complementando o figurino dos candidatos, vem a informação de que Marina Silva usa as marcas nacionais Beira mar e Renner, ao custo de R$100,00 par. O que me leva a deduzir que, se os sapatos da candidata refletem esta humildade, esta bagaça, o que dizer dos vestidos, blusas, saias, além do xale, já que as bijuterias vêm de uma tribo indígena lá do Acre, claro que irromperam de algum balaio da C&A e da Marisa.

Então, pelo que entendi, Dona Neca Setúbal, sua assessora financeira, só queria mesmo a “autonomia do Banco Central”, depois largou a moça aí no “populacho”, no “empurra-empurra” das liquidações. Compreende-se que a grã-fina paulistana temeu que a seringueira pudesse arranhar, com suas botinas, os mármores dos templos da alta-costura da Delfim Moreira ou Oscar Freire, mas que pelo menos a levasse para a 25 Março, Avenida Sete, Monsenhor Tabosa, Rua do Ouvidor um mafuá desse e jogasse uns panos legais sobre a marmota. Assim caminha a humanidade! 

Foto: Ilustrativas

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