sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

A caminho do cinema

Ao assistir cada um dos episódios da serie A Copa passou por aqui, observo que antes do inicio do filme o coordenador e curador do projeto, entrevista cada um dos cineastas, questionando sempre como começou o seu interesse pelo cinema. São histórias simples, quase iguais que remonta aos tempos de criança e adolescência, de seus sonhos despertados por aquele mundo mágico e fascinante do cinema que cativava e prendia a atenção de todos, prevendo para si aquele caminho, o caminho de também fazer cinema.

Sentia também esta mesma atração como frequentador contumaz do Cine Vogue tanto nas matinês ou nas sessões noturnas já que não havia uma classificação etária para os filmes exibidos e tudo ficava circunscrito ao humor do dia do dono do cinema que determinava se criança podia ou não ver aquela fita. Mas, sempre tinha um jeito nestas ocasiões, já que o proprietário do cinema era também o exibidor, o operador da maviola o que facilitava o convencimento do bilheteiro na permissão de nosso acesso à sala escura da projeção.

Como cinéfilo infantil, tinha um álbum feito a partir de um velho livro de contabilidade comercial dos negócios de Pedro, meu pai, em que fixava fotografias de atrizes e atores de Hollywood que transitavam pela tela do Cine Vogue.  Marcavam presenças as divas italianas, Anna Magnani, Sophia Loren Claudia Cardinale, as atrizes francesas Brigite Bardot, Catherine Deneuve e  estrelas do cinema americano como John Wayne, Dean Martin, Marlin Monroe, Grace Kelly, Audrey Hepburn, Alan Ladd, Paul Newman e mais, muito mais, estavam todos lá no meu arremedo de álbum de cinema.

Poderia ter levado adiante este meu sonho cinematográfico já em Salvador na efervescência da segunda metade dos anos 60, quando cheguei para estudar no Central e frequentava o Instituto Cultural Brasil Alemanha, como participante de palestras e seminários. A cidade vivia uma explosão política e cultural que talvez tenha atordoado a cabeça do sertanejo ainda assustado com as dimensões da grande cidade. O resto é história ou sonhos de cinema.

Foto: Ilustrativa

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