quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Os sapos

Choveu no sertão, e muito. Não tanto quanto na capital paulista, dos últimos dias, até porque nossos pecados nem de longe se assemelham aos da pauliceia desvairada. Uma enchente a cada dia, um alagamento por hora, outro engarrafamento prá sempre como purgação pelos crimes cometidos contra a natureza e seus semelhantes de norte a nordeste do país.

Mas, louvemos a chuva boa, ordeira e fértil do sertão. Iniciada no Morro e adjacências se espalhou pela região com variados graus de intensidade, como aqui na “cidade alegre”, onde ao chegar meia noite de domingo encontrei poças d’água no caminho de casa, um cheiro forte de terra molhada e paralelepípedos levados e escovados como o piso de saudosas casas piritibanas.


Os sapos que costumavam aparecer a cada chuva, antes da urbanização e da definição de ruas e praças desapareceram como as lagoas, tanques e aguadas que circundavam a incipiente cidade em formação. Ninguém sabe onde foram parar os sapos que aprisionávamos em currais de barros construídos com a água da chuva represadas em ruas e praças, mas insuficiente para fazê-los nossos bois em cativeiro, visto que pulavam a cerca, para nosso desespero de criadores de sapos, feitos bovinos, por alguns instantes.

Ainda hoje, qualquer leve irritação na palma da mão me faz lembrar a enorme coceira em nossos dedos e mãos pela lida com os sapos de nossas propriedades de currais de barros e, que se desmanchavam pela chegada de novas chuvas ou pelo abandono dos sapos nas horas de suas serenatas noturnas em seus brejais, de onde provavelmente vierem. 

Foto: Ilustrativa   

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