O jornalista Sérgio Augusto em sua coluna no Estadão, neste sábado, faz uma associação entre o que ocorreu com o
Charlie Hebdo e O Pasquim após ter lido uma postagem de um tuiteiro que expressando
seu sentimento com o ocorrido com o jornal francês foi como se estivessem
invadido o saudoso semanário e matado Millor,
Jaguar, Ziraldo Henfil, Fortuna, Claudius, Caulos entre outros. Nota-se que
o tuiteiro era um dos nossos, alguém que viveu aqueles tempos turvos onde a
liberdade expressão, ou qualquer liberdade tinha sempre a vigia de uma baioneta
militar a espreita e, a possibilidade também de morte quem tivesse a desventura
de cair nas teias da repressão. Um ambiente, como se vê, bem diferente daquele
experimentado pela imprensa francesa, no país que é pai e mãe da liberdade.
Mas, o Sérgio
Augusto lembra de um atentado sofrido pelo Pasquim na Rua Clarisse Índio
do Brasil, limite entre Flamengo e Botafogo, no Rio, em que a sua redação não foi aos ares por pura incompetência dos
brutamontes, a serviço dos militares, na fabricação do artefato de 05 quilos de
dinamites, barbante, cano plástico embrulhado num papel das Casas da Banha que felizmente não foi
detonado. Se fosse a redação viraria um monte de entulho sobre os cadáveres de Seo Oscar Domiongos e esposa, os vigias
do semanário, já que os jornalistas não estariam lá, naquele horário, mas em
algum bar de Ipanema e
adjacências.
Na edição da semana seguinte, a capa do Pasquim estampava todos os seus
colaboradores com uma caveira no lugar de seus rostos com um texto do Millor: “Damo-nos por vencidos, como
diria uma purista. Até agora ainda não sabemos quem colocou a bomba na Rua
Clarisse Índio do Brasil, na madarugada de quinta feira 12 de março. Mas já
sabemos, naturalmente, a direção e de onde veio o ataque. E sabemos, sobretudo,
o que pretendem os agressores. Assim, para evitar qualquer futuro atentado,
damos, acima, aquilo que tão ardentemente desejam os terroristas: ver as nossas
caveiras”. Por razões conhecidas ou não, a grande imprensa silenciou sobre o
atentado e como disse o Sérgio Augusto:
Ninguém quis ser O Pasquim. Graças a Deus!
Foto: Jornalistas d'O Pasquim
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