domingo, 11 de janeiro de 2015

Ninguém quis ser O Pasquim

O jornalista Sérgio Augusto em sua coluna no Estadão, neste sábado, faz uma associação entre o que ocorreu com o Charlie Hebdo e O Pasquim após ter lido uma postagem de um tuiteiro que expressando seu sentimento com o ocorrido com o jornal francês foi como se estivessem invadido o saudoso semanário e matado Millor, Jaguar, Ziraldo Henfil, Fortuna, Claudius, Caulos entre outros. Nota-se que o tuiteiro era um dos nossos, alguém que viveu aqueles tempos turvos onde a liberdade expressão, ou qualquer liberdade tinha sempre a vigia de uma baioneta militar a espreita e, a possibilidade também de morte quem tivesse a desventura de cair nas teias da repressão. Um ambiente, como se vê, bem diferente daquele experimentado pela imprensa francesa, no país que é pai e mãe da liberdade.

Mas, o Sérgio Augusto lembra de um atentado sofrido pelo Pasquim na Rua Clarisse Índio do Brasil, limite entre Flamengo e Botafogo, no Rio, em que a sua redação não foi aos ares por pura incompetência dos brutamontes, a serviço dos militares, na fabricação do artefato de 05 quilos de dinamites, barbante, cano plástico embrulhado num papel das Casas da Banha que felizmente não foi detonado. Se fosse a redação viraria um monte de entulho sobre os cadáveres de Seo Oscar Domiongos e esposa, os vigias do semanário, já que os jornalistas não estariam lá, naquele horário, mas em algum bar de Ipanema e adjacências.

Na edição da semana seguinte, a capa do Pasquim estampava todos os seus colaboradores com uma caveira no lugar de seus rostos com um texto do Millor: “Damo-nos por vencidos, como diria uma purista. Até agora ainda não sabemos quem colocou a bomba na Rua Clarisse Índio do Brasil, na madarugada de quinta feira 12 de março. Mas já sabemos, naturalmente, a direção e de onde veio o ataque. E sabemos, sobretudo, o que pretendem os agressores. Assim, para evitar qualquer futuro atentado, damos, acima, aquilo que tão ardentemente desejam os terroristas: ver as nossas caveiras”. Por razões conhecidas ou não, a grande imprensa silenciou sobre o atentado e como disse o Sérgio Augusto: Ninguém quis ser O Pasquim. Graças a Deus!

Foto: Jornalistas d'O Pasquim

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