sexta-feira, 17 de julho de 2015

Coisas do mundo minha nega

Antes era o MP3, o companheiro de caminhadas, viagens, mesas ou balcões de bar, local este em que também, às vezes, sou acompanhado por certos livros ou revistas (freqüentemente a Piauí). Mas, aí chegou um celular moderno, presente de minha filha, onde armazeno as músicas que gosto ou que estou em contato naquele momento, deixando o MP3 em algum lugar do passado ou em uma alguma gaveta do quarto que por certo não mais encontrarei, quando me lembrar um dia de procurar o minúsculo aparelho.

Esse hábito de ouvir música em bar, portando o fone de ouvido, já me colocou como pule de aposta de freqüentadores do mesmo espaço, só que em em outras mesas. Com esses companheiros cervejeiros já rolou uma adivinhação quanto à música que eu estaria ouvindo. As apostas foram feitas entre eles e as alternativas variaram entre seresta, arrocha, jovem guarda, bolero, pagode além de outras francamente descartadas e não consideradas.

Em determinado momento, um deles se aproximou de mim, pedindo desculpas pela intromissão e foi direto ao assunto: qual a música que estava ouvindo naquele instante, motivo da curiosidade e do jogo bancado por eles. Sem problemas, respondi que ouvia “Coisas do mundo minha nega”, de Paulinho da Viola. O seu espanto e desaprovação quanto à música e intérprete não mereciam explicações, já que nenhum deles jamais ouviu falar do que lhe respondi, além do mais “ninguém compreenderia um samba naquela hora”, como diz a letra do sambista genial.  

Foto: Pessoal

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