Não sou o que se pode chamar de vegetariano,
embora procure sempre ter os vegetais em meu prato, desde que decidi abolir,
por decisão própria, o consumo de carne vermelha, já atendendo algumas
orientações do nutricionista quanto aquilo que deveria consumir e evitar.
A rejeição à carne vermelha, ainda que tardiamente, talvez remonte as nossas aulas de educação física no Ginásio de Piritiba. Nestas oportunidades, precisamente as quintas feiras, subíamos o São Domingos mais cedo que o início da aula, para passarmos no curral da matança e assistirmos (não há outro termo) um espetáculo assustador.
A rejeição à carne vermelha, ainda que tardiamente, talvez remonte as nossas aulas de educação física no Ginásio de Piritiba. Nestas oportunidades, precisamente as quintas feiras, subíamos o São Domingos mais cedo que o início da aula, para passarmos no curral da matança e assistirmos (não há outro termo) um espetáculo assustador.
O animal era amarrado pelo pescoço ao mourão,
pés e mãos atados na relação pé esquerdo com a mão esquerda e a mesma
combinação com os membros destros, conforme a escolha do magarefe. O sacrifício
era iniciado com uma sessão de pauladas (nem sempre certeiras) na região entre
o pescoço e a cabeça do animal, acompanhados de berros lancinantes do boi. Quando
a bordoada atingia o ponto vital de equilíbrio do animal, ele caia quase
desfalecido e estrebuchando, oferecendo as condições ideais para o golpe final
e fatal.
O magarefe então se aproximava da vítima,
portando uma peixeira de “paraibano” e sangrava o animal já caído e semimorto.
A enorme quantidade de sangue que jorrava do pescoço do boi era aparada em uma
bacia ou várias, para depois as fateiras transformarem aquela sangria em
ingredientes para o sarapatel e até em doce.
Tanto tempo depois, estas imagens permanecem em
minha memória com uma clareza que às vezes me assusta. É o exemplo de uma
crueldade que cada um de nós, como animais e homens, infelizmente somos
capazes. Embora tardiamente, é verdade, mas carne vermelha, nunca mais. E assim
vou tocando a marcha.
Foto: Ilustrativa
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