quinta-feira, 30 de julho de 2015

Seresta moderna

A cidade vivia às escuras, mas embaladas musicalmente pelas radiolas portáteis da Philips movidas à pilha, que em formato de mala carregávamos para onde quiséssemos, inclusive para serestas por suas ruas desertas

Em uma dessas serestas, noite clara de lua, pontuada por algumas nuvens negras que turvavam a nossa visão, dificultando a escolha das faixas a serem executadas na seresta moderna. Quase no final da rua do São Domingos, após a praça do Ginásio, um vulto disforme e não identificado se aproximava em direção a Praça Getúlio Vargas

Os jovens seresteiros, todos, observavam amedrontados, mas em silêncio, a aproximação daquele corpo estranho que a escuridão da noite tornava ainda mais assustador. Resistimos o mais que podíamos. Quando a “coisa” passou em frente a venda de “seo” Nelson Barbeiro, partimos todos ao mesmo tempo em desabalada carreira rumo a Praça, deixando para trás a radiola seresteira e os discos do Rei, Trio Irakitan, Trini Lopez, Billy Vaughn.

A causa do nosso pavor, era um cavalo pangaré insone, que feito um guarda noturno demente, vigiava as ruas e praças da nossa cidade. 

Foto: Ilustrativa

Nenhum comentário:

Postar um comentário