A cidade vivia às escuras, mas embaladas musicalmente pelas radiolas portáteis da Philips movidas à pilha, que em formato
de mala carregávamos para onde quiséssemos, inclusive para serestas por suas ruas desertas
Em uma dessas serestas, noite clara de lua, pontuada por algumas
nuvens negras que turvavam a nossa visão, dificultando a escolha das faixas a serem executadas
na seresta moderna. Quase no final da rua do São Domingos, após a praça do Ginásio, um vulto disforme e não
identificado se aproximava em direção a Praça
Getúlio Vargas.
Os jovens seresteiros, todos, observavam amedrontados, mas em silêncio, a aproximação
daquele
corpo estranho que a escuridão da noite
tornava ainda mais assustador. Resistimos o mais que
podíamos. Quando a “coisa” passou em frente a venda de “seo” Nelson Barbeiro, partimos todos ao
mesmo tempo em desabalada carreira rumo a Praça,
deixando para trás a radiola seresteira e os discos do Rei, Trio Irakitan, Trini Lopez, Billy Vaughn.
A causa do nosso
pavor, era um cavalo pangaré insone, que feito um guarda noturno demente, vigiava as ruas e praças da nossa
cidade.
Foto: Ilustrativa
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