quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Ventríloquos do Procure Saber.

Confesso estar de “saco cheio” com este barraco biográfico, não apenas em ler, mas pelo que terei de ver e, inevitável, ler, além de palpitar neste espaço sobre o assunto, algo que terei o maior cuidado em evitar. Mas, às vezes na dá. Esta semana o instituto Procure Saber publicou um vídeo onde Gilberto Gil, Erasmo Carlos e o Rei tentam explicar o inexplicável ou nos fazer crer algo que nem eles mesmos acreditam ou sequer sabem o que o Procure Saber os mandou ler. 

É constrangedor, por exemplo, ver o Rei, “com os seus olhinhos infantis, como olhos de um bandido”, correndo atrás do “teleprompter” (monitor em frente ao enfocado com o texto a ser pronunciado) para ler a mensagem previamente gravada pela assessoria jurídica ou de imprensa do Procure Saber. “Não somos censores Não queremos calar ninguém. Mas, queremos que nos ouçam”. Qualé Rei? O povo brasileiro não fez outra coisa, durante quase 50 anos que não ouvi-lo, em seus “lenga-lenga” amorosos, suas paixões mórbidas, sua religiosidade piegas, suas excentricidades doentias, entremeadas por algumas boas canções, particularmente, por aqueles "rockzinhos" antigos. Agora é a nossa vez, a nossa voz. Queremos saber!

Quanto ao “Não queremos calar ninguém”, ninguém mesmo melhor que o jornalista Paulo César de Araújo, autor da biografia não autorizada, Roberto Carlos em detalhes, proibida e censurada por você, para responder. Aliás, coitado, ele já respondeu demais. Só que ele sabe o que diz, você nem se dá conta do quem leu no “teleprompter”.

Fotomontagem: Baixaki

Arnaldo e Brás Antunes - Olha prá mim.

O clipe de Olha prá mim, parte da trilha sonora de A Busca conta com a participação de seu autor, Arnaldo Antunes e do seu filho Brás Antunes um dos protagonistas do filme, como o garoto Pedro, cantando os belos versos e a bonita melodia da composição. Também são incluídas cenas do filme, em especial aquelas que participam o Wagner Moura, a Mariana Lima e o garoto Brás Antunes, além de coadjuvantes como Lima Duarte, o pai de Théo, o balseiro, o tratorista, moradores de uma favela, enfim todos os elementos e quase todos os atores daquela inquietante trama.

A poesia de Arnaldo Antunes traduz em verso o universo do garoto que tem um pai, mas não um amigo, um companheiro que possa ao menos participar de seu dom para a pintura, gravuras de animais, em especial de cavalos. Ponte que se estabelece com o seu avó paterno que nem sequer o conhece, como ele ao neto. Mas os versos dizem mais sobre a solidão e busca de Pedro:

“Tô” bem aqui
Sim
Vê que é assim

Vem
Deixa eu seguir
Bem
Só, olha pra mim
Agora, agora, agora, agora
Eu era, eu era e ia, ia
Agora, agora, agora, agora
Eu era, eu era e ia, ia e vou
Agora, agora, agora
Eu era, eu era, era, era e sou
Olha prá mim.
Vídeo: Youtube

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Laços de Família - Shirley e Julinha


Foto Pessoal: Dia das Crianças

Dos filhos deste solo, és mãe gentil!


Em situações de desconforto e de descaso é costume se recorrer a chavões nacionalistas, babaquices ufanistas para justificar certas escolhas e preferências. Tô fora, mas certo da correta opção do jogador do Atlético de Madrid, o sergipano Diego Costa ao abdicar de uma possível convocação para a seleção brasileira de futebol para a Copa de 2014. Ele jamais seria lembrado por Felipão como não foi por qualquer clube brasileiro, se ainda estivesse por aqui atuando pelo Sergipe ou Confiança, pois seria apenas mais um nordestino cabeçudo a correr atrás da bola.

Arrumou suas trouxas, suas tralhas e foi de mala e cuia para Espanha tentar ser jogador de futebol. Tentou tanto que conseguiu chegar a atuar e ser estrela do terceiro clube mais importante do país. Diego Costa, não é nem sombra de um Zico, Ronaldo, Romário ou Careca, mas um jogador perseverante que buscou o seu lugar no futebol espanhol, fez seu pé de meia, e lá é reconhecido e grato a quem lhe acolheu. Assim, como conseguiu a dupla cidadania se colocou a disposição daquele país para servir a sua seleção, para desespero do nacionalismo piegas de Felipão. Boa sorte a Diego Costa, caso chegue a seleção espanhola, e para Felipão, que nunca deu certeza de que convocaria o "serpipano-espanhol" para a seleção brasileira, o choro é livre, pois "dos filhos deste solo, és mãe gentil".

Foto: Diego Costa

Nas espirais do cigarro!

Há tempos sem ouvir ou ver a imagem de Fagner, cantor e compositor cearense que nos anos 70 e 80 engatava um sucesso atrás do outro, li uma entrevista sua recente na Ilustrada da Folha, falando do ECAD, o Escritório Central de Arrecadação que trata da distribuição dos Direitos Autorais e do projeto recém aprovado no Congresso Nacional quanto à fiscalização do órgão. Posição contrária a de Fagner que não acredita na capacidade do Estado em fiscalizar o ECAD, mas exigir a sua transparência, opinião que foi vencida por outros artistas, entre aqueles do Procure Saber (também, estes caras estão em todas) vencedores da ideia de que o órgão arrecadador fosse de fato fiscalizado pelo Estado.

Mas, o que me chamou a atenção, mesmo, não foi esta querela de direitos autorais, em que pese as dúvidas que rolam acerca da distribuição da fatia que cabe a cada compositor pela execução de sua obra, mas a imagem de Fagner. Não aquela que diz respeito ao tempo, pois inexorável nas marcas de sua passagem, mas aquela que o cigarro é capaz de aprofundar suas marcas, de modo destruidor, como mostram os diagnósticos médicos e a aparência física dos fumantes. A repórter que o entrevistou se surpreendeu com a sua voracidade ante o cigarro, creio que tanto quanto nós seus admiradores diante de que “um sentimento ilhado, morto e amordaçado, volta a incomodar”.  

Foto: Fagner

Olha prá mim!


Creditar a densidade dramática do filme A Busca à interpretação sempre convincente de Wagner Moura (Théo) é um argumento simplista que não leva em conta toda estrutura psicológica da trama onde o seu pequeno núcleo formado por Mariana Lima (Branca) e pelo garoto Brás Antunes (Pedro) compõem um todo coeso e interligado. Filho de um pai ausente, Théo (Wagner Moura) também se torna para o seu filho Pedro (Brás Antunes) um pai distante e atormentado por crises conjugais a que o espectador é apresentado como chamado a interagir nesta história. É neste ambiente de um casamento prestes a ruir que Pedro, próximo de comemorar 15 anos, sai de casa para não voltar.

A partir daí o filme justifica o título pela busca desesperada do pai a tentar recolher pelo caminho vestígios de passagem de Pedro pelos mais inusitados lugares ao tempo que experimenta situações inimagináveis para um médico bem sucedido e para quem supõe ter as rédeas da vida. Não tem. E esta fragilidade física e emocional é mostrada como aprendizado em episódios como o transporte de seu carro em uma balsa para atravessar um rio, ou no seu encontro com um tratorista que ele descobre usando a camisa de Pedro e a sua perseguição a este trabalhador que foge pensando tratar-se de um fiscal da prefeitura. As situações têm um pouco de comicidade, mas são reveladoras de um busca interior do personagem Théo e de um sofrido aprendizado . São destas migalhas deixadas por Pedro ao longo do caminho que o pai alimenta a busca e reflete sobre a perda deste filho que se deu bem antes dele abandonar a casa para esta aventura que perpassa todo o filme.

É uma nova vertente para o cinema brasileiro, este drama psicológico e tenso onde o humano e suas dificuldades existenciais toma a cena e desenvolve um filme quase perfeito e que mantém o espectador preso aos seus desencontros e encontros. A destacar a bela canção Olha prá mim, que finaliza o filme, composta por Arnaldo Antunes e interpretada por ele e seu filho Brás Antunes que vem ser o garoto Pedro do filme. Vale ver A Busca

Foto: Wagner Moura

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Alfazema.


Perdi o hábito de acompanhar novelas por razões diversas daquelas que um dia me fizeram acompanhar, mas mantenho os ouvidos sempre atentos as suas trilhas sonoras que em geral embalam a nossa refeição noturna. Assim descobri na trilha da novela Sangue Bom a canção Alfazema, na voz de uma jovem interprete que descobrir ser Cristina Ribeiro, e sua poesia barroca, sua melodia envolvente, uma terna e doce quase canção de ninar.

O aroma melódico de Alfazema me levou a outra novela no início dos anos 70 onde a canção também fazia parte da trilha de um dos trabalhos do escritor e dramaturgo Dias Gomes, para televisão, que foi a novela O espigão. Ali a canção aparecia na interpretação de seu autor Carlos Walker, artisticamente Walker, e era a novidade musicalmente significativa daquela parada de sucessos montada pela Som Livre, gravadora da Rede Globo, que até hoje é responsável pelos discos relativos às trilhas sonoras de suas novelas.

Quanto ao Espigão, convém destacar um elenco encabeçado por Betty Farias, Carlos Eduardo Dolabela e Milton Moraes (já falecidos), Ari Fontoura, Suzana Vieira e a novidade da inclusão na trama de temas como a especulação imobiliária, a preservação de áreas verdes urbanas, personagem remanescente do movimento hippie enfim, tudo de modo crítico e bem humorado como eram os textos de Dias Gomes. As novelas brasileiras antes de serem fúteis e alienadas, foram um dia antenadas com o seu tempo e lugar, até quando os armários escancararam de vez as suas portas e soltaram os bichos, quer dizer Walcir Carrasco, Agnaldo Silva, Gilberto Braga, Miguel Falabella para incendiar o espaço.

Vídeo: Youtube (Alfazema - Carlos Walker)

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

São muitas emoções.


A cândida entrevista concedida pelo Rei à jornalista Renata Vasconcelos, ao Fantástico, acerca das autorizações ou não para a publicação das biografias, mostra que os artistas abrigados no instituto Procure Saber presidido por Dona Paula Lavigne estão longe de uma unanimidade de propósitos. Uma espécie de porta voz do Procure Saber, o cantor e compositor Caetano Veloso, em seus artigos e pronunciamentos espalhados pela imprensa, de quem diz enfrentar o seu poder, não demonstra qualquer flexibilidade daquela encontrada na entrevista do Rei. Segundo ele pode se encontrar um acordo, um meio termo que não ponha em risco a liberdade de expressão, tampouco exponha de forma condenável a privacidade e a intimidade do biografado. Contraditoriamente, esta compreensão ele não teve com o jornalista Paulo César de Araújo e o seu livro Roberto Carlos em detalhes, pois de modo autoritário conseguiu na justiça a apreensão dos livros já à venda nas livrarias e casas do ramo. Coisas do Rei e seus enigmas.

Mas nem tudo foi névoa ou dúvida, já que pela primeira vez, que eu saiba ou ouvisse, o Rei fala de modo claro e emotivo de seu acidente aos 06 anos de idade que lhe amputou parte de sua perna direita. Segundo ele, ninguém poderia escrever sobre sua vida melhor que ele próprio e falar de um assunto como aquele com a propriedade e conhecimento que só ele detém, sobre a dor, o sofrimento, os traumas e as marcas que o fato lhe trouxe. Indiscutível o argumento, mesmo que para uma pessoa pública e uma personalidade como ele, este e outros acontecimentos são parte de uma vida que deixa de pertencer a ele para fazer parte da história cultural do país. No entanto o Rei confessa que escreverá a sua própria biografia, com todos os detalhes significativos de sua carreira, nada escondendo ou escamoteando de seus súditos. Quem viver verá, ou não!

Foto: Roberto Carlos


Prá frente Vitória!


Que Libertadores que nada, pois um sonho distante, não impossível, mas por enquanto nos basta a alegria de um desempenho brilhante do nosso rubronegro nesta versão 2013 do Campeonato Brasileiro. Ainda nos falta, como a qualquer clube nordestino o poder e a força de influência nos corredores da CBF, mais precisamente em suas salas escuras, enfumaçadas e infernais onde a Comissão de Arbitragem parece decidir o destino dos clubes antes mesmo das partidas serem realizadas. Sem este podre poder de “melar” o resultado das partidas por antecipação ou durante os 90 minutos ou mais, nos resta e nos compete atuações emocionantes e que nos enche de orgulho como a vitória por 3 x 2 sobre o Fluminense, o campeão brasileiro de 2012, no Maracanã, diante de 25 mil torcedores.

Até algumas poucas rodadas atrás, não havia sido marcado um único pênalti a favor do Náutico, um clube pernambucano e o último colocado na competição e já rebaixado à Serie B do próximo ano. Quantas destas penalidades foram marcadas a favor do Flamengo ou Corinthians, neste mesmo campeonato, o mais inocente torcedor não hesitará em dizer, uma caçamba, uma carreta, uma balsa e não cometerá nenhum exagero, diante de tamanha e imensa coincidência com a generosidade do “apito amigo”.

Pensar em Libertadores, assim, é uma luta desigual e que desfigura qualquer trabalho, assim como a cara de Junior Cigano em sua última peleja. Ver o trabalho e a equipe do Vitória ser reconhecida por treinadores como Wanderley Luxemburgo, após a partida de ontem, mostra a competência do treinador Ney Franco, responsável direto pela recuperação de Marquinhos, cujo talento carecia não apenas de um bom técnico, mas de um pai, que ele enfim encontrou. Vai que é tua Marquinhos!

Foto: Marquinhos

domingo, 27 de outubro de 2013

Pensamento do Casseta & Planeta

PENSAMENTO DO DIA , QUER DIZER, DO BLOG

“Todo homem tem seu preço. E aproveitem que eu estou em promoção!”

Agamenon Mendes Pedreira


Fonte: Casseta

Andar, por andar, andei...


Em seu disco, Marítimo gravado em 1998, Adriana Calcanhoto incluiu uma canção de Caymmi, a eterna e bela Quem vem prá beira do mar. Nenhuma novidade na escolha já que o universo de Caymmi está sempre sendo visitado pelos mais variados interpretes com resultados, às vezes, surpreendente. 

A surpresa proporcionada por Adriana está no dueto com o mestre baiano, que não existiu, mas possível graças a recursos cada vez mais presente e disponível da tecnologia. Resultado também conseguido por Clara Nunes em um álbum seu, pós-morte, em que ela faz duetos com vários artistas a exemplo de Paulinho da Viola, Chico Buarque, Nana Caymmi, João Bosco, Ângela Maria etc.

No caso da Calcanhoto, o mestre Dorival ainda estava entre nós, mas por questão de agenda, saúde, outros compromissos não foi viabilizada a sua presença em estúdio para a gravação do dueto com a cantora e compositora gaúcha. Nem assim o encontro deixou de ser realizado e registrado como um dos momentos mais bonitos e emocionantes da carreira, em especial de Adriana. Tudo funcionou de modo perfeito que talvez não fosse obtido com a presença física de ambos na gravação. Por cima da base já gravada de um disco de Caymmi, a canção Quem vem prá beira do mar, teve adicionada a voz de Calcanhoto onde as frases, a respiração, o tempo musical tudo se encaixa com uma clareza e uma evidência de um dueto que levaria dias de ensaios para aquele resultado final. 

Não há nada de frieza tecnológica, da máquina substituindo o homem, ao contrário, a engenharia sonora a serviço do homem, da arte, da beleza, como também não há no disco da Clara a existência de algo que não se materializou em vida, mas agora conseguida em planos diferentes de existências.

Foto: Adriana Calcanhoto

sábado, 26 de outubro de 2013

"Meio intelectual, meio de esquerda"


Quando ainda trabalhava na Vasco da Gama, observava que os amigos responsáveis pela limpeza do prédio, deixavam sempre no lixo recolhido em cada sala, uma grande quantidade de jornais Folha de São Paulo, ainda sequer manuseados. Perguntei ao responsável pela portaria, em determinado dia, se poderia recolher alguns daqueles exemplares para minha leitura, em especial dos cadernos Cotidiano, Ilustrada e Esportes, já que o teor de parte das suas matérias não eram datadas e serviam para qualquer ocasião. Não só me foi franqueado o acesso aos exemplares da Folha, como o amigo Rogério se encarregou de separar os jornais para que eu recolhesse a cada final de semana, quinzena, por aí.

Saí da empresa, mas mantive o hábito e desfrute da gentileza com o amigo da portaria do prédio da Vasco da Gama no recolhimento dos jornais a cada vez que volto a Salvador. São quantidades que suprem a minha permanência e meu hábito de leitura na “cidade alegre”, até que retorne prá casa e para nova remessa de jornais que continuam me fazendo companhia. Mantenho com a Folha uma relação de amor e ao mesmo tempo de contestação a sua linha política neoliberal, cujos cadernos sempre descarto, mas de reverência e admiração com parte de seus colunistas e de suas matérias, mais especificamente no caderno Ilustrada, pois ali transito nas áreas de música, cinema, teatro, literatura, entretenimento etc.

O hábito com a leitura da Folha já me deu por antecipação o conhecimento de encontrar tais e quais colunistas a depender do dia da semana. Sei por exemplo que o Prof. Pasquele, onde aparo as inúmeras arestas do “meu português ruim”, está no Cotidiano às quintas feiras ou a polêmica e abusada Barbara Gancia bate ponto também no mesmo caderno às sextas feiras, assim como o Juca Kfouri e o Xico Sá no caderno de Esportes as segundas, quintas sábado e domingo. Mas, ressalto o prazer do contato com o texto ágil, alegre e preciso do cronista de maior destaque de sua geração que é o Antonio Prata, aos domingos no caderno Cotidiano. A leitura do novo colunista, para mim, foi a descoberta de quem sentia a falta de novos Ruy Castro, Carlos Heitor Cony, Ferreira Gullar, Rubem Braga e outras estrelas mais. Pois, o Prata tá na área. 

Foto: Antonio Prata

Outubro Rosa, nós apoiamos!


Foto: Campanha

Coragem, a serie B não é tão ruim assim!


Há uma choradeira, um temor, um medo assustador em cada clube e seus torcedores quanto ao rebaixamento para a Serie B do Campeonato Brasileiro, como se fosse o fim do túnel ou do mundo. 

Mas, a Serie B não é tão ruim assim, principalmente se vai e volta como a purgar pecados por erros e contratações cometidas. O mal é quando se acostuma e se passa 07 anos por lá, apanhando feito mulher de malandro e ninguém mais se lembra de que algum dia aquele clube estrelado foi de fato primeira divisão. Ainda que existam dúvidas quanto aos quilates de certas estrelas, se não eram mesmo pedaços de lata feito o “ex mai love” da cantora paraense. A segunda divisão, ou a Serie B, é um estágio, uma reciclagem que quase todos os clubes brasileiros já passaram, uns mais tempos que outros, quem sabe proporcionais a sua arrogância e a falta de humildade, virtude que não habita o coração do torcedor.

Esta madrugada, ouvindo “os trepidantes”, dentro da programação da Rádio Globo, apenas 06 clubes ainda não tiveram o desprazer ou mesmo o aprendizado de perambular pela Serie B: são eles, Flamengo, Internacional, São Paulo, Vasco da Gama, Cruzeiro e Santos, os demais já comeram o pão que o diabo amassou. Mas, pensando bem de um total de 20 participantes, 14 clubes, ou seja 70% da elite de cada ano do futebol brasileiro já passaram o rodo pelos salões da casa grande, enquanto buscavam sair da senzala. Uma luta!

É um consolo para uns e outros que tentam mais uma vez se livrar do rebaixamento ou mesmo abandonar o andor dos que nunca caíram, como o Vasco, que este ano é candidato a Serie B em qualquer prognóstico que se faça, em especial se estas previsões forem feitas por flamenguistas, que querem ver o clube cruzmaltino pelo retrovisor. 

Foto: Flamengo

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Pelo retrovisor!


O ex-governador de Pernambuco, o lendário Miguel Arraes, um monólito de integridade política, uma rocha ideológica desprovida de temor, onde estiver, deve estar se perguntando em que mãos foram parar o seu legado histórico e político. 

Lamentavelmente, Dr. Arraes, foi abocanhado por seu neto, Dudu, o pavão pernambucano, governador de seu estado e mais um traíra oportunista com quem a presidente Dilma Rousseff imaginou ter como aliado. E foi até o mês passado, cercado de ministérios e presidências de estatais até quando estes cargos e esta presença no governo da presidente eram de sua conveniência, até quando pode usufruir desta proximidade para montar o figurino com que se apresentaria como opção para esta mesma presidente. Parece brincadeira, mas é tão somente o hábito contumaz de trair e coçar deste aleijão que é a classe política brasileira.  

Pesquisa divulgada ontem pelo IBOPE em parceria com o Estadão, mostra que a presidente Dilma ganharia a eleição do próximo ano, ainda no primeiro turno, fosse qualquer dos candidatos que despontam como seus adversários em 2014. É cedo para qualquer prognóstico, mas os candidatos que dizem ser de “oposição” como Marina, Dudu e Aécio não passariam do primeiro turno, ou porque já foram identificados como traíras ou farinhas de um mesmo embornal ou pela falta de credibilidade que possa despertar no eleitorado. 

Por falar em credibilidade e em candidato, o senador Aécio Neves afirmou: nós precisamos reestatizar a Petrobras, entregar a Petrobras novamente aos brasileiros e aos seus interesses”, mesmo que não se saiba o que isto possa significar, a não ser uma de suas tantas declarações que espera se tornar manchete de jornais da grande imprensa, a sua base, sua trincheira, sua vitrine. 

Foto: Dudu, Aécio e Marina

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O Pré-sal e o jornalismo fóssil.


Charge: Vitor Teixeira

O ônus de ser o que se é.


À reboque dos clamores populares e de polêmicas envolvendo pessoas relevantes no âmbito das atividades artísticas e intelectuais da sociedade, a Câmara dos Deputados resolveu por em pauta de votação um projeto de 2011 que trata da publicação de biografias não autorizadas, afastando o fantasma da censura prévia que rondava iniciativas e manifestações recentes.

O assunto ganhou novo debate, desde a proibição pelo Rei de sua biografia não autorizada, escrita pelo jornalista Paulo César de Araújo, com a chegada do instituto Procure saber, presidido pela Senhora Paula Lavigne e que representa expressivas personalidades de nossa música popular. Estes artistas exigem o pagamento de direitos autorais pelo uso de imagem e fatos de suas vidas biografadas, além e principalmente de ter a chancela a autorização do biografado para a sua publicação. Um livro “chapa branca”, uma louvação, tendo como pano de fundo a preservação do principio da inviolabilidade da vida de qualquer pessoa, em que pese ir de encontro à livre manifestação do pensamento e a liberdade de expressão, assegurados pela Constituição. Cuidados compreensíveis para ambas as partes e que deverão ser satisfeitos no projeto que irá a votação.  

O projeto deverá ser aprovado em regime de urgência com a inclusão de uma alteração estabelecendo que o Judiciário se manifeste de modo rápido e célere em questões que envolvam calúnias e difamações, onde o biografado possa se sentir vítima de acusações infundadas, sem embasamento ou comprovação. Natural, mas sem censura!

Foto: Ilustrativa

Como uma cidade fantasma.

O feriado do Dia dos Comerciários, segunda feira, dia 21, deixou Salvador com um aspecto de cidade fantasma. As ruas desertas com um trânsito fluindo fora da normalidade de seu caos diário, mas em compensação as praias cheias, assim como os bares e os campos e quadras dos bairros populares. Deduzo que o Clube do SESC, em Piatã, em ocasiões como esta, ou no Dia do Trabalho, a sua piscina costuma adquirir, depois das 10 horas, uma coloração amarelada que nem o mais desértico calor poderia levar ao temeroso acesso as suas águas. Mas, muitos, a grande maioria já daltônica devia estar achando tudo azul como o mar, como o céu, como o remédio para frieiras, coceiras ou micoses.

Fiz meu ponto de observação da varanda do Caranguejo do Farol, na Barra onde a tranquilidade da rua contrastava com a praia que fervilhava debaixo de muito sol em frente ao azul do mar da Bahia

Foto: Varanda do Caranguejo do Farol

Modelando a areia da Barra.


Domingo, tempo nublado, ainda que sem as pancadas, diria porradas, de chuva do inicio da semana, caminhei em direção ao Porto da Barra, para a caminhada matinal se bem que ultimamente comprometida por um tal de “esporão” que me maltrata o calcanhar do pé esquerdo. Dor e dor, “nesses passos lentos, de agora, caminhando sempre comigo/já correram tanto na vida”.

Na Barra, mais uma vez, me detive no trecho da praia, quase em frente ao Hospital Espanhol, para apreciar o trabalho do escultor de areia. Ele não abandonou os seus temas constantes, a morena de bunda, coxas e panturrilhas avolumadas, estirada na areia ao lado do carro encalhado, literalmente, na areia. Porem, desta vez o espaço foi decorado com um sofá e uma mesa lateral, compondo a obra mais alguns adereços a exemplo de um telefone, um pequeno jarro com flores todos utilizados na composição cenográfica dos objetos que formavam o painel na areia da praia. Sem falar na almofada no sofá, na parte de baixo do biquíni da morena e da jante do carro atolado. O cara é um artista e merece ser observado além de ajudado com qualquer colaboração.

Foto: Escultor na areia da Barra

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Os ambulantes como cegos em tiroteio



São obras pequenas, de baixo custo, mas que devem melhor o aspecto favelado de alguns locais da cidade. Não é bem favela o seu aspecto, mas de um mercado, uma feira sem qualquer controle ou padrão. Ali, cada ambulante cobre o seu "mafuá" com o mais roto lençol de seu rol de cama e mesa, sobre uma estrutura que um dia foi de metal, e hoje é um amontoado de arame, pedaços de madeira e o que restou daquela armação de ferro. 

Um aspecto triste e desolador, mas que está com dias contados. A administração municipal resolveu intervir e organizar a bagunça que eram os espaços ocupados pelos ambulantes nos acessos à Estação da Lapa, Beco do Mucambinho, Maria Paz, Relógio de São Pedro, São Bento toda a era do Centro da cidade onde os comerciantes informais estavam instalados.

O preço que se paga por esta intervenção é visível na Praça da Piedade, ao longo da Avenida Sete, entrada do Largo Dois de Julho onde os ambulantes se espalharam em busca de um porto seguro para os seus negócios. Por enquanto é como trocar seis por meia dúzia, a bagunça apenas mudou de lugar, mas os próximos passos serão bons. É o que nos cidadãos e contribuintes do IPTU, entre outros impostos, esperamos!   

Foto: Ilustrativa

Quando não tinha nada, eu vim.

Teve inicio neste final de semana a 9ª Edição da Mostra SESC de Artes – Aldeia Pelourinho, até domingo próximo, dia 27, quando as ruas do Centro Histórico de Salvador e o Teatro SESC Pelourinho serão tomados por espetáculos de dança, música, teatro, artes plásticas e oficinas de capacitação. Estive na abertura da Mostra quando assisti na Arena do Teatro SESC SENAC Pelourinho ao show do artista paraibano, Chico César de quem conheço boa parte do repertório, desde o seu sucesso nacional com A primeira vista (“quando não tinha nada/eu vim/quando tudo era ausência/esperei”) na interpretação de Daniela Mercury, mas ainda não tinha visto uma apresentação sua.

A Arena do Teatro SESC SENAC Pelourinho não é um espaço muito grande para uma plateia acomodada em seus degraus em volta do palco, mas que foi tomada em toda a sua área por uma frequência que deve ter surpreendido os organizadores do evento, mostrando o quanto o artista tem um público cativo e fiel as suas apresentações. O desconforto foi o de menos para quem assistiu ao show Aos vivos, onde Chico César refaz a gravação de seu primeiro disco lançado em 1995 e transformado em DVD e também CD, em 2011, desfia uma sequência dos mais significativos momentos de sua carreira. A sua voz cortante e afinada vai costurando belos versos feito o aboio Béradêro, seguido por Mama África, Dança, Templo, Mulher, eu sei e outras que sua poesia afiada e nordestina nos coloca em contato com a originalidade de um grande artista.

No show do Pelourinho, além da companhia de seu violão e da guitarra, teve o auxilio de uma jovem artista baiana, cantora, compositora e acordeonista Lívia Matos, que também o acompanha nesta nova temporada de Aos vivos, uma celebração de 16 anos de sua gravação. Os breves dias que passei em Salvador não foram suficientes para acompanhar a Mostra SESC como gostaria, já que bons espetáculos estão reservados para este próximo final de semana, a exemplo da apresentação de Lirinha, vocalista, compositor e declamador da excelente e extinta banda pernambucana Cordel do Fogo Encantado.

Foto: Chico César